Estreou hoje nos cinemas brasileiros Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos, longa-metragem baseado na série de jogos e livros da Blizzard Entertainment. Para quem está familiarizado com o universo Warcraft, a adaptação não deverá decepcionar, até pela grande expectativa gerada pelos 10 anos que separam a primeira fala da fabricante sobre a intenção de levar a franquia às telas de cinema. Contudo, enquanto obra cinematográfica, é apenas mais uma tentativa de ganhar trocados em Hollywood com as franquias de videogames.
Escalado para dirigir o filme, Duncan Jones (de Lunar) também assina o roteiro do longa, que conta a história da origem da guerra entre humanos e orcs, acompanhando a trama do primeiro jogo, lançado em 1994. Fugindo de sua desolada terra, os orcs invadem Azeroth, um planeta onde humanos, anões e outras raças vivem em paz. Os orcs chegam à nova Terra com a clara intenção de destruí-los para tomar o local para si, iniciando uma batalha épica.
O orc Durotan é um líder justo e reverenciado (Toby Kebbell, de Planeta dos Macacos: O Confronto), que questiona a forma como seu clã é comandado por Blackhand (Clancy Brown, de Highlander) e Gul’dan (Daniel Wu, de Viagem à Lua de Júpiter), acreditando que é possível a convivência sem o derramamento de sangue. Do lado humano, Lothar (Travis Fimmel, da série Vikins) é um cavaleiro dedicado a servir seu rei e rainha, Llane Wrynn (Dominic Cooper) e Lady Taria (Ruth Negga), que carrega algumas cicatrizes no corpo e na alma.
As cenas das batalhas, talvez a grande expectativa dos fãs, são uma polêmica à parte. Misturando elementos mais antigos e tecnologia de ponta, a sensação na tela é de um certo estranhamento.
Uma coisa chama a atenção positivamente em Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos. Apesar de não contar com muitas personagens femininas, as que estão em cena são realmente contribuições certeiras à obra, especialmente a meio-orc meio-humana Garona, interpretada por Paula Patton (de Missão: Impossível – Protocola Fantasma), que tem um papel fundamental nas negociações entre Durotan e Lothar. Garona é sobrevivente de uma prisão onde sofreu abusos em virtude da intolerância com a miscigenação, e os resquícios deste sofrimento estão presentes em suas atitudes, tornando-a uma personagem dura, complexa.
As cenas das batalhas, talvez a grande expectativa dos fãs, são uma polêmica à parte. Misturando elementos mais antigos e tecnologia de ponta, a sensação na tela é de um certo estranhamento. A crítica internacional chegou a dizer que lembrava as propagandas que encontramos nos jogos para smatphones. Talvez seja exagerado fazer tal afirmação, mas a verdade é que se tratando de uma adaptação de um game, poderiam ter feito mais.
Outro aspecto negativo é que a transposição dos games para a telona fica um pouco comprometida quando a trama acaba sendo muito atropelada. Se você não tiver o mínimo contexto do jogo, certamente ficará um pouco perdido com a rapidez do andar da carruagem. Imaginando sob o viés de uma franquia que pretende se estender em outros capítulos, é um ponto que precisará ser corrigido, ou corre o risco de virar uma obra com um campo limitado de espectadores, mesmo que esse “limitado” não seja tão limitado assim.
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