Mães solteiras são a base de histórias que tanto como o cinema como a televisão passaram a abordar desde que o divórcio passou a ser permitido, tardiamente, no século passado. Nessas retratações audiovisuais, as mães costumam ser representadas por mulheres fortes, resilientes, que não fogem da luta para dar uma vida melhor aos filhos. E com Maid não é diferente.
Escrita por Molly Smith Metzler (de Shameless) e com Margot Robbie na produção executiva, a minissérie da Netflix é baseada na história real da escritora Stephanie Land. Com nomes e certas características alteradas para a dramatização, o seriado tem como protagonista a jovem Alex (Margaret Qualley) que, ao não suportar mais o relacionamento abusivo que vive com Sean (Nick Robinson), foge no meio da noite com a filha pequena Maddy (Rylea Nevaeh Whittet). Sem dinheiro, casa ou família para recorrer, Alex começa a trabalhar de faxineira para sustentar sua filha e construir um futuro para as duas.
A luta da protagonista por uma vida melhor não é uma curva ascendente, mas sim uma montanha-russa de emoções. Em Maid, as ações dos personagens são repletas de dualidade; muitas vezes surpreendem pela maturidade e força de vontade, enquanto outras nos fazem acreditar que nunca vão conseguir mudar sua realidade.
https://www.youtube.com/watch?v=M4nrGje_pyc
A complexidade dos personagens nos faz justamente ter uma grande mistura de raiva com pena de todos que cercam Alex e Maddy.
A complexidade dos personagens nos faz justamente ter uma grande mistura de raiva com pena de todos que cercam Alex e Maddy. Um grande exemplo é Paula, mãe de Alex (vivida maravilhosamente por Andie MacDowell). Ao mesmo tempo que fica claro seu amor pela filha e o sofrimento de seu passado, ela a maltrata em suas crises de bipolaridade e nega sua doença mental.
A série também merece o mérito de tratar a violência doméstica não como um fato que faz a protagonista ficar mais forte. A violência contra a mulher em Maid é representada como um trauma e um ciclo que deve ser quebrado. Aliás, a série nos lembra muito bem que violência não é só física, ela pode ser patrimonial, psicológica, moral.
Maid tem luta e resiliência feminina sem apelar para o clichê e acaba por ser um grande serviço social dentro do entretenimento. A comédia ameniza certas cenas, enquanto outras são literalmente um rir para não chorar. Enfim, uma grande obra com metáforas perfeitas para representar o mundo atual para mães solo.
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