2018 mal começou e já está sendo um ano de lançamentos interessantes. Uma das bandas que resolveu se arriscar, após o claro fracasso dos últimos dois álbuns, foi o MGMT. Duo formado no início dos anos 2000 por Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden, teve seu ápice com o lançamento do álbum de estreia, que dominou as paradas – e as pistas de dança – durante muito tempo com inúmeros hits como, por exemplo, “Kids”, “Electric Feel” e “Time to Pretend”.
O som não podia representar melhor o sentimento da década que terminava e os questionamentos sobre os anos que se seguiriam. Como muitas das bandas daquele momento, o MGMT não oferecia respostas ou soluções, e sim um escape para um futuro que se mostrava pouco animador.
A questão é que o tempo passou e o furor que a banda havia gerado com seu álbum de estreia desvaneceu rapidamente. Ao longo dos anos e álbuns que se seguiram, ficava mais intensa a sensação de que, talvez, o MGMT não tivesse mais originalidade para oferecer um disco interessante e empolgante como havia feito em 2007, com Oracular Spetacular. Bem, é possível dizer que esse sentimento ficou para trás com o recente lançamento de Little Dark Age.
Investindo ainda no mesmo tipo de som que fez sua fama, o duo conseguiu finalmente lançar um disco coeso e interessante, sem apenas ficar repetindo as fórmulas que fizeram seu sucesso anteriormente.
Investindo ainda no mesmo tipo de som que fez sua fama, o duo conseguiu finalmente lançar um disco coeso e interessante, sem apenas ficar repetindo as fórmulas que fizeram seu sucesso anteriormente. Little Dark Age vai investir numa direção não apenas mais eletrônica, como mais econômica. Tudo que era excessivo e que fazia sentido no final da primeira década dos anos 2000 vai ser deixado de lado aqui, em busca de uma identidade para a banda que dialogue melhor com o momento atual.
Desde a primeira faixa até a última, o que chama a atenção é a capacidade que Goldwasser e VanWyngarden tiveram em, sem abandonar uma certa identidade, investir numa levada mais pop e enxuta. A faixa de abertura, “She works out too much”, mistura uma instrumentação eletrônica com um pop dançante e influências claramente oriundas dos anos 1980 num resultado irresistível. A segunda faixa, que dá nome ao disco, também segue na mesma linha, mas com um pegada um pouco mais sombria.
O álbum é cheio de bons momentos e surpreende, em especial “When you die” e “Me and Michael”, sem contar que o contraste entre uma atmosfera um tanto quanto alegre no geral e as letras voltadas para questões mais densas do momento atual representam exatamente o sentimento millenial nesse fim de década. Presos entre um som de consumo rápido e dançante e letras preocupadas com que estamos fazendo com nosso tempo (vide a faixa “TSLAMP”, cujo título significa “time spent looking at my phone”), o MGMT volta para se firmar como uma banda interessante e que merece ser ouvida com atenção.
Mais do que um libelo sobre o triste caminho no qual envereda a humanidade, Little Dark Age também é uma prova sobre como é possível sim se reinventar e merecer uma segunda chance.