Com colaboração de Alejandro Mercado
Quais são os autores contemporâneos brasileiros que merecem sua atenção? Em parceria com o portal de literatura Homo Literatus, Escotilha montou uma pequena seleção com sugestões de escritores e escritoras que podem (e devem!) servir como ponto de partida para explorar o que o Brasil cria quando o tema é literatura.
Vale lembrar que é uma lista pessoal, não uma “definitiva” – quem sabe o autor ou autora de quem você lembrou já não tenha sido abordado por um destes redatores?
Eder Alex (Escotilha) – Elvira Vigna
Entre os escritores brasileiros contemporâneos, creio que Elvira Vigna seja uma das vozes mais interessantes e consistentes. A autora já levou o Prêmio Jabuti em literatura infantil e também como ilustradora. E agora, escrevendo para adultos, ela vem desenvolvendo uma prosa demolidora, com uma linguagem muito própria e tocando em diversas feridas sociais. Não é à toa que alguns autores vem citando Elvira Vigna em suas obras (incluindo aí Maria Valéria Rezende, vencedora do Jabuti do ano passado), pois de fato ela se tornou referência daquilo que há de melhor sendo produzido na nossa literatura. O meu livro favorito da autora é Nada a Dizer, um acachapante relato sobre um casamento em ruína.
Bruna Kalil Othero (Homo Literatus) – Ana Martins Marques
Se você é um leitor de poesia contemporânea, com certeza já ouviu falar de Ana Martins Marques. Com o lançamento de sua terceira obra, O Livro das Semelhanças (2015), a mineira se afirmou como uma voz importantíssima na literatura hoje. Depois dos sucessos de A Vida Submarina (2009) e Da Arte das Armadilhas (2011), Ana já foi elogiada por poetas consagrados como Armando Freitas Filho. Vencedora de inúmeros prêmios, a sua poesia criou um novo nível de exigência – em constante provocação, flerta com os limites da metalinguagem.
Jonatan Silva (Escotilha) – Fernando Koproski
Fernando Koproski é uma figura ímpar da literatura paranaense. Poeta, romancista e tradutor, o curitibano – que vive em São José dos Pinhais – se destaca por ser um homem do seu tempo: desprendido das preocupações acadêmicas e voltado, intimamente, ao resultado do trabalho. Em 2016, publicou a trilogia Narciso Para Matar, Teoria do Romance na Prática e Crônica de um Amor Morto, suas primeiras obras em prosa após mais de 20 anos de poesia.
Koproski não alinha – e não se alia – a nenhum movimento e talvez, por isso, ainda se mostre tão interessante. Não existe compromisso ideológico (graças a Deus), apenas literário. Nunca Seremos Tão Felizes Como Agora (2009) e Tudo o que Não Sei Sobre o Amor (2003) não me deixam mentir. Se o que há em sua produção pudesse ser rotulado, seria um uncategorized. Koproski é plural e caminha com firmeza no atual lodaçal que encharca as estantes em nossas casas e livrarias.
Miquéias Sartorelli (Homo Literatus) – Marcelino Freire
Marcelino Freire é um daqueles escritores inconfundíveis. Sua marca na literatura brasileira das últimas décadas reside em articular elementos fortes de raiz nordestina e traços de impacto da prosa neorrealista dos grandes centros, sobretudo São Paulo. Esse estilo singular está presente nos vários livros de contos publicados, como em Angu de Sangue (2000), Rasif – Mar que Arrebenta (2008) e Amar é Crime (2010), ou em narrativa mais longa, caso de Nossos Ossos (2013). Ler Marcelino Freire é ser seduzido pela cadência do texto cordelizado, rico em ladainhas, cantorias e rimas internas, e por suas personagens cativantes, muito francas e intensas. Tudo isso, é claro, sem deixar de lado a veia social sempre atuante em sua ficção, por meio da qual ganha corpo um conjunto de vozes à margem que nos alerta para situações revoltantes e seres espoliados.
Paulo Monteiro (Homo Literatus) – Diego Moraes
Diego Moraes é um escritor amazonense nascido no ano de 1982. Autor dos livros: A Fotografia do Meu Antigo Amor Dançando Tango (2012) e A Solidão é um Deus Bêbado Dando Ré num Trator (2013), publicados pela Bartlebee; Um Bar Fecha Dentro da Gente, pela editora portuguesa Douda Correria; Eu Já Fui Aquele Cara que Comprava Vinte Fichas e Falava ‘Eu te Amo’ no Orelhão, pela Corsário-satã; e o recém-lançado Meu Coração é um Bar Vazio Tocando Belchior, pela editora Penalux.
Sua literatura é lírica e durona ao mesmo tempo. Moraes é um escritor ácido, sem meias palavras, sem rodeios, direto ao ponto, mas também sabe como tocar seu leitor de forma maestral, um equilíbrio perfeito. Seus contos e poemas são escritos por alguém que não frequentou academia ou oficinas de escrita criativa. Moraes é herdeiro de escritores como John Fante e Charles Bukowski, e ele não nega suas influências. Sua literatura é repleta de referências a filmes da sessão da tarde, músicos, referências a Manaus e São Paulo e escritores que Moraes admira. Seu primeiro romance irá sair por uma grande editora brasileira, agora é esperar mais um soco lírico desferido por Moraes.
Walter Bach (Escotilha / Homo Literatus) – Mariana Ianelli
Mariana Ianelli é uma de nossas cronistas mais criativas em atividade. Em algumas, há a pura observação do cotidiano, uma das muitas características do gênero; noutras, uma relação pessoal entre cultura ou família, como se ela partisse de um desses locais para falar do mundo e deixando muito espaço à nossa imaginação. Breves Anotações Sobre um Tigre é uma seleta de crônicas com uma fluidez poética espontânea. Destaco “Quarteto de Sombras”, que apresenta quatro autores da literatura e os aproxima pela visão de leitora da Mariana Ianelli, em uma (entre muitas) crônica muito pessoal.
E você, caro leitor. Quais são os autores contemporâneos brasileiros que você anda lendo? Compartilha conosco, esta lista é grande e pode (deve!) aumentar.