No início do ano, a jornalista gaúcha Maitê Mendonça realizou uma série de entrevistas com diretores latino-americanos de cinema de horror em seu blog Final Girl. O projeto, que todo mundo deveria conhecer (leia mais), inclui conversas com cineastas como Javier Vargas, da República Dominicana; Issa López, diretora mexicana do incrível Os Tigres Não Têm Medo (2017); e o cubano Alejandro Brugués, de Juan dos Mortos (2011).
As entrevistas feitas por Maitê revelam que a América Latina tem uma produção muito consistente de cinema de horror. Isso talvez não seja exatamente novidade em países como o Brasil e a Argentina, mas eu mesmo não fazia ideia de que existiam produções do gênero em Trindade e Tobago, Panamá e Guatemala.
Na América do Sul, em especial, há longas-metragens de horror desde a década de 1930, como é o caso do argentino El Hombre Bestia o La Aventura del Capitán Richard (1935). Países como a Bolívia e a Venezuela, por outro lado, parecem ter apostado no gênero somente nos últimos anos. Segundo os dados de Maitê, o primeiro filme boliviano de terror é Casting, de 2012, e o primeiro venezuelano é A Casa do Fim dos Tempos, também de 2012.
Veja a lista abaixo:
A América Latina tem uma produção muito consistente de cinema de horror.
Com base nisso, fiquei inspirado em transformar essas informações sobre a produção latino-americana de horror em algum tipo de infográfico. A ideia de construir um mapa veio do contato com experiências semelhantes em “The United States of Horror” (veja aqui) e “United States Settings of Horror Movies” (veja aqui), que mapeiam os estado norte-americano nos quais as histórias mais famosas do gênero são ambientadas.
Assim nasceu o mapa “O cinema de horror na América do Sul”, que você vê abaixo. A ideia é expandir o projeto para um mapeamento do restante da América Latina daqui algum tempo. A seleção de filmes é uma curadoria minha e da própria Maitê, que sugeriu a maior parte dos títulos (muitos dos quais eu nunca tinha ouvido falar). A lista também teve a colaboração de Carlos Primati, Luciano de Miranda e Ivo Costa.
Cada nação sul-americana do mapa tem vinculado ao menos um longa-metragem, com exceção das duas guianas. A ideia era encontrar produções que tivessem algum tipo de popularidade, fossem facilmente reconhecidos e inegavelmente importantes – o que justifica, em alguma medida, a presença de À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), As Boas Maneiras (2018) e Morto Não Fala (2018) como representantes brasileiros.
Países como o Suriname e a Bolívia foram associados a um único filme porque foi o que conseguimos encontrar. É possível que o mapa, por não seguir uma metodologia muito rígida de pesquisa, deixe de lado títulos importantes. Lembramos que o objetivo é apresentar um panorama das produções e mostrar que há muito cinema de horror na América Latina.
Veja abaixo o mapa O cinema de horror na América do Sul.