Em tempos de gritaria, tempos que demonstram que estamos falando mais do que ouvindo, algo que vai, em muitas maneiras, contra a lógica de uma vida em equilíbrio, recorro ao silêncio de uma olhada à Lua. Nada mais simbólico que tenhamos dois ouvidos, dois olhos e apenas uma boca.
Olho para a Lua como quem espera uma resposta, um sinal, uma notícia que seja apontando a existência de vida fora dos limites terrestres.
Olhamos a Lua e fazemos perguntas retóricas, ampliando nossas percepções da vida ao dar uma oportunidade a que o silêncio fale. E ele fala, sempre.
É um olhar de quem procura a esperança de um lugar onde reine a paz, o silêncio, a tranquilidade para o exercício do pensamento. Também olhamos a Lua procurando uma explicação, uma forma de autoconhecimento mais profunda do que uma simples encarada frente ao espelho.
Quem olha a Lua às vezes procura enxergar o próximo, reconhecendo que há algo indecifrável e cativante à alma no olhar de um outro alguém. Em última instância, a olhamos porque olhar para a Terra nos assusta e para o Sol nos cega. Olhamos e fazemos perguntas retóricas, ampliando nossas percepções da vida ao dar uma oportunidade a que o silêncio fale. E ele fala, sempre.
Inevitavelmente, o dia amanhece e nós, pacientemente, esperaremos a Lua. De novo, ainda que seja tudo diferente, ainda que as horas que separam uma olhadela da outra nos transformem em outro. No fim, ninguém olha a mesma Lua duas vezes na vida e nem ela vê as mesmas pessoas. Por isso é sempre tão embasbacante. A Lua, o silêncio, falar menos e ouvir mais.