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‘Senhor das Moscas’ e a impossibilidade da utopia

Em ‘Senhor das Moscas’, William Golding discute questões de uma cultura bélica e totalitária que forma meninos violentos e despreparados.

Arthur Marchetto por Arthur Marchetto
26 de março de 2020
em Ponto e Vírgula
A A
William Golding Senhor das Moscas

William Golding, falecido em 1993. Imagem: Reprodução.

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O que você faria se fosse um professor de filosofia, mas tivesse ido para a guerra e visto as atrocidades que o ser humano é capaz de cometer? A solução encontrada pelo escritor inglês William Golding foi sentar e escrever o romance. O resultado é hoje conhecido como Senhor das Moscas e foi publicado em 1954.

Na obra, acompanhamos a história de alguns garotos que se encontram isolados em uma ilha. Pelo que é possível entrever, o avião estava repleto de meninos ingleses abastados, todos numa faixa etária entre 6 e 13 anos, que fugiam de seu país. No entanto, em algum momento da trajetória, ele é abatido e cai em território desconhecido. A partir daí, eles são obrigados a se organizar e pensar em meios para sobreviver, já que todos os adultos morreram.

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Ao que parece, Golding nos apresenta uma versão da ilha utópica de Morus. Ao mesmo tempo em que todas as crianças acreditam que o resto do mundo foi dizimado durante a guerra, como diz Porquinho em determinado momento: “Você não ouviu o que o piloto disse? Sobre a bomba atômica? Estão todos mortos”, ele enxergam ali a possibilidade de se construir um paraíso terrestre: “Afinal, aqui estava o lugar imaginado, mas nunca materializado, despontando para a vida real. Os lábios de Ralph abriram-se num sorriso cheio de prazer”. É o lugar sonhado, mas nunca antes materializado.

Mas esse espaço onírico vai, aos poucos, se desmanchando. Ao encontrar uma concha, eles passam a reunir os grupos e arranjam uma votação para quem se tornaria o líder do grupo. Ralph, uma criança loira e carismática, é visto como um líder nato e eleito. Jack Merridew, chefe do coro da igreja, perde a eleição e se sente humilhado. No entanto, como ele é o mais forte e pois um grupo organizado, fica responsável pela caça. Porquinho, outro elemento importante, é o mais inteligente do grupo, mas que por sofrer humilhações constantes, acaba ficando à sombra de Ralph.

Dessa tríade problemática, Golding começa a estruturar a problemática de uma “inevitabilidade da violência” que habita a natureza de todo homem. O escritor também tira proveito de um gênero muito popular em sua época, os livros de garotos que se perdiam em ilhas abandonadas e usavam do Poder do Agente Civilizatório para dominar selvagens canibais e piratas, para escrever sua sátira.

Ele chega a usar de maneira direta os nomes dos personagens e referências geográficas ao romance de R.M. Ballantyne, A Ilha de Coral, para criticar as ideias de que é possível dominar a natureza ou colonizar a selvageria – o que, como veremos mais abaixo, não significa que ele abandonou o usual tom colonialista inglês.

Dessa forma, como disse o próprio Golding, os homens passam a “produzir maldade” como as “abelhas produzem mel”. Com dilemas cada vez mais escalonados, os meninos logo se dividem e mudam de lado, se afastando da civilização de Ralph e Porquinho para se entregar à selvageria de Jack Merridew, como se fosse um caminho natural e necessário para a sobrevivência.

Nesse romance de ideias, Golding assume uma posição no famoso debate entre Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes sobre a essência humana em seu estado natural. Em Senhor das Moscas, fica claro como vemos que “o homem é o lobo do homem”, frase dita por Hobbes. Esse dilema assume várias faces, em duelos da Civilização e a Barbárie, Democracia e o Totalitarismo, Justiça e a Violência, Controle e a Liberdade, etc.

Nesse romance, alguns fortes elementos simbólicos aparecem, como a Concha enquanto representante da Democracia e da Civilização, os Óculos do Porquinho como portadores do Conhecimento e responsável pelo Fogo de Prometeu, e, principalmente, o Senhor das Moscas, que dá nome ao livro. O Senhor das Moscas é outro nome para Belzebu, um demônio associado ao orgulho e à guerra.

No livro, Belzebu é personificada na cabeça de porco usada como sacrifício ao ente sombrio que percorre a ilha, assusta os garotos pela noite e adota formas ora de Gente, ora de Bicho. Simon, um dos garotos, é o único que tem a sensibilidade para conversar com a cabeça entender que a sombra que amedronta a todos não é nada além dos impulsos naturais.

— Que engraçado achar que o Bicho é algo que podem caçar e matar! — disse a cabeça. Por um instante, a floresta e todos os outros lugares indistintos ecoaram com a paródia de uma gargalhada. — Você sabe, não é? Sou parte de você? Quase, quase, quase! Sou a razão por que ninguém pode ir embora? Por que as coisas são o que são?

É, segundo Golding, essa inevitabilidade do mal que gera o caos e o retorno à barbárie daqueles meninos na ilha. No entanto, essa representação tem alguns problemas. Em primeiro lugar, como já sugerido antes, a visão da “selvageria” proposta no livro carrega consigo fortes noções coloniais. A entrada no mundo não-civilizado e violento corresponde à saída da concepção europeia de civilização, como o uso de tinturas nos rostos, rituais, músicas e caças. Hoje, sabemos que sociedades coletoras ou tradicionais e nativas não são violentas per si e que, também, não é necessária essa mudança de perspectiva para que o homem branco se torne agressivo.

Além disso, a falta de mulheres no grupo enfraquece a noção da construção de uma ‘alegoria social’. A construção social não é feita enquanto organização estéril, mas curadoria de vozes importantes. Isso evidencia que o livro não discute, necessariamente, uma suposta “essência humana”, mas uma proposição de masculinidade: seus desejos, seus impulsos, seus medos e suas fantasias. Não são crianças que retomam ao estado natural depois de 12 horas sem um adulto, mas o sumo da cultura bélica produzida dos homens para os homens.

Talvez o que haja de mais interessante no livro, e nessas narrativas que falam de microssociedades, como Sob a Redoma e a série The Society, seja o desenvolvimento do paradoxo da democracia, proposto por Karl Popper. Nelas, fica evidente a manipulação do aparato democrático para que uma voz totalitária ganhe poder e elimine os vestígios da democracia que o elegeu, assim como o sadismo tolerado que surge desses pequenos poderes.

Por isso, ao lermos ou ouvirmos frases nessas narrativas de ficção como quando Jack Merridew diz “já é tempo de algumas pessoas saberem que têm de ficar quietas e deixar para os outros, nós, as decisões sobre as coisas”, a pulga que fica atrás da orelha é a relação iminente entre Democracia e Totalitarismo.

SENHOR DAS MOSCAS | William Golding

Editora: Alfaguara;
Tradução: Sergio Flaksman;
Tamanho: 224 págs.;
Lançamento: Março, 2014 (atual edição).

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Tags: book reviewCríticacrítica literáriaDistopiaEditora AlfaguaraliteraturamasculinidadeMasculinidade tóxicaresenhareviewSenhor das Moscasutopiawilliam golding
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