O longa-metragem Homem-Formiga (2015) é um filme menor do universo expandido da Marvel. Não digo isso no sentido de qualidade, mas de ambição. Depois de apresentar uma dezena de personagens, sem desenvolver qualquer um deles com atenção em Vingadores: Era de Ultron (2015) (leia mais aqui), o estúdio voltou à fórmula básica que rendeu o sucesso de Homem de Ferro (2008).
As grandiosas cenas de ação, geralmente protagonizadas por diversos heróis, são deixadas de lado em prol de uma trama bem mais modesta. Paul Rudd interpreta Scott Lang, um homem sai da cadeia a procura de emprego, após ser condenado por roubar a empresa da qual foi demitido e distribuir a arrecadação com a população local.
Sem dinheiro para pagar a pensão da filha ou condições para ser contratado, apesar do mestrado em engenharia elétrica, ele decide participar de um assalto ao cofre de uma velha casa, onde encontra uma uniforme que o permite encolher. A ação é orquestrada pelo gênio milionário Hank Pym (Michael Douglas), que planeja usar Lang para impedir que um ex-pupilo (Corey Stoll) venda o traje tecnológico para grupos terroristas.
Além de o argumento ser mais enxuto, restringindo as explicações ao nível da ficção científica sóbria, a escala dramática de Homem-Formiga também é menor. O diretor Peyton Reed (Sim, Senhor) parece mais interessado nos conflitos morais e familiares dos personagens do que o existencialismo de personagens como Hulk e Thor.
O projeto de Homem-Formiga foi inicialmente concebido por Edgar Wright, que deixou o filme no início do ano passado. Supostamente, muito do que o diretor britânico planejou para o projeto continua lá, apesar das mudanças de Peyton Reed.
Reed assumiu o comando do filme às pressas no início do ano passado após uma série de desentendimentos criativos entre a Marvel e o idealizador do projeto Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto). No resultado, fica difícil saber o que ainda resta do projeto inicial, que dizem não ter sido muito afetada. Há momentos que parecem gratuitos, como o prólogo na S.H.I.E.L.D., a aparição de Falcão (Anthony Mackie) e uma das cenas pós-créditos.
Curiosamente, também são os trechos em que mais se evidenciam as conexões com o universo cinemático do estúdio, que, pelo que dizem nos bastidores, podem ter sido a razão pela qual o diretor britânico teria deixado a direção da obra.
Como Reed e Rudd são mais conhecidos por comédias, o humor acaba sendo uma das características mais marcantes de Homem-Formiga. Mesmo quando o personagem de Stoll está descontrolado pela raiva como Jaqueta Amarela, lá pelos últimos 15 minutos do filme, a dupla arruma espaço para fazer piadas com a escala diminuta dos personagens.
Tanto Lang quanto Pym não são exatamente famosos por suas histórias isoladas nos quadrinhos. Por isso, as gags não comprometem o ritmo e funcionam bem. Se o público não está familiarizado com os heróis, a expectativa não estraga o resultado. Visto os elogios de Guardiões da Galáxia (2014), adaptação de um núcleo obscuro da Marvel que se tornou um absurdo sucesso de bilheteria no ano passado.
Apesar de não ter um título permanente e exclusivo nas bancas, Homem-Formiga é conhecido dos leitores como um membro ativo da equipe dos Vingadores. O destino do personagem parece ser o mesmo nos cinemas. Rudd está confirmado para Capitão América: Guerra Civil, que estreia em 2016. Mas com dezenas de personagens da tela, a escala diminuta do herói deve ser redefinida para as grandes batalhas de isopor da franquia (descrição feita pelo amigo Wellington Sari, que roubei para este texto por achar perfeita para descrever a ação nas produções da franquia).
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.