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‘Fome’: a dura história de um corpo

Em 'Fome – uma autobiografia do (meu) corpo', Roxane Gay entrega uma obra feminista sobre a relação com seu corpo fora dos padrões.

Maura Martins por Maura Martins
30 de julho de 2020
em Ponto e Vírgula
A A
'Fome': a dura história de um corpo

Imagem: Reprodução.

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Na abertura de Fome – uma autobiografia do (meu) corpo, Roxane Gay já esclarece: esta não é uma história sobre redenção. Não é o livro sobre uma mulher gorda que emagreceu a duros sacrifícios, ou que aprendeu a aceitar seu sobrepeso depois de anos de sofrimento. Não. Fome é um duríssimo relato de amor e ódio de uma escritora com sua história, circunscrita pelo seu corpo que escapa aos padrões de beleza e funciona como uma espécie de “armadura” frente ao desalento do mundo.

Mas Roxane, como comento no parágrafo de abertura, mantém uma relação agridoce com o corpo que biografa aqui. Por um lado, ele é desconfortável; por outro, ele foi construído enquanto uma redoma que a protege. Roxane Gay foi vítima de um estupro grupal aos doze anos, o qual narra num relato fortíssimo, encarando de frente a sua ferida, ao mesmo tempo que reivindica não ser definida por ela. Após ser violada e traída, Roxane “cultivou” um corpo que a protegesse:  “a gordura criou um corpo novo, um corpo que me envergonhava, mas que fazia com que eu me sentisse segura e, mais que qualquer coisa, eu precisava desesperadamente me sentir segura. Eu precisava me sentir como uma fortaleza, impenetrável”.

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Seu corpo é uma “jaula”, em suas palavras, que a protege dos abusos alheios – mas ao mesmo tempo, Roxane deixa bastante claro, o corpo da pessoa gorda é sempre público, aberto a escrutínios, mesmo quando não haja qualquer pedido de análise. Em um episódio recente do programa Mulheres, na TV Gazeta, uma advogada, convidada para falar sobre violência doméstica, teve que ouvir de uma médica (mulher!) um oferecimento de “ajuda” para emagrecer. Como Roxane Gay ilustra com sua história, é como se o corpo da pessoa gorda fosse ao mesmo tempo invisível e evidente, e estivesse sempre à disposição para quem quiser “curá-lo”. E assim, numa sociedade gordofóbica, os corpos gordos são sempre tratados como problema social: “gente gorda é um ralo por onde escoam os recursos, com a necessidade de cuidados de saúde e medicação para seu corpo excessivamente humano”, escreve a autora.

A fome que Roxane Gay expressa no título do seu livro é polissêmica, e diz respeito ao desejo nunca saciado de várias necessidades.

De fato, Roxane Gay – dona de um estilo literário límpido e cru, cativante e ao mesmo tempo extremamente duro – enfrenta a vida pelas margens daquilo que é socialmente esperado às mulheres. Um dos mais proeminentes nomes da literatura feminista atual, Roxane, além de obesa, é altíssima (mede 1,90 m e já chegou a pesar 262 kg), e usa sua experiência para tecer comentários não apenas sobre a morada do corpo, mas sobre a natureza do feminino. A ela não foi dada a opção de “fazer parte” dessa convenção cultural do que significa ser mulher, pois atravessou a vida sendo inadequada. Em certo momento, escreve assim: “isso é o que ensinam à maioria das garotas – que devemos ser magras e pequenas. Não devemos ocupar espaço. Não devemos ser vistas e ouvidas e, se somos vistas, devemos ser uma visão agradável aos homens, aceitáveis na sociedade. E a maioria das mulheres sabe disso, que nós devemos desaparecer”.

Por isso, a fome que Roxane Gay expressa no título do seu livro é polissêmica, e diz respeito ao desejo nunca saciado de várias necessidades: sentimentais, físicas, sensoriais, sociais. Mais que tudo, é a fome de ser uma mulher plena sem ter que se adequar ao que Naomi Wolf, em outro clássico da literatura feminista, O mito da beleza, define como a “ideologia da beleza”, a única chave possível para que uma mulher possa suceder no mundo ocidental. Ideal esse que todas as mulheres – gordas ou não, jovens ou velhas – estão fadadas a não atingir e, por isso, condenadas a viver eternamente com fome de algo que não podem ter.

Com uma narrativa duramente honesta, Fome é uma obra fundamental a todas as mulheres que habitam hoje nesse mundo nada gentil com nenhuma de nós. Ao enfrentar seus piores demônios com um grau de vulnerabilidade poucas vezes visto, Roxane Gay se tornou uma escritora única, dona de uma voz que precisa continuar a ser ouvida.

FOME: UMA AUTOBIOGRAFIA DO (MEU) CORPO | Roxane Gay

Editora: Globo Livros;
Tradução: Alice Klesck;
Tamanho: 235 págs.;
Lançamento: Outubro, 2017.

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Tags: biografiabook reviewcrítica literáriaFomeGlobo LivrosGordofobialiteraturaliteratura feministaNaomi WolfO mito da belezaresenhaRoxane Gay
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