As necessidades do sujeito em trânsito são evidenciadas tanto nos deslocamentos físicos em busca de melhorias econômicas e afetivas, quanto nos deslocamentos simbólicos vividos pelos meios globalizantes, provocando mudanças externas e internas no modo de interagir com os outros e com si mesmo.
A arte em movimento representa o movimento migratório, acompanhando as transformações sociais que ocorrem nas saídas e retornos, transpondo para a tela do cinema deslocamentos e afetos daquele que transita, se acomoda ou não em novos locais, em busca de utopias e realidades, realizações e agruras. Presente na história do cinema, a temática migratória encontra-se fortalecida no 5º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, que entre a extensa programação dá espaço às narrativas migratórias, que nas imagens em movimento questionam as movimentações de suas personagens e imagens constituídas de paisagens e espaços do habitar.
A arte em movimento representa o movimento migratório, acompanhando as transformações sociais que ocorrem nas saídas e retornos, transpondo para a tela do cinema deslocamentos e afetos daquele que transita.
Entre Cercas é um filme francês em que Avi Mograbi e Chen Alon se encontram com africanos que estão em busca de asilo em um centro de detenção no meio do deserto de Negev. Questionam-se o status dos refugiados em Israel pelo uso de técnicas do “Teatro do Oprimido”: O que leva homens e mulheres a largarem tudo para irem em direção do desconhecido? Por que Israel, a terra dos refugiados, se recusa a considerar a situação dos exilados, arremessados nas estradas da guerra, genocídio e perseguição?
No curta-metragem Mudei seu nome e segui falando dela sem que você soubesse, João Solda dirige a narrativa de Camilo, que como muitos imigrantes cubanos resolveu tocar sua vida longe da Ilha. Duas décadas depois de morar em Paris, Camilo decide realizar o retorno migratório.
Em Um Outro Ano. Shengze Zhu, ao longo de 14 meses, filma 13 jantares da família de um trabalhador migrante. As refeições se desdobram em tempo real, através de 13 sequências estáticas e longas, retratando uma série de ocorrências aleatórias mediadas pelo o boom econômico da China e a urbanização maciça.
Ta’ang acompanha uma minoria étnica da Birmânia; apanhados entre uma guerra civil e a fronteira chinesa, refugiados, forçados a deixarem seus lares, esperam o fim dos conflitos que coagiram milhares de crianças, mulheres e idosos.
O filme Geografia traça os caminhos de Nazareth e Lousaper, que ainda crianças vivenciaram o genocídio armênio, praticado em 1915. O filme acompanha a história dos exilados a partir da aldeia de Burunkişla até Beirute, passando por Cairo, Karantina e um orfanato em Saída, até o encontro de ambos.
Filme argentino de 2014, A Princesa da França integra a Mostra Foco junto de outros filmes realizados pelo diretor Matías Piñeiro. A história retrata o retorno de Victor a Buenos Aires; após um ano da morte de seu pai, ele volta com um trabalho para sua antiga companhia de teatro: realizar uma série latino-americana de peças radiofónicas ao gravar um piloto do último trabalho que realizaram juntos, Trabalhos de Amor Conquistado, de William Shakespeare, no qual ele desempenhou o papel de A Princesa da França.
Em suma, cinema e migrações levantam questões a respeito de experiências transpostas em histórias de personagens que buscam formas de sociabilidades em espaços físicos e afetivos, organizando maneiras de deslocamentos e apropriações de espaços sociais. Organize-se, confira os locais e horários, desloque-se às salas de exibições e bom festival.
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