O projeto de Psicose, clássico que em 2015 está completando 55 anos com o lançamento de uma edição comemorativa em DVD, surgiu no horizonte do diretor britânico Alfred Hitchcock quando ele já tinha chegado à sexta década de vida e acabado de finalizar Intriga Internacional (1959), que também se tornaria um dos maiores êxitos comerciais de sua carreira. À época, ele buscava uma boa história para filmar.
Foi quando caiu-lhe nas mãos o romance homônimo de Robert Bloch, uma obra de pulp fiction que muitos consideravam de extremo mau gosto, por conta da violência excessiva, e das insinuações sexuais que a permeavam, algo considerado vulgar demais para um criador da estatura do diretor, que já tinha no currículo um Oscar de melhor filme: Rebecca, a Mulher Inesquecível (1940), pelo qual não recebeu, entretanto, a estatueta de melhor direção, dada a John Ford, por Vinhas da Ira. Hitchcock apenas seria homenageado pela Academia em 1968, com o prêmio honorário Irving Thalberg, concedido pelo conjunto de sua obra.
Muitos não sabem que Janet Leigh e Anthony Perkins estiveram na capital paranaense em 1964 para uma exibição especial de Psicose no extinto Cine Vitória.
Hitchcock, apesar da qualidade duvidosa do livro – vale lembrar que hoje Bloch é um autor cult –, se apaixonou pela história. A obra contava, de forma ficcional, os crimes verdadeiros praticados em 1957 pelo serial killer Ed Gein. Norman Bates, o personagem criado por Bloch, e interpretado em Psicose por Anthony Perkins, é inspirado em Gein, assassino que guardava souvenires de suas vítimas – geralmente mulheres – na própria casa.
Por conta do preconceito em torno do romance, a Paramount, ao ficar sabendo do interesse de Hitchcock pela história, não quis produzi-lo. O diretor foi obrigado a financiá-lo com seu próprio dinheiro, numa jogada muito arriscada: se Psicose não obtivesse êxito comercial, o diretor perderia boa parte de sua fortuna. Coube ao estúdio apenas distribuir a fita, que mudou a história do cinema de terror hollywoodiano, iniciando o que para muitos é um novo ciclo.
Até então, o horror se ocupava muito mais de tramas que, direta ou indiretamente, descendiam dos clássicos do romantismo gótico do século 19, como Frankenstein (1818), da inglesa Mary Shelley, e Drácula (1897), do irlandês Bram Stoker. O filme de Hitchcock deslocou a ambientação de cenários de época europeus para os Estados Unidos do fim da década de 1950. E, em vez de monstros sobrenaturais, Norman Bates pertencia a este mundo, gerado por uma família disfuncional norte-americana.
Uma das muitas inovações do longa foi o fato de Hitchcock assassinar sua protagonista, Marion Crane (Janet Leigh) na primeira metade da trama, causando enorme espanto entre os primeiros espectadores que assistiram ao filme – ao termino das sessões, pedia-se ao público que não revelasse o desfecho do longa.
Uma curiosidade: muitos não sabem que Janet Leigh e Anthony Perkins estiveram na capital paranaense em 1964 para uma exibição especial de Psicose no extinto Cine Vitória, atual Centro de Convenções de Curitiba, na Rua Barão do Rio Branco, no Centro da Cidade.
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