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‘Estação Perdido’ expande as possibilidades da ficção especulativa

Em ‘Estação Perdido’, o escritor britânico China Miéville oferece uma obra que traz o melhor da ficção especulativa contemporânea.

Luciano Simão por Luciano Simão
12 de abril de 2021
em Ponto e Vírgula
A A
China Miéville, autor de 'Estação Perdido'

O escritor britânico China Miéville, autor de 'Estação Perdido'. Imagem: Reprodução.

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Nestes tempos de incertezas e temores, o fantástico tem se tornado especialmente atraente, não apenas porque fornece uma forma de escapar à crueldade da realidade, mas por ser capaz de refletir o nosso mundo e expor seus principais segredos, mazelas e anseios. O amplo leque da ficção especulativa (que costuma englobar fantasia, ficção científica e terror) pode ser, portanto, uma forma altamente eficaz de explorar questões fundamentais da nossa existência.

Todavia, obras de ficção especulativa contemporânea acabam por cair com frequência nas armadilhas particulares de seus gêneros, recorrendo a clichês e metáforas exploradas à exaustão. Como ferramentas de análise da realidade, narrativas capazes de apresentar universos completamente distintos daqueles que já vimos dezenas de vezes (como mundos fantásticos baseados na Europa medieval ou ficções científicas ambientadas em cidades futuristas distópicas) parecem atingir resultados muito mais eficazes.

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Na ficção especulativa contemporânea, poucos nomes são mais relevantes do que o escritor britânico China Miéville, autor que já produziu uma obra imensamente variada e de criatividade ímpar. Entre os dez romances publicados, seu universo mais conhecido é o tenebroso mundo de Bas-Lag, onde se passa a narrativa de Estação Perdido (2000), traduzido em 2016 pela Boitempo Editorial.

Fantasia pós-industrial

A metrópole de Nova Crobuzon é a cidade-estado que ocupa o centro do mundo de Bas-Lag, um aglomerado urbano em que diversas espécies conscientes coexistem, como seres humanos, homens-cacto que vivem em uma gigantesca estufa e mulheres com cabeça de escaravelhos que possuem sua própria e terrível religião.

Nova Crobuzon é distinta de outros espaços icônicos da ficção especulativa; trata-se de uma cidade que condensa o que há de pior na experiência urbana, da poluição à repressão política, fortemente marcada pela onipresente luta de classes.

No centro da narrativa está a aventura do cientista Isaac Dan der Grimnebulin, que recebe a visita do estranho Yagharek, um membro da espécie dos garudas (homens-pássaros com raízes na mitologia hindu). O desafio que Yagharek propõe é o propulsor de todos os desastres que se desenvolvem ao longo da narrativa: Isaac deve encontrar uma forma de ajudá-lo a voltar a voar após ter as asas decepadas pelos membros da sua tribo. Embora os experimentos de Isaac pareçam promissores de início, suas tentativas de desvendar os segredos do voo acabam por liberar um abominável mal que ameaça toda a cidade –– e apenas a união das forças mais sombrias de Nova Crobuzon poderá enfrentá-lo.

Miéville não é um escritor focado na construção de frases belas, mas busca descrever com precisão os mais minuciosos detalhes de sua visão, resultando em universos ao mesmo tempo repulsivos e altamente reconhecíveis.

No universo de Estação Perdido, operários anfíbios formam sindicatos para combater a exploração trabalhista sistêmica e são violentamente repreendidos por milícias mascaradas, parlamentares fazem pactos com o próprio Inferno para enfrentar ameaças ao seu poder, e para o cidadão comum não parece haver qualquer possibilidade de felicidade além da fuga ou do combate aos sistemas de opressão.

Miéville não é um escritor focado na construção de frases belas, mas busca descrever com precisão os mais minuciosos detalhes de sua visão.

A grande mescla de espécies, culturas, estilos arquitetônicos, religiões e mitologias, costumes e escolas artísticas que compõem a cidade de Nova Crobuzon é um dos pontos mais fortes da obra; Miéville não se contenta em utilizar elfos, anões, orcs e outros clichês da fantasia Tolkieniana e recorre ao seu próprio imaginário para povoar seu universo de criaturas complexas e inconfundíveis.

Um espelho insalubre

Assim como Senhor dos Anéis é lembrado como obra-prima da fantasia, Duna como um marco para a ficção científica e Deuses Americanos como a base da fantasia urbana contemporânea, Estação Perdido é uma narrativa monumental que encapsula o que há de mais instigante, misterioso e estranho no pouco explorado subgênero do New Weird, cujo foco é a fusão inovadora de gêneros (horror, mistério, fantasia, romance histórico etc.) e a influência de autores do grotesco como H.P. Lovecraft.

Após ler Estação Perdido, é difícil imaginar que o leitor ficaria surpreso ao descobrir que a escrita de Miéville tem fortes raízes marxistas, área acadêmica de grande interesse do autor, que já foi filiado ao Partido Socialista dos Trabalhadores e participou da fundação do partido marxista Left Unity. Essa base política e teórica permite que o autor explore questões como imperialismo, escravidão, totalitarismo e conflitos de classe com um grau de profundidade maior do que muitos dos seus contemporâneos da ficção especulativa.

Como reflexo da nossa realidade, o mundo de Bas-Lag realça o que há de mais sujo e terrível nas sociedades humanas: a poluição, a desigualdade social, a corrupção sistêmica, a violência, o individualismo exacerbado do capitalismo pós-industrial desenfreado, o preconceito e o terror do desconhecido. A obra de China Miéville, portanto, é o contrário de uma ficção de escapismo, pois não é possível não nos reconhecermos no espelho insalubre dos seus universos.

ESTAÇÃO PERDIDO | China Miéville

Editora: Boitempo Editorial;
Tradução: Fábio Fernandes e José Baltazar Pereira Júnior;
Tamanho: 608 págs.;
Lançamento: Dezembro, 2016.

Tags: Boitempo Editorialbook reviewChina Miévillecrítica literáriaEstação Perdidoficção especulativaliteraturaNew Weirdresenha
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