Todos os anos, entre os meses de janeiro e maio, o Brasil parece se dedicar a um passatempo bem peculiar: falar sobre o que acontece no programa Big Brother Brasil. É algo de que ninguém consegue escapar. Você pode não assistido a um episódio do BBB21, mas certamente ouviu algo sobre a vilanice de Karol Conká, a fala empolada de Lumena ou a situação de isolamento enfrentada por Lucas no início do programa.
De fato, o BBB é um fenômeno cultural, e sua relevância na conversação diária parece só ter aumentado nos últimos anos. A impressão que se tem é que simplesmente não conseguimos não falar de Big Brother Brasil – e a internet tem só colaborado com isso.
Alguns canais no YouTube, aliás, estendem a discussão do BBB para muito além do programa em si, da forma como ele é veiculado pela Globo. Eles conseguem ultrapassar também o que é mostrado pelas câmeras do Globoplay ou mesmo as conversas nas redes sociais. Por isso, esta reportagem da Escotilha buscará entender como funcionam esses canais que agregam comunidades em torno de programas do estilo reality shows, tais como o BBB, e se tornam eles mesmos verdadeiros fenômenos.
Falaremos, especificamente, de dois destes canais: O Brasil Que Deu Certo, capitaneado por Ciro Hamen e Matheus Laneri, e que discute cultura popular brasileira, e o programa Chico Barney Urgente, exibido diariamente no Youtube, em que Chico Barney, colunista do UOL, recebe convidados para falar sobre “a casa mais vigiada do Brasil”. Para entender a lógica desses canais, conversamos com 6 entrevistados que juntos, tentarão esclarecer: por que gostamos tanto de falar sobre Big Brother Brasil?
Os reality shows são as novas mesas redonda de futebol?
Em um texto clássico chamado “A falação esportiva”, o pensador Umberto Eco se debruçou sobre um interessante aspecto da cultura popular: o fato de que a conversa em torno do esporte – no Brasil, em especial, o futebol – parece não ter fim. As emissoras de TV estão repletas de programas que comentam as partidas antes, durante e depois que elas acontecem.
Sendo assim, uma das questões que se tenta desvendar aqui é se os reality shows são hoje semelhantes aos jogos de futebol. O BBB tem “mesa redonda”? Para entender isso, conversamos com dois especialistas: o jornalista Sérgio Xavier Filho, comentarista do SporTV, e o pesquisador Helcio Herbert Neto, doutorando em História Comparada pela UFRJ.
Sérgio Xavier não tem costume de ver o BBB, mas também não escapa da discussão em torno do programa. Em sua opinião, as mesas redondas de futebol e a conversação sobre o reality show guardam algumas semelhanças, mas também diferenças. “Isso porque o futebol já nasce de algo meio viciado, que é o teu olhar. Você entra no futebol, com raríssimas exceções, porque você foi impelido ou convidado para torcer para um time em específico. Então a tua visão do futebol é torta por natureza. Você ou está muito contente com o teu time ou muito descontente”. Ele compara os programas que comentam futebol com uma espécie de “purgatório”. “É aquele momento em que o jogo acabou, e você tem uma tendência a não querer que o jogo acabe. Quando o jogo termina, ficam faltando muitas explicações. A mesa redonda é uma tentativa de explicar algo que é inexplicável”, pontua.

Já Helcio Herbert Neto, que tem a mesa redonda de futebol como objeto de seus estudos, remonta as raízes históricas deste formato. “Existe toda uma mitologia sobre as mesas redondas, que remete às histórias do Rei Arthur da Távola Redonda e tem repercussões políticas. É só pensarmos que as decisões no Congresso passam pela mesa diretora. Essa é uma imagem forte, que sugere diálogo”. Ele levanta ainda alguns fatores que costumam atrair a atenção do público a esse tipo de formato: “a disposição dos participantes muitas vezes favorece enquadramentos de câmera que fortalecem a impressão de que há confrontos, discussões. A percepção de que tudo que é dito ali é espontâneo colabora para isso também. A própria composição da bancada, com a escolha de participantes que tem uma vinculação direta com um dos times e por isso faz defesas apaixonadas, também promove esse interesse”.
