HIStory: Past, Present & Future – Book I
HIStory: Past, Present & Future – Book I ou apenas HIStory, como tudo na carreira de Michael Jackson, é cercado de muito auê. O álbum duplo foi lançado dia 16 de junho de 1995. O primeiro disco, HIStory Begins, continha uma série de 15 sucessos do cantor remasterizados; já HIStory Continues era a primeira compilação de inéditas do músico desde Dangerous (1991). Seu lançamento foi polêmico. Michael e sua gravadora prepararam um comercial com mais de quatro minutos de duração. Nele, o Rei do Pop aparecia liderando uma tropa de soldados que aparentavam ser nazistas. O suficiente para transbordar um caldeirão de polêmicas no trabalho, que chegava às lojas no momento posterior às primeiras acusações de abuso sexual de menores sofridas pelo cantor.
HIStory possui uma das capas mais icônicas de Michael: uma imagem de bronze do cantor, tal qual um deus grego. Para o lançamento, a Sony encomendou algumas réplicas que foram espalhadas nas principais capitais europeias. Ao todo, mais de US$ 30 milhões foram gastos em marketing e divulgação, a maior até hoje para um lançamento. Não há como dizer que tenha dado errado. Se o disco não bateu os números de seus antecessores, ao menos garantiu mais de 25 milhões de cópias vendidas, garantindo o posto de disco duplo mais vendido da história da música. Michael Jackson não estava realmente para brincadeira e parecia que aquela capa deixava isso bem claro.
Curiosamente, a turnê do álbum só iniciou mais de um ano após seu lançamento, mais precisamente em setembro de 1996, em Praga, na República Checa. No meio disso tudo, o Rei do Pop percorreu programas nas emissoras de TV aberta e fechada dos Estados Unidos divulgando seu novo trabalho. Fez o mesmo pelo mundo, inclusive aqui no Brasil, quando gravou com o Olodum. Sua passagem rendeu uma versão “only for Brazil” do clipe de “They Don’t Care About Us”, produzido por Spike Lee.
Michael Jackson usou boa parte do disco para fazer críticas ao que ele chamava de massacre midiático. Faixas como “Tabloid Junkie”, “Childhood”, “D.S.” e “You Are Not Alone” eram respostas do músico às manchetes que se espalhavam ao redor do mundo questionando, em especial, sua excentricidade e sua relação com crianças. Como no disco anterior, HIStory era um disco primordialmente de new jack swing, mas também com camadas de R&B, Soul, Pop-Rock e Funk.
INVINCIBLE
O décimo disco de estúdio de Jackson foi também seu último em vida. Sua gravação levou quatro longos anos e, em virtude de seu resultado comercial (pouco mais de 15 milhões de cópias vendidas), é considerado um “fracasso”. O termo talvez seja muito pesado, afinal o mercado fonográfico já enfrentava as marés de crise por conta da pirataria digital, o que torna os números de Invincible representativos. Contudo, era uma demonstração de que o Rei do Pop já não estava em seus melhores dias.
“A verdade é que Michael estava cansado. Seu nome tomava conta cada vez mais das notícias em sites e blogs de fofoca; para completar, entrou em rota de colisão com Tommy Mottola.”
O álbum recebeu boas críticas da mídia especializada. Muitos o consideraram à época superior ao disco HIStory. A Rolling Stone, por exemplo, chamou o trabalho de Jackson de “bonito e inteligente”. O disco lhe rendeu uma nova indicação ao Grammy Awards na categoria Melhor Canção, por “You Rock My World”, sendo vencido por James Taylor e sua “Don’t Let Me Be Lonely Tonight”.
A verdade é que Michael estava cansado. Seu nome tomava conta cada vez mais das notícias em sites e blogs de fofoca; para completar, entrou em rota de colisão com Tommy Mottola, à época, todo poderoso da Sony. Essas rusgas levaram ao rompimento com gravadora, menos de um ano após o lançamento de Invincible. A proximidade do aniversário de 30 anos de carreira também influenciou o trabalho de divulgação do disco, bem como o atentado às Torres Gêmeas, em Nova York. A festa pela marca histórica foi comemorada com dois shows no Madison Square Garden em setembro de 2001. Artistas como Britney Spears, Whitney Houston, Slash, Usher e Destiny’s Child marcaram presença.
O disco, atualmente, possui um caráter simbólico para os fãs de Michael Jackson. Foi o último registro de inéditas do Rei do Pop lançado com ele em vida. Pode não ter sido uma despedida brilhante (e não o foi), mas mesmo nos momentos mais difíceis, ele era o maior. E dificilmente deixará de ser.