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‘Um grão de trigo’: Ngũgĩ wa Thiong’o estabelece jogo de espelhos em romance visceral

Em 'Um grão de trigo', Ngũgĩ wa Thiong'o cria retrato conflituoso de um país à beira da revolução.

porJonatan Silva
25 de setembro de 2015
em Literatura
A A
Ngũgĩ wa Thiong’o - Um grão de areia

Imagem: Reprodução.

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Quando o nome do queniano Ngũgĩ wa Thiong’o apareceu ao lado de Haruki Murakami como favorito ao Nobel de Literatura do ano passado, o autor de Um grão de trigo (Alfaguara) não passava de um ilustre desconhecido por aqui. Marcada por uma trajetória política, a obra de Thiong’o funciona como um olhar aguçado sobre os anos em que o Quênia tentou se libertar da Inglaterra e depois do ditador Daniel arap Moi.

Um Grão de Trigo, publicado originalmente em 1967, pontua as convulsões de um país às raias de um massacre, mas é também um livro sobre o segredo, as fraquezas do ser humano e o acaso. A história se divide em três partes, cada uma apresentada por um versículo sagrado – ficcionalmente sublinhado na bíblia carregada por Kihika, mártir na luta pela independência do seu povo.

Após ser enforcado em uma árvore, Kihika se torna aquilo que canção antirracismo de Billie Holiday chamou de “fruto estranho”. A imagem ressoa durante todo o livro e funciona como um teatro de sombras, manipulando  o leitor e os “atores” dentro do texto. Thiong’o é habilidoso ao criar uma narrativa engenhosa em que cada personagem funciona como uma espécie de arquétipo. Mugo, um homem calado e solitário, é o herói da revolução na aldeia de Thabai. Gikonyo é um comerciante de caráter duvidoso, enquanto Karanja é apontado como o homem que delatou e levou Kihika à morte.

A chave para desvendar o segredo do livro está cena de abertura, em que uma gota d’água se suja ao tocar a fuligem.

Mas as impressões não passam de uma casa de espelhos. Os corpos deformados nem sempre o são. As imagens que transbordam perfeição rescendem ao impróprio como no conto “Tema do traidor e do herói”, de Jorge Luis Borges (1899 – 1986). A chave para desvendar o segredo do livro está cena de abertura, em que uma gota d’água se suja ao tocar a fuligem.

Política

Thiong’o é obsessivo com a história de seu país, principalmente os anos da Revolta dos Mau Mau (1952 – 1960), assim como Patrick Modiano, que acabou por receber o Nobel, usa a ocupação alemã em Paris como fonte inesgotável para seus livros. Mas o escritor queniano vai além e estabelece em Um Grão de Trigo uma colcha de retalhos conflituosa em que gerações são confrontadas, as crenças e a religião são colocadas à prova e, claro, o dicotômico embate entre brancos e negros toma forma na figura do colonizar e do colonizado.

Ainda que esteja muito menos envolvido com a política que Mario Vargas Llosa ou Roberto Bolaño (1943 – 2003), o autor de Sonhos em Tempo de Guerra se tornou persona non grata em solo queniano durante o governo de Moi. Quando retornou ao país, após quase 20 anos de exílio nos Estados Unidos e na Inglaterra, o escritor e sua esposa foram brutalmente agredidos em seu apartamento. O incidente, que só teve fim depois que os invasores violentaram a mulher do Thiong’o, serviria de inspiração para o romance Wizard of the Crow, publicado em 2008.

UM GRÃO DE TRIGO | Ngũgĩ wa Thiong’o

Editora: Alfaguara;
Tradução: Roberto Grey;
Tamanho: 304 págs.;
Lançamento: Junho, 2015.

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Tags: AlfaguaraCrítica LiteráriaLiteraturaLiteratura AfricanaNgũgĩ wa Thiong'oResenhaUm grão de trigo

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