O grande público teve o primeiro contato com Keith Haring através dos metrôs da cidade de Nova Iorque; simulando espaços de publicidade, o artista ocupava as paredes subterrâneas da metrópole com grafite. A ideia de apoderar-se do espaço público como meio de divulgação democrático da arte veio dos dois anos em que cursou Arte e Propaganda em uma universidade de prestígio nos Estados Unidos.
Keith foi pioneiro na abordagem de tópicos sociais destinados tanto à elite quanto às massas, sempre buscando maneiras de fazer arte acessível a todos os públicos – sua verdadeira tela era a rua. Filho mais velho de uma família religiosa, Keith Haring veio a quebrar diversos tabus dentro de seu lar e na sociedade americana dos anos 80. Ativista, grafiteiro e gay, Haring fez parte da famosa cena da arte de rua de seu tempo, ao lado de grandes artistas e amigos como Jean-Michel Basquiat.
Seu trabalho, altamente pop – tanto no sentido estético quanto literal – trouxe importantes temas à vista da opinião pública. O mural Crack is Wack, de 1986, pintado diretamente na parede de uma quadra de handebol de um parquinho em Nova Iorque, alertava, por exemplo, a juventude sobre os perigos do uso de crack, que começava a chegar a níveis alarmantes na cidade.
Com um conjunto da obra acessível a diferentes idades e classes econômicas, a ascensão de Keith Haring foi meteórica. Também inserido em uma cultura cada vez mais ligada a estrelismos – tanto que suas amizades concentravam-se em celebridades como Madonna e Andy Warhol –, a capacidade de alcance de seu trabalho foi enorme.
Da Austrália ao Rio de Janeiro até um mural representando uma Berlim unificada pós muro, Haring transformou sua arte em um caso de branding perfeito. Contribuiu ativamente à identidade visual da Nova Iorque dos anos 80, trazendo frescor e juventude às belas artes e alinhando o pensamento das pessoas comuns aos grandes críticos.
Seu trabalho, altamente pop – tanto no sentido estético quanto literal – trouxe importantes temas à vista da opinião pública.
Mesmo quando abordava temas mais pesados, como os estigmas ligados à AIDS ou o próprio mural Crack is Wack, seus arquétipos e estilo icônicos ainda se mantinham acessíveis. Seus últimos anos de vida ficaram conhecidos por uma concentração de produções relacionadas ao combate e à prevenção do vírus HIV, que mais tarde viria a matá-lo.
Apesar do falecimento precoce aos 31 anos de idade, Keith Haring deixou para trás não apenas um legado marcado pelo ativismo social e a democratização da arte, como também uma instituição filantrópica atuante até hoje. A Keith Haring Foundation auxilia financeiramente crianças carentes e dá suporte a infectados pelo vírus HIV, além de fazer um excelente trabalho de preservar a memória do artista. Para um conhecimento mais vasto de seu trabalho, é possível acessar o site da fundação e encontrar, categorizadas ano por ano, fotos de todas as suas obras. De encher os olhos.
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