Sérgio Xavier destaca que o lance da espontaneidade é algo que pode conectar o futebol ao BBB. “Tostão, que é o nosso grande pensador do futebol brasileiro, vive dizendo: tem tanto de aleatório no futebol, uma bola pode bater na trave e sair ou entrar. Com um gol, você é campeão, sem o gol, você é um nada. O que você faz na mesa redonda é tentar racionalizar isso. Talvez tenha aí um paralelo com o BBB, pois o programa tem muito de aleatório também: você está ali conversando e daqui a pouco escapa uma frase. De repente nem foram coisas tão pensadas assim, mas a gente tentar por uma lógica, o que é uma caraterística do ser humano. Mas na maioria das vezes, talvez as coisas não tenham lógica”, explica.
Mas talvez um dos segredos deste tipo de programa de debates esteja na relação que mantém com seus espectadores. Helcio Herbert observa que houve mudanças ao longo do tempo nas mesas redondas, o que também levou a alterações no perfil social e econômico de quem os acompanha. “Há registros de mesas redondas no rádio desde a primeira metade do século XX, com o nome de resenhas esportivas. Já nos primeiros anos da TV existem programas desse gênero. Recentemente, houve uma explosão nesse sentido em meios digitais (plataformas de streaming, YouTube). Com todas essas mudanças, o público mudou constantemente”.
A conversa sobre BBB: os casos do Chico Barney Urgente e do O Brasil Que Deu Certo
Questionado sobre quais os tipos de espectador que acompanham as mesas redondas de futebol, Sérgio Xavier identificou dois perfis: o hard e o eventual. “O consumidor hard passa a vida consumindo futebol. Esse cara está em todas. Tem também muito consumidor sazonal: se meu time está indo bem, estou acompanhando bastante, se o time está mal, eu não vejo. Esse tipo é menos frequente”. Xavier ainda aponta que o mundo digital teve um forte impacto na cultura da mesa redonda: “assim como no BBB, no futebol, as plataformas cruzadas entraram para valer na história. Você está na TV ou no rádio no mesmo tempo que o papo está rolando nas redes sociais”.
Os programas que comentam reality shows, no entanto, parecem atrair, em sua maior parte, um público engajado – que, inclusive, costuma pagar para que o seu canal preferido continue funcionando. Destacamos aqui dois casos muito sintomáticos de canais que falam sobre BBB: O Brasil Que Deu Certo e o programa Chico Barney Urgente, hospedado diariamente dentro do canal Chico Barney. Ambos se comprometem a realizar uma cobertura dos principais reality shows do país – mas, mais importante que isso, conseguem mobilizar uma audiência cativa que volta todos os dias para continuar falando sobre os programas.
Para entender melhor sobre o apelo dos canais, conversamos com Chico Barney, do Chico Barney Urgente (ou CBU) e com Ciro Hamen, do O Brasil Que Deu Certo (ou OBQDC). Ambos falam dos reality shows – em especial BBB e A Fazenda – com linguagens específicas: o CBU foca na conversa entre Chico Barney com convidados, além de contar com um cast fixo de participantes, enquanto o OBQDC foca mais na conversa entre os dois apresentadores. O Brasil Que Deu Certo também aposta em análises que fazem paralelos entre esses programas de TV com outros produtos culturais – um exemplo é esta análise em que Ciro Hamen compara os enquadramentos do BBB com a estética do diretor Jonathan Demme, de O Silêncio dos Inocentes.
Ciro Hamen conta que a ideia do OBQDC surgiu em 2015, e buscava falar sobre cultura popular brasileira. “O nome veio da famosa frase do Parreira depois do fracasso da Copa de 2014, quando ele disse que a ‘CBF é o Brasil que deu certo’. Comecei a usar isso de brincadeira no bar, com amigos, e a usar isso sem ironia. Às vezes via alguma coisa que eu achava muito legal e falava ‘isso sim é o Brasil Que Deu Certo!’. Quando perguntei qual deveria ser o nome do canal que eu estava criando, os mesmos amigos sugeriram ‘O Brasil Que Deu Certo’”.
