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Home Literatura Ponto e Vírgula

‘Os Coadjuvantes’, de Clara Drummond, é um petardo ácido sobre as elites brasileiras

Publicado pela Companhia das Letras, romance 'Os Coadjuvantes', de Clara Drummond, constrói um retrato crítico das elites descoladas e conservadoras do Brasil.

Maura Martins por Maura Martins
24 de junho de 2022
em Ponto e Vírgula
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'Os Coadjuvantes', de Clara Drummond, é um petardo ácido sobre as elites brasileiras

'Os Coadjuvantes' é novo romance de Clara Drummond, publicado pela Companhia das Letras. Imagem: Divulgação.

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Em 1970, o jornalista Tom Wolfe publicou na revista New York uma reportagem que se tornaria um escândalo. Esta reportagem, aliás, girava em torno de um episódio aparentemente banal: uma festa dada pelo casal Leonard e Felicia Berstein, em seu luxuoso apartamento em Nova Iorque, para representantes do grupo de ativistas negros Panteras Negras.

O escândalo da reportagem Radical Chique se deu por conta dos recursos usados por Wolfe que, por fim, faziam desnudar a hipocrisia de uma elite intelectual milionária que abria espaço para o movimento negro porque queriam estar antenados com o mundo – sem se dar que a existência de um grupo de resistência como o Panteras Negras só era possível por haver, de fato, uma elite milionária. Na expressão lendária criada pelo jornalista, estas pessoas posavam como “radicais chiques”, afinal, era chique ser radical.

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Trago a lembrança deste texto pois ela me veio o tempo todo enquanto lia o romance Os Coadjuvantes (Companhia das Letras, 2022),da escritora Clara Drummond. Em alguma medida, Vivian, a protagonista do livro, soa como os radicais chiques do livro de Wolfe.

Trata-se de uma jovem que acaba de completar 30 anos, filha de classe alta não tão rica, mas bem longe de ser classe média. Por conta disso, como Vivian diz, ela pode se dar ao luxo de construir uma carreira como curadora no mercado das artes – ou seja, trabalhar apenas no que quer e quando quer.

Completamente contraditória, Vivian se consolida como uma grande personagem porque ela é bastante cínica e sarcástica em relação ao dinheiro e à proximidade com o poder que os pais têm; ainda assim, isso não significa que abra mão de seus tantos privilégios de classe.

É nesse contexto de uma “vidinha” classe média alta, em meio a baladas, exposições de arte, amigos gays e algum sexo eventual que Vivian cruza com Darlene, a vendedora de bebidas que bate ponto na frente de seu prédio, em Ipanema, e sempre tem uma Heineken gelada para socorrê-la em eventualidades.

Mas não se engane: a sacada de Os Coadjuvantes é que Darlene não funcionará como um contraponto para “salvar” Vivian de sua alienação.

‘Os Coadjuvantes’: um retrato debochado e incômodo

Os Coadjuvantes acerta em cheio por ser um livro curto, mas assertivo. Em pouco mais de 100 páginas, Clara Drummond consegue pintar um retrato simultaneamente debochado e incômodo desta elite intelectualizada e de seus filhos nascidos em berços esplêndidos.

Completamente contraditória, Clara se consolida como uma grande personagem porque ela é bastante cínica em relação ao dinheiro e à proximidade com o poder que os pais têm.

Repórter acostumada a cobrir pautas voltadas às artes, Clara parte de um universo que conhece bem. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, disse que o livro visava expor as contradições deste contexto.

“Quase todo colecionador é bolsonarista, mas compram obras que criticam a desigualdade social ou fotografias sobre a devastação da Amazônia, sendo que eles próprios são os maiores devastadores dela. Fazem isso por capital social”, mencionou.

Por isso, Vivian, no livro, funciona como uma espécie de mosquinha que espia o mundo habitado por ela e os pais. E isto é constituído de uma maneira sutilmente cômica, em um texto que, mesmo sendo ácido, é também comovente.

A curadora mostra em vários momentos que seu lugar no mundo lhe traz angústias: “às vezes, a memória do dia seguinte edita os acontecimentos deixando apenas as cenas que gostaria de descartar: transparece o excesso do meu esforço, como uma atriz que não desaparece no papel, tão preocupada com o reconhecimento da sua performance, o que é patético. Eu queria muito ser naturalmente a pessoa que pareço ser”.

Mas, em certos trechos, sua autoconsciência beira o hilariante: “as pessoas superficiais também experimentam enorme sofrimento, sua dor é profunda, dilacera suas almas”. Ela também revela saber que, para ser cool, precisa se aproximar e se afastar do status familiar: “faz bem para mim, e para minha autoimagem, pensar que meus valores vão na direção oposta aos dos meus pais”.

Por trás deste contexto de superficialidades, de pessoas que se exibem o tempo todo umas para as outras para provar que valem algo, há uma menina atormentada e sufocada pelo seu crescimento.

Esta faceta da obra se intensifica quando aborda as relações de Vivian com a sexualidade, sempre tangendo algo que não se pode bem explicar pelas vias da linguagem. O que sabemos é que ela parece gostar de agressividade, e que também costumava ser tolhida pela mãe enquanto descobria o próprio corpo.

Ou seja, Os Coadjuvantes consegue alternar profundeza e futilidade na mesma medida, revelando-se uma pequena grande obra, repleto de camadas e escrito pela voz vibrante de Clara Drummond. Uma leitura divertidíssima.

OS COADJUVANTES | Clara Drummond

Editora: Companhia das Letras;
Tamanho: 112 págs.;
Lançamento: Abril, 2022.

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Tags: artes plásticasbook reviewclara drummondCompanhia das Letrascrítica literárialiteraturaos coadjuvantesRadical ChiqueresenhaTom Wolfe
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