Talvez o som da banda – que pode ser considerada brasileira, já que todos os integrantes são residentes de Belo Horizonte – Young Lights entregue um pouco suas origens. Cantando em inglês e com fortes influências folk, a banda lançou no último dia 30 de novembro de 2017 seu álbum homônimo, talvez uma das grandes surpresas que o final de ano poderia reservar.
O vocalista e líder Jairo Horsth foi criado em Massachusetts, EUA, e se mudou para o Brasil no final de 2010. Jairo afirma que começou a compor para lidar com a bagagem emocional e também para canalizar seus pensamentos e experiências, e daí para montar o grupo foi um pulo. Em uma entrevista recente, os músicos afirmaram que todos atualmente contribuem ativamente para a identidade musical da banda. A banda lançou seu primeiro EP, intitulado An early winter em 2013 e volta agora com força total em um álbum completo, com um total de oito faixas e pouco mais de 30 minutos de duração.
Na esteira das bandas alternativas em atividade, o Young Lights não tem medo de se aventurar em sonoridades que pendem um pouco mais para o post rock.
Na esteira das bandas alternativas em atividade, o Young Lights não tem medo de se aventurar em sonoridades que pendem um pouco mais para o post rock. Na verdade, muitas faixas ecoam – tidas as devidas proporções – toques de Explosions in the Sky e outros grupos do gênero.
A voz de Jairo é agradável e chega a lembrar um pouco Chris Martin, mas calma, o som da banda em si não tem nada a ver com o Coldplay. A faixa de abertura, “Chasing Ghosts” é, sem dúvida, uma das mais fortes do todo, e mostra que estamos falando aqui de músicos experientes.
Um dos grandes méritos do álbum é com certeza a transição suave entre as faixas. Como um conjunto coeso e pensado enquanto unidade, o disco flui de uma faixa para outra como uma progressão perfeita, que finalmente culmina em “Singing Bird (in a cage)”. Um dos pontos altos também é “Old and grey”, uma faixa melancólica, que mescla os elementos do folk enquanto a letra coloca algumas das perguntas que inevitavelmente nos fazemos: “Will you remember/ When you’re old and you’re gray?/ Sitting on your rocking chair/ Waiting for the day /You’ll be on your way”. O disco também conta a participação especial de Gustavo Bertoni, vocalista do Scalene, na faixa “Fast Heart”, e Matheus Fleming em “Understand, man”.
Um pouco na contramão do que vem se configurando como o cenário nacional, o Young Lights parece seguir uma linha alternativa muito mais alinhada com o que vem desenvolvendo as bandas internacionais. Por vezes mais melódico, em alguns momentos muito próximo inclusive do gospel, o segundo álbum de estúdio do Young Lights é promissor, maduro e consistente e, talvez, um dos grandes destaques do segundo semestre do ano passado.