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‘Carol’ e ‘Spotlight’ evisceram a hipocrisia da sociedade norte-americana

'Carol' e 'Spotlight' têm um comum o olhar crítico em relação à sociedade nos Estados Unidos em diferentes momentos de sua história.

porPaulo Camargo
22 de janeiro de 2016
em Cinema
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'Carol' e 'Spotlight' evisceram a hipocrisia da sociedade norte-americana

Imagem: Reprodução.

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Os longa-metragens Carol e Spotlight – Segredos Revelados, além de serem produções independentes, realizadas fora dos grandes estúdios, e estarem indicadas ao Oscar 2016 em diversas categorias, aparentam ter muito pouco em comum. Há entre as duas obras, entretanto, um fio invisível, porém bastante relevante, que as costura uma à outra e as aproxima de forma importante. Cada filme, à sua maneira, fala sobre hipocrisia travestida de valores morais em diferentes momentos da história dos Estados Unidos no século 20.

Baseado no romance The Price of Salt (rebatizado de Carol no Brasil, lançado pela editora LP&M), da escritora norte-americana Patricia Highsmith (de O Talentoso Ripley), o filme está indicado a seis estatuetas e conta a história de amor entre duas mulheres durante a década de 1950.

O diretor Todd Haynes, um apaixonado pelo cinema clássico hollywoodiano, que já havia homenageado os melodramas do mestre Douglas Sirk no belíssimo Longe do Paraíso, faz de seu filme um contundente, ainda que delicado e romântico, comentário sobre as relações sociais em um momento de latentes, porém significativas transformações no pós-Segunda Guerra Mundial.

Baseado no romance The Price of Salt (rebatizado de Carol no Brasil, lançado pela editora LP&M), da escritora norte-americana Patricia Highsmith (de O Talentoso Ripley), Carol está indicado a seis estatuetas

Com evidente influência da pintura realista de Edward Hopper, Haynes embota seu filme – cuja espetacular fotografia indicada ao Oscar é assinada por Edward Lachmann (também de Longe do Paraíso) – de referências visuais aos Estados Unidos da época, tempos de prosperidade material, ainda pautada por um senso de elegância, formalidade e glamour nas vestimentas e na decoração. Afluência visível.

Esse é o mundo da protagonista Carol Aird (Cate Blanchett, indicada a melhor atriz), uma mulher refinada, elegante, que nele parece uma prisioneira de luxo, agrilhoada pelas convenções sociais que a condenam a uma vida de aparência, a um casamento sem amor e à negação de sua homossexualidade, já vivenciada com uma amiga de infância, Abby (Sarah Paulson).

Quando conhece Therese Beliver (Rooney Mara, vencedora do prêmio de melhor atriz em Cannes e na disputa pela estatueta de coadjuvante) tudo muda. A jovem, vendedora de uma loja de departamentos, é uma aspirante a fotógrafa e, com seu estilo de vida mais boêmio e menos burguês, representa para Carol a possibilidade de ruptura, de quebra com uma ordem social que a sufoca.

Mas o processo não será fácil. O marido de Carol, Harge (Kyle Chandler, do seriado Friday Night Lights), que se diz ainda apaixonado, mas na verdade parece mais interessado na manutenção do status quo heteronormativo, ameaça tirar da mulher a custódia da filha do casal, se ela insistir em levar a cabo sua história de amor lésbico com Therese, que se concretiza durante uma viagem de carro pelas estradas do país.

Como em O Segredo de Brokeback Mountain, a civilização ameaça a natureza em Carol. As duas mulheres têm de sair da cidade, partir para o mundo, para concretizar sua paixão. A sociedade parece não querer reconhecer a possibilidade desse amor, que desafia as normas vigentes. Resta a elas o espaço transitório, instável, porém libertador da estrada.

Pedofilia

Essa mesma sociedade também é, de certa forma, antagonista e empecilho em Spotlight – Segredos Revelados, de Tom McCarthy (do ótimo O Visitante), um dos favoritos ao Oscar de melhor filme e indicado em outras cinco categorias, incluindo melhor direção.

Na tradição dos vigorosos dramas hollywoodianos sobre jornalismo, como Todos os Homens do Presidente e Rede de Intrigas, Spotlight se passa em Boston no início dos anos 2000, quando a equipe de repórteres investigativos do diário Boston Globe, incitada por um novo diretor de redação, Marty Baron (Liev Schreiber), recém-chegado de Miami, a levar às páginas do jornal as histórias de centenas de vítimas de pedofilia praticada por padres que, ao longo de décadas, contaram com a proteção e omissão do cardeal Law (Len Cariou).

McCarthy, que também coassina o ótimo roteiro, constrói uma narrativa direta e vigorosa, sem grandes firulas, que, recorrendo a afiados diálogos e a cenas muito bem construídas, reconstitui o processo que deu à equipe especial Spotlight do Boston Globe o Pulitzer, mais importante premiação do jornalismo e da literatura nos Estados Unidos.

Como Boston tem uma forte presença das comunidades irlandesa, italiana e portuguesa, entre outras de fé católica, a força da Igreja na cidade permeia quase todas as relações sociais e políticas, o que por muito tempo impediu que os casos de pedofilia praticada por integrantes do clero viesse à tona.

A sociedade, de certa forma, foi tanto vítima como cúmplice, diante da possibilidade de ver ruir um de seus principais pilares.

O filme, embora não vá muito fundo na discussão da pedofilia, ou do comportamento desviante dos padres, que de certa forma também são vítimas de uma instituição arcaica e autoritária, é um grande filme sobre a força do bom jornalismo, quando ele age com independência e senso de ética e responsabilidade social.

Nesse contexto, é exemplar, e fascinante, o personagem do repórter Mike Rezendes (Mark Ruffalo, indicado ao Oscar de coadjuvante por sua grande atuação). Apaixonando pelo ofício, obstinado e algo ingênuo, Rezendes (de origem portuguesa) encarna um tipo de jornalismo em extinção na burocratizada imprensa atual, pouco disposta a investir no jornalismo de investigação, que envolve investimento tanto financeiro quanto institucional.

Completam o ótimo elenco, favorito ao prêmio do Sindicato dos Atores (SAG), Michael Keaton, Rachel McAdams (indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante) e John Slattery, que vive o editor Bem Bradlee Jr., filho do editor responsável pela série de reportagens do The Washington Post que desencadeou o Caso Watergate, que culminou com a renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974. Em Todos os Homens do Presidente, o personagem de Bradlee deu a Jason Robards o Oscar de melhor ator coadjuvante.

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