Um filme que trabalha com metáforas e metonímias, partindo da vida do idoso camponês, Rafael, para tratar da política do México, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que manteve o poder do país entre os anos 1929 até 2000. Maldade (Joshua Gil Delgado; 2015) é uma obra que divide opiniões. Após a sessão do 4º Olhar de Cinema, deixei a sala confusa e me deparei com espectadores que amaram ou odiaram. Maldade é assim, ao extremo.
O conflito entre o filme e o espectador é estabelecido pelo excesso de metáforas que tornam o longa difícil de ser digerido no ritmo do olhar. Somente após pensar muito sobre o filme, sobre o México e a respeito da política é que consegui dialogar com as imagens, perceber quais eram as metonímias e compreender Maldade, de Joshua Gil Delgado.
O conflito entre o filme e o espectador é estabelecido pelo excesso de metáforas que tornam Maldade difícil de ser digerido no ritmo do olhar.
Rafael é um compositor que quer gravar um filme, roteirizado por 12 músicas de sua autoria. Ele faz uma viagem para pedir financiamento para a sua produção cinematográfica, apresenta sua proposta e sem resposta é retirado pelo segurança, em uma cena cruel, que impulsiona o idoso camponês para o meio da multidão que protesta contra o partido opressor. O idoso quer contar sua vida em um filme, mas o sujeito que vive em uma sociedade opressora não pode criar sua história.
Um longa em que o espectador precisa conhecer o que a história não diz, às vezes limita-se, não é para todos, talvez se iguale aos regimes opressores, pois nem todos podem acessar as significações da imagem. Pelo excesso de conhecimento prévio que o filme exige do espectador, ele pode ser a grande tela preta em que se transforma nos últimos minutos.
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