Darel Valença Lins é um artista plástico renomado, que descobre na video-arte uma companheira inseparável. O documentário Mais do que eu possa me reconhecer (Allan Ribeiro; 2015), passeia na solidão de oitocentos metros quadrados de sua casa, um senhor que na falta de carisma não cativa a tela do cinema.
Exibido no 4º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, parte da mostra Outros Olhares, com uma pequena plateia, que dava a sensação de solidão na sala escura, Mais do que eu possa me reconhecer, beira o fantasmagórico, representado pela trilha sonora, a mão embaixo da escada e as imagens de fotografias.
As fotografias são recorrentes nos filmes que assisti durante o Festival Internacional de Curitiba, João Bénard da Costa – Outros amarão as coisas que eu amei, Cloudy Times, Snakeskin, entre outros, valorizam a memória presente na imagem fotográfica, memórias que assombram o futuro.
Mais do que eu possa me reconhecer, beira o fantasmagórico, representado pela trilha sonora, a mão embaixo da escada e as imagens de fotografias.
A vida de Darel Valença Lins é repleta de imagens, fantasmas da vida que não é mais. A arte de reviver experiências produzidas pelo poder imagético da memória, cria um tom nostálgico que remete a fotografia, a edição de imagens e as lembranças da casa um dia habitada pelos filhos.
Allan Ribeiro, diretor do premiado Esse amor que nos consome, em seu segundo longa peca pela falta de carisma de seu documentário. O artista plástico diz ao diretor que gosta de gravar vídeos sem voz, para finalizá-los com canções.
O diretor valoriza a fala do personagem, desconexões entre os dois realizadores que também não se conectam a um cinema que deveria estimular o mergulho na tela, se o espelho já não basta para Darel, a projeção de Mais do que eu possa me reconhecer também não basta, Valença Lins e Ribeiro participam do filme, o espectador não consegue invadir a tela (eu não consegui).
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