As falas de Ciro Hamen e de Chico Barney durante essa entrevista deixam claro que não se trata apenas de BBB: a conversação em torno dos programas traz a todos os envolvidos uma sensação de pertencimento e proximidade.
O canal mudou bastante ao longo dos anos – ainda que mantenha uma linguagem específica, que envolve uma conversa entre Ciro Hamen e Matheus Laneri, seu parceiro no OBQDC. A evolução do canal trouxe mais estrutura, possibilitando que eles façam lives quase diariamente. Hamen destaca que a cobertura dos realities é um dos pontos centrais hoje do OBQDC. “Principalmente o BBB, que é o reality de maior alcance e com engajamento absurdo nas redes. A gente sentiu muito isso quando começou a edição desse ano. As lives estavam sempre bombando e o público parecia que estava maluco para consumir aquele conteúdo”.
O sucesso no ano anterior fez com que O Brasil Que Deu Certo se preparasse mais para 2021. “O BBB do ano passado representou um grande crescimento para o canal, muito por conta do sucesso que foi aquela edição. No entanto, no ano passado, a cobertura ainda era bem diferente. Eram muitos vídeos meus ‘solo’, que eu gravo em casa, fazendo paralelos de situações do BBB com cultura pop. Aí, como eu disse, a partir do meio daquele ano começamos a fazer lives no canal, durante A Fazenda fizemos várias e o público adorava. Mas o crescimento de público vem mesmo no BBB e manter uma periodicidade, um visual legal, com áudio bom, e, principalmente conteúdo diferenciado, é fundamental para cativar esse público e mantê-lo no canal”, explica.
O programa Chico Barney Urgente, de acordo com seu criador, Chico Barney, presta homenagem ao formato explorado pelo canal WebTV Brasileira. “Acho o formato genial e os dois são ótimos. Quando participei do programa, fiquei com vontade de fazer algo similar, brincar com as possibilidades. Queria fazer alguma coisa no YouTube e acabou surgindo o CBU”. Segundo ele, a interação mantida com os fãs do programa é diferente nos outros espaços em que ele expõe suas opiniões – como em sua coluna no UOL ou no podcast Uol Vê TV. “A relação do público no YouTube é diferente do que eu estava acostumado em outras redes, a turma se envolve muito. O CBU surgiu durante a cobertura de A Fazenda do ano passado, então o BBB 21 é só o segundo reality que a gente acompanha junto. E muitas vezes acabam servindo como pano de fundo para um papo meio caótico sobre qualquer coisa”.
E por que tanta gente passa tanto tempo acompanhando esses canais que falam sobre reality shows? Ciro Hamen arrisca uma resposta. “Acho que as pessoas que consomem esse tipo de conteúdo sempre querem mais. Prova disso é que a Globo acabou de lançar um programa novo, nas tardes de sua programação, chamado Plantão BBB, para falar sobre o programa. A Globo era a única emissora que não comentava o programa de sua própria grade. Era só olhar os outros canais no horário e ver que está todo mundo falando sobre o BBB”.

Chico Barney observa que o consumo de conteúdo “colateral” sobre produtos de entretenimento é uma tendência mundial. “Basta ver a quantidade de material relacionado a filmes e séries da Marvel, por exemplo. É um jeito de alongar o papo. Nos realities, tem dois fatores complementares: a imprevisibilidade das ações, pois são pessoas sem um roteiro pré-definido e tudo pode mudar de um dia para o outro, e o irresistível fator fofoca. Nada une mais as pessoas do que falar mal dos outros”.
Na opinião de Ciro Hamen, programas como os do OBQDC e o CBU têm proximidade com a conversação gerada pelo esporte. “É tipo o cara que vê futebol e depois quer ficar vendo as mesas redondas. Só o jogo não é suficiente para o cara. Com os realities é meio parecido. O cara quer saber se o Gil do Vigor ainda tem chance de ganhar o BBB, quer saber se outras pessoas também consideram a Viih Tube uma falsa, quer saber se as enquetes indicam que a Sarah vai sair, etc”.
