Eu não sei você, caro leitor cinéfilo, mas escolher o meu meio de entretenimento favorito atualmente se tornou algo entre uma operação matemática e um dilema moral kantiano. Assistir a um filme ou começar uma série com 12 episódios de uma hora? Convertendo em minutos, isso daria quase uns 5 filmes daquela lista interminável que você criou na Netflix.
Porém, um filme leva duas horas. Um episódio leva – quando muito! – uns 50 minutos. Dá pra encaixar no horário do almoço, enquanto você lava a louça, passa a roupa… Mas depois de iniciado, é um compromisso de pelo menos uma temporada inteira. Isso se você tiver sorte e ela for uma série limitada! Eu mesma já não corro nem o risco de ver série criminal ou da Shonda Rhimes, que essas a gente já sabe: são igual festa de polaco, não têm hora para acabar.
É inegável que as séries de TV (que não são mais vistas exclusivamente na televisão) tiveram um salto de popularidade e, consequentemente, de produção. Isso se comprova pelo número de séries novas e pilotos encomendados pelas redes de TV norte-americana. Os últimos dois anos bateram o recorde de novos pilotos.
Um filme traz uma satisfação completa. Você sabe que tem começo, meio e fim. Ainda que muitos finais deixem questões em aberto, a experiência acaba dentro daquelas duas horas ou mais.
Agora, será que é possível equilibrar os dois interesses? Se você for um cinéfilo ou “seriéfilo” (já temos um termo oficial?) que só assiste socialmente, é claro. Se você for um consumidor compulsivo: boa sorte. São dois universos de lançamentos, notícias e comunidades completamente diferentes, apesar de irmãos. Faltam horas no dia para poder se manter a par de tudo.
Prós e Contras
Um filme traz uma satisfação completa. Você sabe que tem começo, meio e fim. Ainda que muitos finais deixem questões em aberto, a experiência acaba dentro daquelas duas horas ou mais. Mas é isso também, não permite uma continuidade na maioria das vezes – e aqui eu não falo de sequências, “o retorno” -, mas sim de especulações, expectativas e reflexões que serão respondidas em um próximo momento. Esse é um apelo das séries. Inclusive, diria que seriados em geral permitem uma maior formação de fandoms (o exército fiel de fãs) por poderem ser apreciadas mais… comunitariamente, digamos. Não é um poder exclusivo, mas facilitado pelo formato.
O lado ruim de uma obra em partes é o comprometimento necessário que citei no início desse texto, e mais ainda a incerteza da satisfação de um final (goste dele ou não) que os longas permitem. Séries podem ser canceladas, estendidas ao máximo até perderem seu propósito e são até mais suscetíveis aos problemas externos de bastidores pela extensa duração. Atores protagonistas que decidem sair da produção, mortes repentinas, greves…
Mas acho que divaguei. A questão inicial permanece. Mas entendendo que os dois têm suas vantagens e desvantagens e, sabendo quais elas são, você mesmo pode fazer a sua escolha. Eu que não vou me comprometer em defender um dos dois e ofender o outro.
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