É fato que muita gente vai assistir ao Emmy 2019, que ocorre no próximo domingo, 22, para ver quantos troféus Game of Thrones levará para casa e se a Academia vai coroar sua última temporada. Na parte técnica a série já brilhou. No último fim de semana, o Creative Arts do Emmy Awards, dedicado às categorias de arte e técnicas, entregou 10 troféus para a série, incluindo o de Melhor Composição de Trilha Sonora (Original), com o episódio “The Long Night”, Melhor Efeitos Especiais e Melhor Elenco de Série Dramática. Espero que pare por aí.
Convenhamos: por mais legal que tenha sido acompanhar essa jornada, as últimas temporadas foram quase sofríveis. O último ano, então, nem vamos comentar. Mas como a Academia gosta de premiar últimas temporadas — e por já ter dado o prêmio mesmo em temporadas inferiores —, GoT tem muitas chances.
Mas nem somente de Game of Thrones vive o Emmy, embora suas 32 indicações sejam bastante impressionante. Para ajudar você a conhecer mais séries, ou para você mostrar àquele amigo que não quer ficar boiando durante a premiação, selecionamos cinco ótimas produções que concorrem a melhor série dramática, comédia ou minissérie. Pode não dar tempo de ver tudo até domingo, mas vale uma conferida.
Em tempo, cada série leva a um link com a crítica completa aqui na Escotilha.
Fleabag – segunda temporada (Amazon Prime Video)
Indicada a melhor série de comédia
Você deve estar percebendo que, de uma hora para outra, todo mundo começou a falar de Fleabag. Não é para menos. Com a popularização da Amazon Prime Video e com o burburinho em cima do nome Phoebe Waller-Bridge, Fleabag vem sendo chamada da melhor comédia dos últimos anos. Eu concordo plenamente. Criada a partir de um monólogo feito para o teatro, a série conta a história de uma mulher (Waller-Bridge), uma jovem adulta lidando com problemas quase universais sob o ponto de vista feminino: crises nos relacionamentos, frustração sexual e profissional, conflitos familiares e por aí vai.
A série parece uma comédia inofensiva, mas é comicamente brutal. Utilizando a quebra da quarta parede, a protagonista nos transforma em cúmplice da sua vida e, quando percebemos, já estamos ao lado dela vivendo todas as suas situações. Entregando temas como paranoias modernas, desconforto em ser quem você é e vida adulta, Fleabag tem um olhar profundo sobre o ser humano, em uma das séries mais incríveis da última década. Essa dá para ver inteira antes de domingo. Não perde. Confira nossa crítica da segunda temporada.
Pose – primeira temporada (Netflix, a partir do dia 28 de setembro)
Indicada a melhor série dramática
Tal como Fleabag, quem me conhece sabe que eu indico essa série todos os dias. Felizmente, a Netflix disponibilizará a primeira temporada completa no dia 28 de setembro, o que dará a oportunidade de todo mundo acompanhar uma das séries mais poderosas do ano passado e desse ano. Pose se passa no finalzinho de 1988 e, tal como o documentário Paris Is Burning, segue a comunidade LGBT+ com foco na cultural ball. As balls eram competições feitas em discotecas, geralmente organizadas por drag queens. Nessas competições, as candidatas caminham pelo salão desfilando looks que precisam ter a ver com o tema escolhido na noite. Pose mergulha no histórico e na importância desses bailes até hoje.
Cheia de representatividade, a série é composta por atores e roteiristas trans, além de diretores, cenógrafos e figurinistas envolvidos no universo LGBTQ+. Criada por Ryan Murphy, o texto de Pose é poético, traz personagens inspiradores e carrega uma importância histórica para a TV ao celebrar uma cultura que viveu, e de certa forma ainda vive, marginalizada. Confira nossa crítica da primeira temporada.
Killing Eve – segunda temporada (Globoplay)
Indicada a melhor série dramática
Pode não dar tempo de ver tudo até domingo, mas vale uma conferida.
Mais uma criação da ótima Phoebe Waller-Bridge, que embora não esteja tão envolvida no segundo ano, garantiu uma indicação na categoria principal, então é um ótimo momento para que você conheça uma história divertidíssima e tensa. Killing Eve segue Eve Polastri (Sandra Oh), uma agente da inteligência britânica que costuma lidar com a burocracia diária do trabalho, sem muita empolgação. Em determinado momento, surge a oportunidade de Eve investigar uma série de assassinatos violentos que vem ocorrendo em alguns lugares da Europa. Ela acredita que as mortes são causadas por uma mulher. Não demora muito para ela descobrir que essa mulher se chama Villanelle (Jodie Comer), uma psicopata sádica, carismática e irresistível. Nessa caçada, as duas mulheres começam a ficar obcecadas uma pela outra.
Ainda que não tenha sido tão boa quanto a primeira, a segunda temporada tem um bom ritmo e personagens carismáticos. É uma delícia acompanhar uma trama de espionagem e serial killer cujo protagonismo é das mulheres, um gênero que sempre foi masculino. A trilha sonora é uma delícia à parte. Confira a íntegra do que pensamos sobre a série.
Olhos que Condenam – 4 episódios (Netflix)
Indicada a melhor minissérie
Minissérie em quatro episódios e que te dá um soco no estômago. Baseada em uma história real, a produção expõe um dos erros mais absurdos do sistema judiciário norte-americano. Numa noite de abril de 1989, em Nova York, uma executiva bancária sai para correr nos arredores do Central Park e acaba sendo espancada e estuprada. Naquela mesma noite, um grupo de jovens negros do bairro Harlem se reúne no parque, como qualquer outro grupo adolescente. Após denúncias de que alguns desses jovens estavam perturbando os cidadãos, não demora muito para a polícia aparecer e levar vários deles presos. Logo a polícia descobre a mulher desacordada dentro do parque. Durante uma breve investigação, cinco daqueles garotos do parque se tornam suspeitos.
Todos menores de idade, eles são interrogados durante horas. Boa parte dessas horas sem a presença dos pais ou advogados. Assustados, com fome e sem a menor ideia do que estava acontecendo, eles acabam confessando o crime apenas para poder sair daquela situação. Depois negam, mas ninguém acredita. Todos foram presos. Passaram entre sete e 13 anos na prisão, até que em 2002 um estuprador em série confessou o crime. O DNA era compatível. Eles eram inocentes.
Misto de indignação e tristeza, a minissérie traz um profundo olhar sobre o racismo institucional e insere no público um sentimento de autoanálise: como nós julgaríamos o caso hoje em dia? Confira a íntegra do que achamos da primeira temporada.
Chernobyl – 5 episódios (HBO)
Indicada a melhor minissérie
Embora Olhos que Condenam seja uma cacetada, provavelmente Chernobyl levará o troféu de melhor minissérie, junto com outros prêmios para os atores. Recontando toda a tragédia de Chernobyl em 1986, a minissérie da HBO consegue equilibrar uma história de dor com uma profunda análise sobre poder, amizade, camaradagem e o crucial papel da ciência e da física, tudo isso embalado por um roteiro enxuto e absolutamente perturbador. Confira a íntegra do que achamos da minissérie.