Tentar explicar a quem não acompanhe a história do Dropkick Murphys ao longo dos últimos 21 anos quais as razões que tornam o lançamento da banda de celtic punk um acontecimento importante é difícil. Difícil em virtude de todas as mudanças que a indústria da música passou justamente no mesmo período; difícil por termos acompanhado pouco a pouco o rock e suas vertentes perderem espaço para outros gêneros, em especial o hip hop e a música pop.
11 Short Stories of Pain & Glory é o nono disco do grupo de Quincy, Massachusetts, e apresenta o Dropkick Murphys em território familiar, e até certo ponto em uma zona de conforto. Já na abertura, com “The Lonesome Boatman”, fica claro que o grupo não tem intenções de se desviar da rota construída durante seus anos de atividades. É certo que se trata de uma fórmula bem-sucedida, mas em algum momento surge a reflexão: “não seria possível ir além?”.
O primeiro single de 11 Short Stories of Pain & Glory, “Blood”, ganhou um lyric video (formato barato e prático em que o vídeo com a música é acompanhada pela letra, que pode ser apresentada de várias formas) elegante, que se esforçou em capturar a essência do sexteto. Contudo, as músicas são exageradamente simplistas, mais do que a banda se acostumou a produzir e mais do que os fãs aprenderam a gostar. Certamente os fãs mais apaixonados não concordem com a afirmação, mas já chegou a hora da banda entregar aos fãs um pouco mais que esse whisky-folk-punk-irlandês-pé-na-porta-e-soco-na-cara.
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11 Short Stories of Pain & Glory é o nono disco do grupo de Quincy, Massachusetts, e apresenta o Dropkick Murphys em território familiar, e até certo ponto em uma zona de conforto.
É bem verdade que a Dropkick Murphys ainda é capaz de entregar boas canções sendo fiel à sua sonoridade, mas é quando eles se esforçam em dar um passo a mais e se arriscar que as coisas parecem ficar melhores. Um bom exemplo é a faixa que homenageia os mortos no atentado à Maratona de Boston, em 2013. “4-15-13” tem uma melodia poderosa, em que o bandolim e a gaita de fole criam uma mistura interessante. Outras como “I Had a Hat” e “Kicked to the Curb” são o suprasumo da diversão proposta pelo DNA do sexteto, sem esquecer a forte influência da cultura musical irlandesa, elemento chave na estética do grupo. Há até espaço para um cover de “You’ll Never Walk Alone”, canção de Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II eternizada nos campos de futebol pela fanática torcida do Liverpool.
As chances de os fãs fervorosos da banda de Quincy amarem 11 Short Stories of Pain & Glory são grandes. Ele junta tudo que a Dropkick Murphys fez nos últimos 21 anos, com a qualidade de sempre. Aos que, assim como eu, aguardavam por um disco mais aberto a inovações, talvez o álbum acabe sendo um pouco decepcionante. De toda forma, para um grupo que calcou sua identidade em cima de tradições tão fortes e consistentes, é até coerente que se mantenha nesta bolha confortável. E para ficar bem claro, é um registro que tem seus méritos, está bem produzido e honra a história dos integrantes.