O “sonoplasta do Ratinho”
Boa parte da repercussão desses canais certamente se deve ao fato de que eles conseguem mobilizar uma comunidade cativa, que se sente parte de um grupo. No caso do Chico Barney Urgente, o grupo é chamado pelo anfitrião como a “nação barneyra” – uma comunidade que estende, aliás, também em um grupo no Facebook com mais de 10 mil membros. Tanto O Brasil Que Deu Certo quanto o canal Chico Barney possuem redes de apoiadores, em que o público pode, caso deseje, custear financeiramente as operações dos programas.
Para entender melhor como funciona essa relação com os fãs, conversamos com dois participantes de O Brasil Que Deu Certo e do Chico Barney Urgente. Quem acompanha as lives do Chico Barney está já familiarizado com um grupo relativamente fixo de participantes que servem como “escada” (aquele personagem humorístico que “levanta” uma piada para um protagonista) para o host. São nomes como de colunistas como Rica Pancita, o comentarista Fábio, a psicóloga Bheatrix Bienemann, Alexandre Tuan, o “Cowboy de Taubaté” e, claro, o “Sonoplasta do Ratinho”, o braço direito de Chico.
Do programa Chico Barney Urgente, falamos com o “Sonoplasta” – que, na vida real, se chama Gilvan Moreira Costa Júnior, e é um formando em Ciências Contábeis. Costa trabalha como transcritor e rater (avalia propoagandas do Google Ads) e tem como hobby a produção musical. Foi esse interesse que o levou a se tornar o “sonoplasta do Ratinho” dentro do CBU. “Durante o ano passado, consegui juntar uma grana e comprar um sampler. Existe um vídeo na internet com o Kanye West tocando RuRaway com sons do Ratinho. Aquilo me deu ideia de fazer um beat com sons do programa (que eu nunca fiz)”. Gilvan Costa era assíduo no CBU quando Chico Barney abriu uma oportunidade para que membros do canal pudessem participar, durante a cobertura de A Fazenda. “Sabendo da imensa possibilidade de um fiasco total, eu tentei entrar de um jeito que eu não precisasse falar muita coisa que fizesse sentido, porque, além da timidez, eu estava conversando com o Chico Barney né, então eu estava travadaço. Ao mesmo tempo, eu queria participar”, conta.

Costa teve a ideia então de oferecer a sonoplastia ao canal. “Sonoplastia é um negócio que eu sinto falta quando não tem. A WebTVBrasileira, maior referência em lives sobre reality show, tinha sonoplastia, e o Chicão não. E qualquer coisa com sons do Ratinho eu acho engraçado. Então tentei criar um roteiro só para o dia mesmo, com essa onda de ser sonoplasta do Programa do Ratinho, só com os sons principais (sons como “rapaizz, iiiirrraa, uêpa, ratinhô”). Era pra ser tosco mesmo e tal. Então se fosse dar tudo errado, que pelo menos ficasse minimamente engraçado”. A estratégia deu certo. “Acabou que o Chico me chamou para participar de novo e eu tirei “do Ratinho” do nome, comecei a incorporar outros sons de outros lugares, mas 90% das vezes usando os de sempre lá do comecinho mesmo”.
Gilvan Costa já era inscrito no CBU quando começou a participar, e vê como grande destaque do canal a formação de uma comunidade forte. “A nação barneyra é diferenciada porque o Chicão inclui os membros apoiadores do canal como parte essencial do programa. E o preço é simbólico, 5 reais. Atualmente às sextas a live é aberta pra qualquer membro entrar. Quem mais faz isso? Eu nunca vi”, opina.
As palavras do Sonoplasta evidenciam que os vínculos formados pelo grupo são tão fortes como o próprio conteúdo que o canal divulga. Ele é claramente fã do trabalho do “chefe”. “É completamente diferente o que o Chico faz ali com os outros canais que falam de reality, acho que não existe paralelo. Principalmente depois que incorporou a participação dos apoiadores, que mudou a dinâmica toda. Nós, os participantes, acabamos funcionando como um grande elenco de apoio, e o público já tem um conceito sobre cada ‘personagem’ que participa e o que esperar de cada um de nós”, explica.
