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Home Literatura Contracapa

Pynchon & eu

A partir da não-leitura de 'O Arco-íris da gravidade', de Thomas Pynchon, colunista narra o ato de não terminar (ou não ler) livros/autores considerados obras-primas.

Jonatan Silva por Jonatan Silva
2 de julho de 2021
em Contracapa
A A
foto preto e branco do autor Thomas Pynchon

Thimas Pynchon, em 1955, em uma das raras fotos "oficiais" do autor. Imagem: Reprodução.

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No exato momento em que a quarentena foi decretada, pensávamos que poderíamos colocar em dia muitas promessas de ano novo, sobretudo aquelas que envolviam livros ou não mencionavam ajuntamentos. Em alguma medida, houve um prazer egoísta em poder abdicar – sem culpa – dos compromissos sociais.

O home office tomaria conta das rotinas e as ações mais banais seriam feitas à distância. Passadas as 500 mil mortes, esse pensamento foi mesquinho e infantil. O “umbiguismo sem sentido” e que fala David Foster Wallace ao defender a vida das lagostas.

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Dos meus votos de ano novo que chegaram atrasados – ou adiantados, dependendo da perspectiva – foi ler O arco-íris da gravidade, a magnus opus de Thomas Pynchon. A primeira vez em que vi qualquer coisa sobre o ermitão da literatura norte-americana foi no videoclipe de “Há tempos”, da banda Legião Urbana. Em um determinando momento, a câmera passeia pelas estantes de Renato Russo e lá está: The gravity’s rainbow.

Sempre me perguntava sobre o que deveria tratar um livro como aquele. A mitologia em torno de Pynchon não havia chegado até mim ainda. Anotei a referência para leituras futuras, do mesmo modo como fiz com 1984, A montanha mágica e Teorema – e houve mesmo uma época em que li e vi tudo do Pasolini. Havia lido alguns trechos no original em uma livraria por diversas vezes. Achei que não daria conta, sobretudo, pelos termos técnicos armamentistas. O jeito seria recorrer à tradução de Paulo Henriques Britto. Passaram vinte anos para que Pynchon caísse nas minhas mãos.

A primeira sensação de ter o calhamaço no colo é o de pertencer a uma ordem especial, dispor de um conhecimento secreto. É uma experiência semelhante ao Ulysses, de Joyce, ou O jogo da amarelinha, de Cortázar – livro a que volto regularmente –, ou Grande sertão: veredas, do Guimarães Rosa. A impressão é a mesma e os exemplos podem ser inúmeros. Esses são romances que, invariavelmente, quem não leu diz já ter lido. É possível que até os tenha na estante. São lombadas que aumentam o valor literário de qualquer biblioteca.

As páginas iniciais são mesmo um rito de passagem, como se o leitor já não fosse mais um leitor, mas um iniciado. Depois de 50 páginas, a estupefação deu lugar a um cansaço, ao despertencimento daquela literatura. Na primeira tentativa, cheguei até à página 163. Na segunda, com um pouco mais de convicção – um eufemismo que combina teimosia e senso de dever – me aproximei da 200.

Enquanto um governo mal-intencionado está envolvido em um caso de corrupção na compra de vacinas, Pynchon ainda é distante para mim.

Existe algo na maneira como Pynchon constrói suas frases que me afasta, que me distância. Em geral, elipses não me são uma questão, entretanto, em O arco-íris da gravidade me soaram sempre como um elemento de dispersão.

Ainda que entenda bem a prosa hiperbólica de uma obra que se passe nas trincheiras, não consegui me encaixar ali. Existe pecado na clareira aberta por uma leitura não concluída? Não, acho que não.

Pynchon, como Salinger, quem sabe seja menos escritor que recluso. A sua condição de eremita o precede. A obra vem em segundo plano. Aí, claro, não é uma questão de qualidade – o que nem posso afirmar com precisão –, mas o mito salta aos olhos antes que as palavras.

Bolaño, o chileno selvagem, também passa por isso, mas, para mim, o autor de 2666, foi um deleite desde a primeira vez que o li, sentado numa das poltronas da finada Livraria Cultura, em que peguei uma cópia de Chamadas telefônicas e, depois de destroçar todos os contos, comprei o livro por culpa.

A quarentena, que está longe de acabar, se transformou em um momento em que todas as verdades são flutuantes. Enquanto um governo mal-intencionado está envolvido em um caso de corrupção na compra de vacinas, Pynchon ainda é distante para mim. Não sinto problemas com isso.

É interessante, diante de tantas leituras que fiz, confessar um que não pude fazer. Espero que essa impossibilidade, tão rara quanto estarmos desconectados das redes wi-fi, soe com alguma honestidade nesse mar de notícias falsas e de obituários evitáveis da Era Bolsonaro.

Tags: Companhia das LetrasDavid Foster WallaceGeorge OrwellJulio Cortázarliteraturanão terminar de lerO Arco-íris da gravidadeRoberto BolañoThomas MannThomas Pynchon
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Commentários 2

  1. Fred says:
    6 meses atrás

    A literatura de vanguarda exige um grau a mais de psicodelia. Aconselho a ler o leilão do lote 49, na tradução da Cia das letras para começar. Mason e Dixon também e fácil de ler. Mas o fato de ter experiência com alucinógenos e ter conhecimento do esoterismo de Blavatsky, Krishinamurti e afins ajuda a desatar muitos nós. O filme Vício inerente também pode ser interessante. Aconselho que você leia o Ulisses com a chave de leitura: “Sim eu digo sim” de Caetano Galindo. O livro hermético nunca é absorvido em leitura rápida, geralmente a segunda vez é melhor, Citando Harold Bloom: “Não existe leitura do Ulysses, só a releitura”

    Responder
  2. Fred says:
    6 meses atrás

    Estou lendo agora CONTRA O DIA, de T.P. a mais ou menos dois meses. É um passeio no parque comparada à Odisseia que é o ARCO ÍRIS DA GRAVIDADE. Vale a pena ler!

    Responder

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