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‘O Capote’: a conjugação de catástrofes no humor de Nikolai Gógol

Coluna mergulha em um dos contos mais famosos de Nikolai Gógol (1809-52), 'O Capote', procurando entender suas intenções literárias.

porWalter Bach
14 de julho de 2016
em Literatura
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'O Capote': a conjugação de catástrofes no humor de Nikolai Gógol

Imagem: Reprodução.

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Ih, olha quem chegou. O funcionário mais azarado do nosso departamento. Mas também, a má sina dele começa no nome. Que tipo de parente dá o nome de Akáki Akákievitch pra uma criança? Há quem acredite que o nome foi herança de família, isso explica a falta de sorte do Akáki, o cara tem capacidade pra capotar em cada canto que vou te contar. Ele consegue passar debaixo das sacadas da vizinhança bem quando as moradoras estão jogando restos de comida pela janela, daí fica o dia inteiro com cascas de melancia e coisas assim largadas naquele capote velho. Pensando bem, o capote é a cara dele: velho, feio, gasto, mal conservado e desbotado que caramba, ô cabeça a dele pra andar por aí desse jeito.

Akáki Akákievtich é o protagonista do conto O Capote, cria do russo Nikolai Gógol. Se vivo em nossa época, talvez fosse um sujeito muito tímido, com medo de cair na própria sombra, daqueles que a gente pode suspeitar ter sido alvo de um bullying pesado a vida toda. Ele é boa gente, mas é tão… tão Akáki, parece ter uma barreira entre ele e o resto do mundo, a gente demora pra notá-lo perto. É como se a marca dele fosse uma fantasmagoria bizarra, está e não está aqui.

Akáki Akákievtich é o protagonista do conto O Capote, cria do russo Nikolai Gógol. Se vivo em nossa época, talvez fosse um sujeito muito tímido.

Essa história só muda um pouco quando o Akáki junta uns trocados miseráveis pra comprar um capote novo. Nem cabe em si de tanta emoção, parece um novo homem; até decide festejar um pouco. Quer dizer, festa pra um cara com a sociabilidade do Akákievitch pode ser demais, mas deixa ele se dar mais esse luxo, catástrofes ambulantes feito ele também podem ser felizes.

Podem. Se conseguem, é com elas. Não foi ninguém do departamento, nem alguém perto dele, mas ô falta de sorte do cara. Justo quando ele se “excede” e sai de sua vida regrada uma noite, bem quando festeja um pouco, alguém dá cabo dele. Tomam o capote e a vida de uma vez. Caramba, um pobre funcionário não pode nem cair na farra uma vez, arejar a cabeça da cacofonia burocrática, dos mal-fadados carimbos sociais e do caminho da miséria de costume. Daria pra escrever um diário de um louco só olhando o jeito do Akáki, se alguém sentir falta de suas confusões habituais. Um momento. Que vulto é aquele, não é… não. O Akáki Akákievtich já caiu fora desta casca terrestre, não tem a menor chance daquele vulto ser ele. Seria grotesco se ele andasse por aí depois do que o aconteceu.

Voltando à “realidade” fora do exercício de cronista dentro de um conto, o nome do personagem revela parte do humor de Gógol. No artigo Farândola de Nomes, o tradutor do russo, Bóris Schnaiderman, fala do ridículo da repetição de sons “ká”, de alusão coprológica, além do “sobrenome Baschmátchkin, que provém de ‘baschmák’ (sapato), muito característico para quem é pisado pelos demais, é facilmente esquecido, diante da conjugação ridícula e engraçada de sons, que se obtém com o prenome seguido do patronímico”. Apenas para confirmar que ele conjugava catástrofes para suas crias.

O CAPOTE (E OUTRAS HISTÓRIAS) | Nikolai Gógol

Editora: Editora 34;
Tradução: Paulo Bezerra;
Tamanho: 224 págs.;
Lançamento: Janeiro, 2015 (atual edição).

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Tags: Book ReviewCrítica LiteráriaEditora 34humorLiteraturaliteratura russaNikolai GógolnomenclaturaO CapoteResenha

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