• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

‘Sem Tetas Não Há Paraíso’: qual o preço do paraíso?

'Sem Tetas Não Há Paraíso', do colombiano Gustavo Bolívar Moreno, lançamento da editora Record, é um relato cruel sobre o submundo dos cartéis de drogas.

porAlejandro Mercado
18 de janeiro de 2016
em Literatura
A A
'Sem Tetas Não Há Paraíso': qual o preço do paraíso?

O autor Gustavo Bolívar Moreno. Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Gustavo Bolívar Moreno é um escritor e roteirista colombiano. Seu recém-lançado Sem Tetas Não Há Paraíso (Record, 306 páginas) é um best-seller em seu país, tendo ganhado três adaptações para a TV em formato seriado – na Colômbia, na Espanha e nos Estados Unidos (focado no público hispânico). Todo esse auê tem uma razão bem simples: um romance com foco no narcotráfico colombiano, que, pelo que parece, ainda é um dos maiores produtos de exportação do país sul-americano.

Uma frase de um dos capítulos iniciais é colocada na capa da obra, que nos permite já ter dimensão do tamanho do coice que vem por aí. Não é um spoiler, apenas uma degustação. A obra acompanha a vida de Catalina, uma menina de 14 anos residente em Pereira, capital do estado de Risaralda. Como em muitas outras cidades colombianas, Pereira vive sob a égide dos traficantes de cocaína. Quase tudo o que acontece na cidade tem alguma ligação com o pó branco.

Quem acompanha o seriado Narcos tem uma boa noção do contexto. Casas noturnas, restaurantes, cafés e outros estabelecimentos são redutos de narcotraficantes, quando não comandados pelos próprios, tudo sob a vista grossa das autoridades, condescendentes, seja por medo ou por corrupção – plata o plomo. E é nessas circunstâncias que Catalina cresce, vivendo uma vida para a qual ela busca por mais. Ela e suas amigas desde cedo começam a se envolver com os narcotraficantes que, sedentos por luxúria, pagam altas quantias para terem seus corpos. Sim, esqueça o fato delas serem menores de idade, é apenas mais tempero para eles.

Numa versão latina dos haréns, eles administram uma namorada dita “oficial” e outras “reservas”. Sim, no plural mesmo. Todas nesta “cadeia produtiva” ganham com o dinheiro das drogas. Joias, carros, roupas de marca, melhores restaurantes, cirurgias plásticas. E isso se torna a obsessão de Catalina. Acontece que ela não sabia que sua felicidade dependeria de um pequeno fator, aliás, um grande: o tamanho do sutiã. Ter os seios pequenos faz com que seja rejeitada inúmeras vezes pelos traficantes, que parecem se atrair apenas por mulheres com grandes seios – daí o nome do livro.

E, assim como Jesus foi negado por Paulo, ela é rejeitada por conta de seus pequenos seios. E tal qual na história bíblica, Catalina procura que esses homens se arrependam.

Como não tem seios fartos, não consegue programas e, consequentemente, não ganha um tostão sequer. Seria ruim se não piorasse ao ver que suas amigas de infância e de bairro chegam em suas casas com sacolas imensas, enfrentam inúmeras cirurgias plásticas para tornarem-se perfeitas, enquanto ela mingua com um namorado que por ela tudo faz, uma mãe que nutre uma solidão constante e um irmão que não quer saber de nada na vida. E, para Catalina, isso é inadmissível, especialmente a parte de não ganhar presentes e fazer cirurgias. E, assim como Jesus foi negado por Paulo, ela é rejeitada por conta de seus pequenos seios. E tal qual na história bíblica, Catalina procura que esses homens se arrependam. Curiosamente, a própria Catalina também nega sua família, o amor de seu namorado, o receio da mãe. Irônico, não?

Sem Tetas Não Há Paraíso é uma boa obra, ainda que Gustavo Bolívar Moreno derrape por vezes em fazer descrições tão minuciosas que tornam sua leitura morosa, quase documental. Em contrapartida, a riqueza de detalhes é um aspecto que joga a favor da trama, por vezes arrancando um pedaço de nossa própria alma. É impossível não se condoer por Catalina e, também, ter raiva de suas atitudes. Mas, afinal, ela é demasiadamente humana. Seus conflitos acerca do que seja a felicidade encontram em nós cúmplices, também absortos em buscar internamente o que acreditamos ser a felicidade, ou pensando no que faríamos para que nossos sonhos se tornassem reais.

Outro aspecto positivo da obra de Moreno é o distanciamento ao narrar a prostituição. Por mais que o narrador não compreenda como alguém se entrega à prostituição para obter dinheiro, ele não tece críticas à carreira. É quase uma abordagem paternal, terna. O narrador do livro apenas não consegue fazer vista grossa às drogas, à corrupção do Estado. Provavelmente isto aconteça pelo autor ser presidente da Fundación Manos Limpias, que luta contra a corrupção política na Colômbia.

A pergunta, ao final, é inevitável, ainda que não seja deixada nem de forma implícita pela obra: qual o preço do paraíso?

SEM TETAS NÃO HÁ PARAÍSO | Gustavo Bolívar Moreno

Editora: Record;
Tradução: Luís Carlos Cabral;
Tamanho: 308 págs.;
Lançamento: Junho, 2015.

COMPRE O LIVRO E AJUDE A ESCOTILHA

Tags: Crítica LiteráriaEditora RecordGustavo Bolívar MorenoLiteraturaResenhaSem Tetas Não Há Paraíso

VEJA TAMBÉM

'O Amigo' foi o primeiro romance de Sigrid Nunez publicado no Brasil. Imagem: Marion Ettlinger / Divulgação.
Literatura

Em ‘O Amigo’, Sigrid Nunez conecta as dores do luto e do fazer literário

10 de julho de 2025
Michael Cunningham tornou a publicar após anos sem novos livros. Imagem: Richard Phibbs / Reprodução.
Literatura

Michael Cunningham e a beleza do que sobra

8 de julho de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

'O Amigo' foi o primeiro romance de Sigrid Nunez publicado no Brasil. Imagem: Marion Ettlinger / Divulgação.

Em ‘O Amigo’, Sigrid Nunez conecta as dores do luto e do fazer literário

10 de julho de 2025
Michael Cunningham tornou a publicar após anos sem novos livros. Imagem: Richard Phibbs / Reprodução.

Michael Cunningham e a beleza do que sobra

8 de julho de 2025
Roteiro de Joseph Minion foi sua tese na universidade. Imagem: The Geffen Company / Divulgação.

‘Depois de Horas’: o filme “estranho” na filmografia de Martin Scorsese

8 de julho de 2025
O escritor estadunidense Kurt Vonnegut. Imagem: Matthias Rietschel / AP Photo / Reprodução.

‘Um Homem Sem Pátria’: o provocador livro de memórias de Kurt Vonnegut

7 de julho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.