Sã é uma banda que vem criando sua própria personalidade. Com letras em português e uma sonoridade pesada, o trio é certamente um daqueles nomes que vale a pena ficar de olho. Natural de Goiânia, o grupo se insere em duas cenas musicais principais: primeiramente, na própria cena da capital de Goiás, que é palco de festivais tradicionais como o Bananada, o Goiânia Noise e o Vaca Amarela e que revelou recentemente nomes como Carne Doce e Boogarins. E, em segundo, também integram a cena formada por bandas nacionais que apostam na musicalidade do stoner e do rock com uma pegada setentista, muitas delas hoje reunidas no selo carioca Abraxas.
O grupo iniciou ao projeto há cerca de três anos, em 2015, quando Danilo Xidan (guitarra e vocal) conheceu os irmãos Alexandre Sardelari (baixo) e Bruno Sardelari (Bateria) em um bar de Rio Verde, em Goiás. A parceria que começou ali não parou desde então e, hoje, a Sã é uma banda que já demonstra consistência e faz juz ao termo “power trio”, principalmente pelo virtuosismo e pela força quem empenham nas canções. Um dos primeiros registros lançados foi o videoclipe da faixa “Translação”, que estreou nas redes em agosto do ano passado.
O instrumental e o vocal fortes, associados à interpretação própria que a banda faz de temas contemporâneos a partir de tradições e simbologias, mostram as variadas possibilidades musicais e temáticas que nascem e vivem dentro da cena independente Brasil afora.
Em 2018, a Sã chega ao público com seu disco de estreia. Una-Maçã é composto por seis faixas e saiu em julho pelo selo Abraxas. Norteando o álbum está a ideia de um questionamento dos tempos atuais, das tradições, repetições históricas e dualismos. “A maçã negra simboliza isso tudo. O início sem fim de todos os pecados. A perene punição pela desobediência. A tentação da bruxa… todas essas referências estão no cotidiano das pessoas, principalmente nas fábulas contadas pela mídia, ainda mais no maior circo de todos: a eleição”, explicou o guitarrista Daniel Xidan ao site Hits Perdidos.
O álbum abre com “Desprogramação”, faixa que ganhou clipe no último mês, e que questiona a relação com os meios de comunicação, em especial com a televisão. Em “Una”, canção seguinte, o tema são os julgamentos, enquanto em “Damaru”, música que tem ótimas oscilações e a inserção da percussão, fala sobre guerras. “A máquina”, quarta música de Una-Maçã, é um dos pontos altos do disco. Nela, a banda fala sobre o ritmo acelerado da vida contemporânea. A canção ganhou, inclusive, um vídeo no qual é sincronizada perfeitamente com um trecho do filme Tempos Modernos, de 1936, clássico de Charlie Chaplin. O disco traz ainda “Cura”, que fala sobre loucura, e “27”, uma referência a músicos que morreram aos 27 anos.
Musicalmente, a Sã é bastante fiel à sua proposta de “rock psicodélico, visceral e filosófico”. Guiando o seu som estão referências como o blues rock, o stoner, a psicodelia e o grunge (a banda faz, inclusive, shows tributo ao Nirvana). A audição de Una-Maçã é uma boa oportunidade de conhecer esse universo sonoro. O instrumental e o vocal fortes, associados à interpretação própria que a banda faz de temas contemporâneos a partir de tradições e simbologias, mostram as variadas possibilidades musicais e temáticas que nascem e vivem dentro da cena independente Brasil afora. O resultado certamente faz do grupo uma boa novidade que vale a pena acompanhar e, certamente, ouvir.
NO RADAR | Sã
Onde: Goiânia, GO;
Quando: 2015;
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