Rosa Parks, Mahatma Ghandi, Isaac Newton, Albert Einstein, Frederic Chopin, Marcel Proust, George Orwell, Steven Spielberg são algumas das personalidades introvertidas famosas citadas em O poder dos quietos (HarperCollins, 2017), de Susan Cain. Todos se contrapõem ao ideal de extroversão estimulado pela sociedade ocidental, equivalente à personalidade considerada apta a adquirir o sucesso na carreira, nos negócios e na vida afetiva.
Rosa Parks, uma empregada doméstica negra de 40 anos, tida como heroína pelo movimento dos direitos civis nos Estados Unidos, em 1955, é um exemplo de líder introvertida. Ao recusar-se a ceder seu banco no ônibus a um branco, Rosa foi presa. Seu ato de coragem desencadeou um dos maiores protestos do movimento negro norte-americano, liderado pelo Reverendo Martin Luther King.
Introvertidos e extrovertidos são tipos de personalidades classificados por Carl Jung, em 1921: “Introvertidos são atraídos pelo mundo interior do pensamento e do sentimento, disse Jung; extrovertidos pela vida externa de pessoas e atividades. Introvertidos focam no significado dos eventos que tiram ao seu redor; extrovertidos mergulham nos próprios acontecimentos. Introvertidos recarregam suas baterias ficando sozinhos; extrovertidos precisam recarregar quando não socializam o suficiente.” (página 10)
A advogada Susan Cain começou a interessar-se pelo tema devido a suas dificuldades. Na primeira grande negociação com banqueiros, fez seu próprio coaching. Estimulou-se a manter confiante em seu silêncio diante de poderosos clientes e conseguiu êxito.
Susan conta que nem sempre a sociedade norteamericana adotou o ideal de extroversão. Até o século XIX, a personalidade discreta era a mais desejável e confiável. Boa parte da população ainda vivia no campo e seus relacionamentos sociais vinham de familiares ou vizinhos conhecidos. A partir da adoção das linhas de montagem nas fábricas, os americanos vieram morar na cidade e seus vizinhos eram desconhecidos.
A advogada Susan Cain começou a interessar-se pelo tema devido a suas dificuldades. Na primeira grande negociação com banqueiros, fez seu próprio coaching. Estimulou-se a manter confiante em seu silêncio diante de poderosos clientes e conseguiu êxito.
Para tornar-se conhecido ou vender algum produto ou ideia, era preciso ser extrovertido. Nesta época, um dos best-sellers de maior sucesso foi Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie. Tipos ativos tornaram-se os mais requisitados nas empresas, tidos como bons vendedores. Carnegie ensinava os leitores que, para conquistar o sucesso era preciso sorrir, falar e cultivar pensamentos positivos. O autor aplicou o que aprendeu em sua vida, influenciando várias gerações de americanos. Pouca gente sabe que a máscara de extrovertido bem-sucedido ocultava um apoiador dos horrores da Guerra do Vietnã.
Ao contrário de Carnegie, Susan empenha-se em defender um espaço para os introvertidos, nas escolas, nas empresas e na sociedade em geral. As áreas em que os introvertidos se adaptam melhor são na pesquisa intelectual e nas Artes. A autora reivindica espaço na área administrativa e de negócios, citando exemplos de líderes silenciosos. Para corroborar a ideia de que introvertidos podem assumir cargos de liderança, a autora argumenta que seus subordinados tornam-se mais proativos sob seu comando.
Um dos capítulos é sobre asiáticos e a dificuldade em adaptar-se ao comportamento estereotipado americano. Estudantes chineses do Vale do Silício a ir contra suas personalidades silenciosas. Muitos acabam indo trabalhar em Shangai, porque empresas americanas glorificam os tipos falantes. Outros, aprendem que podem continuar sendo introvertidos. Basta aprender algumas técnicas de oratória, como articular bem as palavras. Seguindo o exemplo dos executivos, Susan corrobora que pesquisadores introvertidos podem se sair tão bem quanto os extrovertidos.
Susan Cain é formada pelas Universidades Princeton e Harvard. Presta consultoria em negociações e, antes de se tornar escritora, defendeu por sete anos causas de grandes empresas. É autora de textos sobre introversão e timidez publicados no The New York Times. Ao contrário do que muitas pessoas poderiam pensar, Susan é uma autêntica introvertida.
[box type=”info” align=”” class=”” width=””]O PODER DOS QUIETOS | Susan Cain
Editora: Harper Collins Brasil;
Tradução: Ana Carolina Bento Ribeiro;
Tamanho: 352 págs.;
Lançamento: Novembro, 2017.
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