A revista francesa Cahiers du Cinéma, mais importante publicação sobre a sétima arte no mundo, escolheu, no fim de 2019, Holy Motors (2012), do francês Leos Carax, o melhor longa-metragem da década passada. No top 10, ficou apenas atrás de Twin Peaks: O Retorno (2017), de David Lynch, tecnicamente não um filme, mas uma série, terceira temporada da mítica produção televisiva de 1990.
Embora rankings sejam sempre discutíveis, Holy Motors é mesmo uma obra-prima hipnótica e perturbadora. É sombrio e com fortes traços de hiper-realismo, quando não de surrealismo, assim como Twin Peaks, e, portanto exemplar na filmografia Carax, um cineasta muito original que, em 2020, completa 60 anos.
Na lista, ficou apenas atrás de Twin Peaks – O Retorno,, de David Lynch, que, tecnicamente, não é um filme, mas uma série, sequência da mítica produção televisiva de 1990..
Denis Lavant, que já trabalhou com o cineasta em grandes filmes como Sangue Ruim e Os Amantes de Pont Neuf, vive o personagem central , o sr. Oscar, um homem que encarna diferentes papéis e, ao longo de sua jornada pelas ruas de Paris, se transforma. Ele pode ser um assassino, um industrial, um mendigo, um monstro assustador e um pai de família.
O espectador tem acesso às várias vidas do protagonista, mas nunca consegue descobrir sua identidade, quem ele é em seu dia a dia. Oscar é sempre escoltado por Céline, que o transporta em uma limusine cidade adentro.
Ao mesmo tempo em que discute o tema super contemporâneo da mobilidade urbana, e a fetichização do automóvel, o filme fala sobre a busca de outras experiências, de uma quebra com a mesmice da realidade e do dia a dia. Carax defende que, com a internet, com o mundo digital, tornou-se mais possível, de certa maneira, ter diferentes vivências, porém quase sempre no plano virtual. E Holy Motors propõe a possibilidade de concretização dessas fantasias, por mais extremas que sejam. O resultado assusta, mas é espetacular.
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