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‘O Filme da Minha Vida’ beira o sublime ao dialogar com o próprio cinema

Em seu terceiro longa-metragem, 'O Filme da Minha Vida', Selton Mello se afirma como realizador sensível e ótimo contador de histórias.

porPaulo Camargo
17 de agosto de 2017
em Cinema
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'O Filme da Minha Vida' beira o sublime ao dialogar com o próprio cinema

Imagem: Reprodução.

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Década de 1960. Uma pequena cidade de colonização italiana na Serra Gaúcha. Nesse espaço-tempo, algo perdido na memória, acontece a trama de O Filme da Minha Vida, terceiro longa-metragem do também ator Selton Mello, que, a cada novo trabalho, vem se firmando com um realizador dos mais sensíveis, em evidente busca de uma marca autoral, sem querer abrir mão da comunicação com o público.

Selton, também autor do roteiro, toma como base o romance Um Pai de Cinema, do escritor chileno Antonio Skármeta, autor de O Carteiro e o Poeta. Como em seus dois longas anteriores, Feliz Natal (2008) e O Palhaço (2011), ele fala de família, e da relação com a figura paterna, tema que, em menor ou maior proporção, tem se mostrado recorrente na breve, mas já marcante obra do ator/diretor.

Em O Filme da Minha Vida, esse vínculo é a mola propulsora do enredo, que tem como protagonista Tony Terranova (o ótimo Johnny Massaro), um jovem professor que, ao voltar à cidade natal após estudos na cidade grande, vê o pai, Nicolas (Vincent Cassel), partir no mesmo trem em que o garoto chegou. Teria retornado à França, seu país de origem? Talvez.

Narrado com lirismo, O Filme da Minha Vida poderia, tranquilamente, ter resultado em um melodrama, mas Selton não cai nessa armadilha.

O abrupto e inexplicado desaparecimento deixa sobre Tony profundas marcas. Às vésperas de iniciar sua vida adulta, ele se vê órfão de seu principal modelo de masculinidade, o que de certa forma o coloca em uma espécie de limbo entre a adolescência e a maturidade. Ele terá de encontrar, sozinho, esse caminho, assombrado por um profundo sentimento de abandono, que dá o tom ao belo, poético e melancólico filme de Selton.

O interessante em Tony é que ele, apesar de frágil, não é absolutamente fraco. Essa ambiguidade torna o personagem fascinante. Trôpego, hesitante, mas também determinado e leal, ele busca a si mesmo. Nesse processo, é quase inevitável que também encontre, de alguma forma, o pai perdido, em um processo com tessituras psicanalíticas. Vale lembrar aqui que Selton não apenas produziu, mas também dirigiu a versão brasileira do seriado Sessão de Terapia.

Se em O Palhaço, grande sucesso de público e crítica, Selton encarou o desafio de ser, ao mesmo tempo, diretor e protagonista, desta feita ele escolheu para si um papel coadjuvante. Ele vive Paco, um criador de porcos, amigo de Nicolas, algo próximo de um substituto do pai ausente. Ele ouve, mas também aconselha Tony, nem sempre de maneira sensata.

Narrado com lirismo, O Filme da Minha Vida poderia, tranquilamente, ter resultado em um melodrama, mas Selton não cai nessa armadilha. Ele costura seu filme com cores mais sóbrias, introspectivas, sem pressa ou exagero. Como o livro que deu a origem à história, ele usa o próprio cinema, numa brincadeira metalinguística, como chave.

A fotografia de Walter Carvalho, a direção de arte de Claudio Amaral Peixoto, os figurinos de Kika Lopes e a trilha sonora de Plínio Profeta estão afinados à perfeição e fazem do filme uma experiência estética delicada, tocante. Não há como sair da sessão indiferente ao que se vê na tela.

Massaro brilha ao conseguir viver as muitas transformações pelas quais Tony passa. Seu amadurecimento é sutil, verossímil, e percorre um trajeto corajoso, que vai da dor da perda ao perdão, passando pela compreensão de que ninguém é perfeito e a vida, mesmo quando machuca, é bela. E Selton acerta em cheio ao apostar na delicadeza em tempos tão brutos como os que vivemos hoje no Brasil.

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