A “nação barneyra”, na análise de Chico Barney, é bem heterogênea. “Tem os usuários hardcore de reality show, os torcedores fanáticos de participantes específicos, os nerds de TV… Mas vai desde jovens universitários até senhorinhas que estão aprendendo agora a usar o YouTube”, pondera. Como membro assíduo do CBU, Gilvan Costa consegue fazer apontamentos sobre o público que segue as lives. “É diversificado, não vejo dominância de gênero ou idade, mas definiria como um misto entre o Twitter e a chamada galera do sofá (que embora muitos neguem, definem sim votações). A galera do chat conversa bastante entre si enquanto a live rola, já que quem vai sempre lá assistir já está familiarizado com as outras pessoas que interagem também. É um público bem fiel”, acredita.
O Brasil Que Deu Certo e a interação com os seus fãs
O canal O Brasil Que Deu Certo angaria 140 mil inscritos – boa parte desses seguidores são pessoas que voltam todos os dias para acompanhar os comentários de Ciro Hamen e Matheus Laneri sobre o Big Brother Brasil ou A Fazenda. Um desses fãs engajados é o Cézar Bordon, um publicitário de 21 anos, que conheceu o canal em 2017. Antes disso, já acompanhava o Instagram, mas quando assistiu ao vídeo “Os melhores tweets do Neymar”, tornou-se um admirador da dupla.
Assumidamente fã do canal, ele acredita que OBQDC faz um trabalho único no YouTube. “Eles exaltam a cultura popular brasileira de uma forma muito verdadeira. Acredito que sejamos uma geração que acha meio brega falar sobre novela, músicas populares e coisas do tipo. Muita gente até acha feio falar que consome esse tipo de conteúdo por parecer algo ‘alienante’. Acho incrível eles falarem de tudo isso com leveza e diversão. Eles não fazem algo querendo fazer uma crítica ou um ‘humor inteligente’ em cima do tema”, destaca.

Bordon ainda ressalta a interação que os dois apresentadores mantêm com a comunidade, a quem se refere como a “rapaziada que curte o nosso trabalho”. Ele se considera um fã engajado pois está sempre curtindo e comentando nas lives – inclusive, observa que comentários seus já foram usados como base de vídeos do OBQDC. “Por acompanhar tanto o trabalho deles, acabo sofrendo a influência em algumas opiniões. É bacana ver em uma medida menor o contrário acontecer. O comentário que eu mais destaco nesse ponto é sobre o vídeo do Mamonas Assassinas que o Ciro fez baseado em uma nova visão que eu mostrei sobre a banda”, afirma.
O publicitário é um dos tantos que colabora financeiramente para que OBQDC continue realizando seu trabalho. “Colaboro porque acho que é uma maneira pequena de recompensá-los pelo conteúdo e também dar uma força para esse projeto. Ano passado, o Ciro falou que tinha conseguido deixar o trabalho e ficar focado totalmente no canal, acho muito legal contribuir de uma maneira modesta com isso”.
Como fã, Cezar Bordon acredita que o OBQDC tem como trunfo o fato de que não faz uma avaliação moral dos reality shows. “Eles analisam apenas pelo critério de movimentação de jogo e entretenimento. Acho importante também o posicionamento deles em casos como as atitudes preconceituosas do Rodolffo e as falas negacionistas da Sarah. Eles sempre marcam posição repudiando de uma maneira veemente”.
Ciro Hamen destaca que a comunidade de fãs é o que o canal O Brasil Que Deu Certo tem de mais precioso. “É lógico que a gente está sempre querendo falar com um público grande, mas o tamanho do público ‘selecionado’ que a gente tem já nos deixa numa posição bem confortável. São pessoas que interagem com a gente, participam muito, engajam nos vídeos, enviam os vídeos para a galera, e muitos inclusive viraram amigos nossos”.
As falas de Ciro Hamen e de Chico Barney durante essa entrevista deixam claro que não se trata apenas de BBB: a conversação em torno dos programas traz a todos os envolvidos uma sensação de pertencimento e proximidade. E isso, claro, é uma das vantagens de serem canais digitais. Hamen ainda ressalta: “essa comunidade que a gente criou está ali para ver a gente falar sobre absolutamente qualquer assunto. Para mim, interessa muito mais ter um público menor, mas muito engajado com o que a gente faz, do que um público gigantesco, mas sem essa proximidade que a gente tem hoje com o público”.