Na impossibilidade de escrever críticas longas sobre todas as peças a que estou assistindo neste Festival de Curitiba 2017, gostaria de lançar alguns pensamentos sobre E se Elas Fossem Para Moscou, que teve apresentações dias 29 e 30 de março no Guairinha.
A obra de Christiane Jatahy adapta As três irmãs, de Tchékhov, dentro da proposta de longa data dessa artista de aliar o cinema e o teatro, borrando também a fronteira entre ficção e realidade.
- A adaptação de um clássico não requer, necessariamente, a atualização. Mas como ficou boa a transposição para nossos dias, com a onipresença dos celulares e a questão do bullying.
- Ao mesmo tempo, as questões atemporais tratadas por Tchékhov vêm com carga total na peça. A angústia do homem moderno, as relações simbióticas familiares, a incapacidade de satisfação do homem, a incomunicabilidade nos casamentos. O sonho e a desilusão, o medo da morte…quantas coisas essa obra-prima traz!
- Na linguagem, os solilóquios das irmãs para a câmera são notáveis! A passagem do tempo, a forma banal como se fala das coisas grandes também.
- O aspecto sombrio é capturado também de forma a levar os estudantes de cinema à loucura.
- Performances maravilhosas de Julia Bernat, Stella Rabello e Isabel Teixeira!