Depois de uma pausa de um ano, o Núcleo de Dramaturgia do Sesi-PR volta à ativa com um novo grupo de 15 artistas e interessados em conhecer mais do mundo da escrita para teatro. A notícia é excelente, já que o período desde 2009, quando o programa começou suas turmas, marca uma revolução no cenário curitibano, com um investimento grande no treinamento e na troca de experiências.
É claro que sempre tivemos gente ótima escrevendo para os palcos, como Edson Bueno, Marcelo Marchioro, Nena Inoue, Diogo Fortes e a lista continua, imensa.
Mas o Núcleo trouxe uma coragem ainda maior para inovar, um espírito de escola de criação. Algo como “a nova escola de dramaturgia curitibana”, no sentido de corrente mesmo, estava no ar.
Mas o Núcleo trouxe uma coragem ainda maior para inovar, um espírito de escola de criação.
Nas turmas que frequentaram o curso durante sete anos houve novatos e um pessoal que já escrevia, gente que hoje se destaca, como o próprio Fortes, além de Alexandre França, Don Correa, Eduardo Ramos, Leo Moita, Marcelo Bourscheid. E descobertas fantásticas, como Ana Johan e Martina Sohn-Fisher.
Para mim o espírito do Núcleo remete ao que senti na noite de estreia de Hieronymous nas Masmorras, de Luiz Felipe Leprevost, em 2011. O teatro José Maria Santos lotado com gente que vibrava, aquele breu muito motivado pela orientação da época, de Roberto Alvim. Aquele texto visceral, aquele personagem transumano, aquela encenação curta e marcante. No final, só portas abertas e tchau, ninguém veio agradecer os aplausos. Outros tempos. Era meu ano de estreia na cobertura de artes cênicas, tudo incrível.
Não é novidade que o orçamento para cultura sofreu cortes no país todo, por isso é louvável que um projeto que chegou a ser interrompido como o Núcleo tire forças extras para ressurgir. É preciso notar também que o Sesi mantém outros núcleos criativos, como o audiovisual.
Um pouco do que deve ser o espírito desse novo momento do Núcleo foi trazido neste sábado (24 de junho) por Cecília Salles (PUC-SP), em palestra aberta no Sesi Portão.
Falando sobre sua pesquisa a respeito dos processos de criação colaborativa, enfatizou o quanto sentar ao redor de uma mesa, essa atitude tão “tradicional”, ainda é o melhor meio para troca de ideias. E mesmo no projeto, o mais colaborativo possível, a atuação individual do artista é fundamental.
As aulas do Núcleo serão trazidas por Stefan Baumgärtel e Jé Oliveira, e haverá ainda encontros imersivos com Marcio Abreu e Alejandro Ahmed. Uma diferença neste ano, ao longo dos cinco meses de duração da nova turma, deverão ser os momentos abertos à comunidade, com palestras e colóquios para qualquer interessado.