Não há dúvidas de que a série espanhola La Casa de Papel, que estreou na Netflix no fim do ano passado, é um sucesso mundial. No Brasil, só se falava disso nas primeiras semanas de estreia e logo depois que a segunda (e até então final) parte foi liberada. A trama ainda conquistou o título recente de série de língua não-inglesa mais assistida da Netflix, segundo relatório da própria plataforma de streaming.
Alguns dias depois do lançamento da segunda parte, que aconteceu há poucos dias, alguns rumores começaram a circular supondo que haveria uma terceira temporada, informação que foi desmentida logo em seguida. Mas, na última quarta-feira (18), a própria Netflix confirmou que haverá, sim, uma nova temporada.
Ainda tem muito Bella Ciao pra cantar. #LaCasaDePapel continua. pic.twitter.com/tjneG7JZt3
— netflixbrasil (@NetflixBrasil) April 18, 2018
Usuária assídua do Twitter, percebi inúmeras reclamações e alguns elogios sobre a continuação, mas a maioria realmente preferiu fazer comentários negativos, como já era de se esperar. Esse tipo de comportamento acontece sempre que alguma produção considerada muito boa e que, na teoria, já conta com fim programado, acaba sendo estendida. A justificativa é simples: por que arriscar a estragar o que já está certo?
Atenção, a partir daqui contém spoilers.
Sempre tive esse sentimento, principalmente quando vi a série Dexter ser finalizada de uma forma horrenda. Mas, pasmem: a Netflix é uma empresa de entretenimento que visa o lucro. Então, qual o problema em arriscar?
Se você parar para analisar a segunda parte de La Casa de Papel consegue entender que muitos fatos ficaram abertos, como o que deve ter acontecido com os ladrões que escaparam, por exemplo. La Casa de Papel foi uma série de fechamento raso, que entregou de forma preguiçosa o que todos estavam torcendo que acontecesse e que deixou muitas dúvidas.
O que faltou?
Alguns momentos da série lembram bastante novela mexicana, como a retratação da Síndrome de Estocolmo, quando uma das sequestradas se apaixona por Denver, um dos sequestradores, em menos de uma semana de roubo, ou ainda pelas cenas dramáticas, como a Tokyo voltando à Casa da Moeda ilesa dirigindo uma moto policial logo após a sua fuga.
Estes e outros fatos unidos ao carisma dos personagens fizeram com que os fãs torcessem para que o assalto desse certo, e deu! Mas… e então? Tokyo fugiu com Rio, o Professor foi para uma ilha paradisíaca onde encontrou, um ano depois, a inspetora Raquel Murillo, e aliás, bastou ela contar à polícia onde era o esconderijo dos vilões para se safar das acusações de cúmplice?
La Casa de Papel foi uma série de fechamento raso, que entregou de forma preguiçosa o que todos estavam torcendo que acontecesse e que deixou muitas dúvidas.
A terceira temporada pode (e DEVE) mostrar não só o destino de cada um dos personagens e o que eles fizeram com a sua parte do dinheiro, mas também mostrar quando (ou se) as investigações e buscas terminaram. Logo ao final do último episódio, a polícia segue em direção ao local onde o dinheiro foi levado através do túnel, mas chega tarde demais. Ok, acontece, mas houveram buscas no local? O caminhão em que o Professor e Helsinque fugiram não era suspeito e não foi perseguido? Provavelmente sim.
A história ainda conta com muitos assuntos para retratar com os reféns, como o destino do diretor da Casa da Moeda, Arturo, e sua amante grávida Mônica (a mesma da Síndrome de Estocolmo), o filho de Nairóbi, que muitas vezes foi citado por ela, e a doença de Berlim (será que ele sobreviveu aos tiros?), que estava em estado terminal.
A série, originalmente, contava com menos episódios e era mais longa, sendo modificada para atender aos padrões da Netflix. A terceira temporada ainda não tem previsão de estreia, mas que há bastante assunto para ser tratado não há dúvidas. Quem sabe, até mesmo, um novo assalto deve vir por aí.