A busca incessante para dar uma notícia em primeira mão faz parte da rotina dos profissionais de todos os meios de comunicação. O furo jornalístico, como é conhecido, está associado à exclusividade, levando, portanto, a um lugar de destaque a empresa de comunicação que consegue essa façanha.
No telejornalismo não é diferente. Os setores de jornalismo das emissoras de televisão estão a todo momento procurando por novos fatos que possuam valores-notícia para serem noticiados aos telespectadores. Quando acontece algo de grande relevância, as programações normais dos canais são interrompidas para que entre no ar a notícia, visando a exclusividade da informação, pelo menos em seus primeiros momentos. O mais conhecido é o Plantão da Globo, identificado imediatamente pelos telespectadores por sua marcante chamada.
A internet soou como uma ameaça aos furos telejornalísticos por divulgar com mais rapidez os fatos, ainda que, em alguns casos, não haja uma apuração eficaz. Mas, ainda assim, o ineditismo das informações é fator de status e de disputa entre as emissoras.
O jornalismo da Rede Globo é referência entre os canais abertos brasileiros, tendo o Jornal Nacional como seu carro-chefe e principal telejornal brasileiro – o primeiro a atuar em rede nacional, em 1969. Junto a isso, as grandes produções nas reportagens exibidas em vários programas do canal e a rapidez em noticiar os fatos com o Plantão da Globo contribuíram para a construção do “Padrão Globo de Qualidade”.
Nos últimos anos, a Record tem alavancado sua audiência ao investir em seu jornalismo e em suas novelas, disputando o segundo lugar na audiência com o SBT. Chegamos, portanto, ao objeto da coluna de hoje: o Sistema Brasileiro de Televisão. Mais especificamente, o jornalismo que este vem desenvolvendo nas madrugadas com o SBT Notícias, que tem protagonizado alguns furos jornalísticos.
Apesar de muitas críticas envolvendo o jornalismo do canal devido aos comentários polêmicos da jornalista Rachel Sheherazade, à apresentação de telejornais pelo jovem Dudu Camargo, à recente demissão de importantes jornalistas, como Joseval Peixoto, Joyce Ribeiro e Hermano Henning, à extinção de jornais, entre outras grandes instabilidades em sua programação, há de se considerar o avanço – ainda que com recorrentes oscilações – no telejornalismo da emissora desde as contratações, em 2005, de Ana Paula Padrão (hoje apresentadora do Masterchef Brasil, na Rede Bandeirantes) e, em 2006, de Carlos Nascimento (atual âncora do jornal SBT Brasil, ao lado de Sheherazade). Um dos destaques da grade de programação que possui boa audiência é o jornalismo investigativo do Conexão Repórter, no ar desde 2010, que se propõe, segundo o site do programa, a buscar pela verdade por meio de grandes reportagens.
Em setembro de 2016, estreou, nas madrugadas do canal, o SBT Notícias. Ocupando o horário que era destinado à reprise do extinto Jornal do SBT, o telejornal tem duração até o início da manhã, sendo apresentado ao vivo, de segunda a segunda, pelos âncoras João Fernandes, Karyn Bravo, Analice Nicolau e Cassius Zeilmann; e também, em plantões alternados, pelos jornalistas Darlisson Dutra e Lívia Raick. O horário em que é exibido tem proporcionado grandes furos jornalísticos pela emissora.
Além de ter sido o primeiro a dar a notícia entre os canais abertos e fechados, superando, inclusive, os canais de notícias 24 horas, o SBT Notícias fez a transmissão, com o repórter Marcelo Bittencourt (in loco), por vários minutos sozinho, até que canais do Grupo Globo (TV Globo e Globo News) anunciassem o fato.
Na última terça-feira (01), o incêndio ocorrido no Edifício Wilton Paes de Almeida, antigo prédio da Polícia Federal em São Paulo, foi transmitido ao vivo pelo telejornal. Além de ter sido o primeiro a dar a notícia entre os canais abertos e fechados, superando, inclusive, os canais de notícias 24 horas, o SBT Notícias fez a transmissão, com o repórter Marcelo Bittencourt (in loco), por vários minutos sozinho, até que canais do Grupo Globo (TV Globo e Globo News) anunciassem o fato.
E esse não foi o único furo. Em 26 de novembro de 2016, a morte de Fidel Castro foi anunciada pelo telejornal antes dos canais tidos como os mais ágeis: Rede Globo, BandNews e Globo News. Dois dias depois, a notícia sobre o acidente com o voo da Chapecoense foi dada em primeira mão, entre todos os canais abertos, pelo SBT.
O objetivo neste texto não é qualificar o jornalismo feito pelo canal, tampouco compará-lo ao de outras emissoras. Mas é interessante perceber que o SBT, apesar do baixo investimento no setor, tem alcançado furos jornalísticos, que são almejados por todos os profissionais e meios de comunicação. Jornalistas, jornais, canais, portais… É o desejo de todos ser o primeiro.
Entre acertos e erros, o jornalismo do SBT ganha pontos na audiência entre os concorrentes ao desbancá-los com furos em sua cobertura na madrugada. Enquanto a Globo exibe filmes e a Record, a RedeTV e a Band apresentam programas religiosos, o SBT monopoliza o jornalismo da televisão aberta até o raiar do dia.