Estreia mais aguardada da semana, Evereste, longa-metragem dirigido por Baltasar Kormákur, diretor de Contrabando, volta 19 anos no tempo para contar a história do boom de empresas e aventureiros que tomaram conta do monte na década de 1990, a partir da história de Rob Hall (Jason Clarke, de O Grande Gatsby), líder da Adventure Consultants, uma empresa especializada em escaladas, que parte para escalar o monte Evereste, no Nepal, levando consigo oito clientes.
A história começa com Hall se despedindo de sua esposa Jan (interpretada por Keira Knightley) no aeroporto da Nova Zelândia, prometendo a ela que estaria de volta para o nascimento de seu filho. Ao chegar ao acampamento base, une forças com Scott Fischer (Jake Gyllenhaal em atuação apagada), líder da Mountain Madness, uma companhia concorrente, para que utilizem o mesmo caminho e compartilhem equipamentos. Com tempestades enormes rondando o monte, Rob procura persuadir outros grupos a se unirem para que a subida seja menos perigosa. Entretanto, não obtém sucesso nesta empreitada.
Entre seus clientes está Beck Weathers (interpretado por Josh Brolin), um patologista que usa as escaladas como uma fuga dos problemas de sua vida pessoal; Doug Hansen (John Hawkes), um carteiro que juntou todas suas economias para escalar o monte, pois acredita que chegar até o topo é uma demonstração de que um “homem comum” pode tudo na vida; Yasuko Namba (Naoko Mori), uma japonesa que almejava atingir o ponto mais alto do Evereste para ser a primeira mulheres da história a escalar todos os pontos mais altos da terra.
Além deles, destaca-se entre os clientes da Adventure Consultants, Jon Krakauer, jornalista (autor do livro Into the Wild: Na Natureza Selvagem, que deu origem ao filme dirigido por Sean Penn) responsável por escrever uma matéria sobre as escaladas no Evereste.
Em alguns momentos, o longa-metragem parece um documentário da BBC.
Com a virada do tempo, muitos alpinistas vão ficando pelo caminho, seja pela desistência dos próprios ou pela imposição dos líderes das equipes de escalada, que colocam limites físicos (além dos meteorológicos) como fatores para que o serviço seja interrompido.
Evereste nos apresenta o que tem de melhor no início do filme: inúmeras tomadas lindíssimas do Nepal e do próprio monte. Em alguns momentos, o longa-metragem parece um documentário da BBC ou mesmo uma reportagem da National Geographic, tamanha riqueza dos enquadramentos, da fotografia e direção de arte.
Após isso, o roteiro desenvolvido por Simon Beaufoy (responsável por Quem Quer Ser um Milionário?) e William Nicholson (de Gladiador) passa a patinar no melodrama. É fato que, em boa parte de Evereste, a dupla procurou evitar que isto ocorresse, contudo, ao fazê-lo, criaram uma trama que infelizmente não atinge um ápice dramático, tornando-se incapaz de transmitir emoção.
Não bastasse o prejuizo causado a história – que poderia ser muito mais do que é -, o roteiro não dá elementos para que o excelente elenco que Kormákur tinha em mãos – além dos já citados, participam de Evereste Robin Wright, Emily Watson e Sam Worthington – possa aparecer, criando personagens que simplesmente não acrescentam nada a trama além de uma rápida aparição de luxo. Um filme mediano com um excelente trabalho técnico, mas a experiência poderia ser muito melhor.
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