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‘Aguapés’: a saga entre dois mundos

O romance 'Aguapés', de Jhumpa Lahiri, embora tenha uma estrutura épica, manipula esse formato: o melodrama é nuançado. A história, ainda que dolorosa, se potencializa por meio da economia emocional, da contenção.

porPaulo Camargo
4 de abril de 2015
em Literatura
A A
Jhumpa Aguapés

A escritora britânica de origem indiana Jhumpa Lahiri discute o confronto entre Oriente e Ocidente em sua obra. Imagem: Reprodução.

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Finalista do Man Booker Prize, um dos mais importantes da língua inglesa, em 2013, Aguapés (Editora Globo, 440 págs.), da escritora britânica de origem bengalia Jhumpa Lahiri, retrata o esfacelamento gradual de uma família, e sua reinvenção. Toma como pano de fundo eventos históricos ocorridos na Índia da segunda metade do século 20.

A trama se inicia entre os anos 1950 e 1960, na cidade de Calcutá, no nordeste do país, próxima a Bangladesh, e se estende ao outro lado do mundo, aos Estados Unidos dos dias atuais. O fator desencadeador da narrativa, uma saga familiar construída ao longo de três gerações em tom intimista, é a ascensão do movimento naxalita, organização de extrema-esquerda, de influência maoísta, e avança no tempo desenhando as transformações na vida dos personagens, profundamente afetadas por uma tragédia.

Os livros anteriores de Jhumpa, a coletânea de contos Intérprete de Males (1999) (vencedora do Prêmio Pulitzer) e o romance O Xará (2003) (adaptado para o cinema), também lidam com os choques culturais, religiosos e sociais enfrentados por indianos fora das fronteiras de seu país de origem.

A partir do assassinato de um jovem militante do movimento naxalita muito perto da casa onde os pais da Jhumpa viveram na vida real, Aguapés bebe da realidade para fazer ficção. Dois irmãos, Subhash e Udayan Mitra, vivem grudados na infância e adolescência, na Calcutá dos anos 1960. No início da idade adulta, contudo, se veem separados por suas decisões.

Os livros anteriores de Jhumpa, a coletânea de contos Intérprete de Males (1999) (vencedora do Prêmio Pulitzer) e o romance O Xará (2003) (adaptado para o cinema), também lidam com os choques culturais, religiosos e sociais enfrentados por indianos fora das fronteiras de seu país de origem.

Subshah, mais dócil e apolítico, se muda para Rho­­de Island (onde o pai de Jhumpa lecionou), nos Estados Unidos, para estudar Ciências Marinhas. Já seu irmão mais novo, Udayan, ingressa na militância naxalita e, depois de cometer um ato terrorista, acaba sendo executado.

De volta à Índia, Subshah decide casar com a viúva do irmão, Gauri, que está grávida e a leva para os EUA, onde ela até tenta desempenhar o papel de uma esposa indiana tradicional, mas acaba por escolher uma carreira intelectual, tornando-se doutora em Filosofia. Trilhando uma jornada feminista radical, em consonância com o que acontecia nos EUA à época.

Jhumpa, como seus personagens, tem origem bengali, nasceu na Inglaterra, mas foi criada nos EUA e hoje vive em Roma com o marido e os filhos. Ela, que esteve na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) no ano passado, traz para a sua literatura a experiência de ser uma escritora cujas raízes ancestrais se entrelaçam à cultura ocidental que viveu desde a infância. Há muito dela em Gauri.

A autora confronta, em Aguapés, Oriente e Ocidente, discutindo a possibilidade de sobrevivência da tradição em um momento em que o mundo se alimenta de tantas culturas ao mesmo tempo, tendendo a anular diferenças, em vez de assimilá-las. Embora tenha uma estrutura épica, por não deixar de ser uma saga, o romance manipula esse formato: o melodrama é nuançado. A história, ainda que dolorosa, se potencializa por meio da economia emocional, da contenção.

AGUAPÉS | Jhumpa Lahiri

Editora: Biblioteca Azul;
Tradução: Denise Bottmann;
Tamanho: 440 págs.;
Lançamento: Junho, 2014.

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Tags: AguapésBiblioteca AzulCrítica LiteráriaJhumpa LahiriLiteraturaMan Booker PrizeResenha

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