Festival COLORS: Cinema + Diversidade abre espaço para discussão política

Data de 1895 um dos primeiros filmes apontados como trazendo a temática LGBTQ às telas. The Dickson Experimental Sound Film foi um curta sonorizado que trazia dois homens dançando ao som de um violino, e ainda que não tenha nenhuma afirmação do diretor registrada ou evidência de que o filme retrate dois homens gays, a premissa é aceita e ecoa no meio desde que o historiador Vito Russo apontou o fato em seu livro, The Celluloid Closet.

Se nas próximas décadas pouco há sobre o tema, Mikael, drama de 1924 dirigido por Carl Theodor Dreyer, adaptação do romance do dinamarquês Herman Bang, fez as vezes de colocar personagens gays de forma clara no centro da sétima arte. O longa-metragem narra o triângulo amoroso entre o renomado pintor e escultor Zoret, seu protegido e assistente Mikael e a princesa Zamikoff, uma aristocrata que atrai Mikael, fazendo com que ele distancie-se de Zoret, que passa a viver amargurado com a solidão.

De lá para cá, ainda pouco se caminhou em direção a uma representatividade que não apenas trate o “universo LGBT” sob a ótica da aceitação, mas também da fuga da estereotipação – ainda que o Oscar de melhor filme para Moonlight – Sob a Luz do Luar tenha sido uma grande vitória. Por isso, o lançamento do festival COLORS: Cinema + Diversidade em Curitiba, uma realização da Gesto de Cinema e Processo MultiArtes, é um passo importante.

Com forte caráter político, a primeira edição do COLORS: Cinema + Diversidade selecionou 40 filmes de 15 países, produções que visam lançar questionamentos contemporâneos sobre diversidade, igualdade e liberdade através do cinema.

Com forte caráter político, a primeira edição do COLORS: Cinema + Diversidade selecionou 40 filmes de 15 países, produções que visam lançar questionamentos contemporâneos sobre diversidade, igualdade e liberdade através do cinema. Os filmes estão dispostos em quatro mostras (Competitiva de Longas, Competitiva de Curtas, Regional e Infanto-juvenil), cuja curadoria é assinada pelos realizadores Camila Macedo, Jessica Candal (que como curadora já atuou no Olhar de Cinema, FICBIC), Bea Gerolin, João Miguel Santana e Fábio Allon. Serão entregues pelo festival seis prêmios.

Para a abertura do festival, que ocorre hoje, às 19h30, no Cinema Guarani, no Portão Cultural, a organização escolheu o longa Kiki, uma coprodução Estados Unidos e Suécia. Kiki é como são conhecidos os bailes organizados por jovens negros gays e pobres, muitas vezes abandonados pelas famílias e sem emprego fixo. Nestas noites, eles se vestem com figurinos arrojados e participam de competições de dança extremamente regradas. São os kiki que permitem que homens sejam femininos, mulheres sejam masculinas e transexuais de ambos gêneros tenham a oportunidade de sentirem-se encaixadas sem dificuldade, um momento único de inclusão para estes excluídos.

Também são destaque na programação do COLORS Corpo Elétrico, primeiro longa de Marcelo Caetano, selecionado para o Festival de Roterdã deste ano; TCHINDAS, documentário coprodução Cabo Verde e Espanha, que acompanha a vida da transexual Tchinda, habitante do Cabo Verde, símbolo LGBTQ entre seus conterrâneos – o documentário venceu o prêmio do júri no Outfest Los Angeles; e Afronte, híbrido de documentário e ficção, que explora a realidade de negros gays do Distrito Federal – ele também será exibido durante o FICBIC deste ano.

O COLORS: Cinema + Diversidade contará, ainda, com três mesas de debate, que acontecerão na Casa de Leitura – Portão Cultural (Interseccionalidade e representatividade, Mercado audiovisual e as diversidades sexuais e de gênero e Cultura, diversidade e macropolítica), e cinco festas. O festival, realizado com apoio do PAIC da Fundação Cultural de Curitiba, vai até sábado, 4 de novembro, dividido entre Cine Guarani e Cinemateca de Curitiba. A entrada é gratuita e os ingressos, sujeitos à lotação das salas, devem ser retirados meia hora antes das sessões nos locais de exibição.

SERVIÇO | Festival COLORS: Cinema + Diversidade

Quando: de 31/10 a 04/11;
Onde: Cine Guarani (Portão Cultural) | Av. Rep. Argentina, 3.432 – Portão; Cinemateca de Curitiba | R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 – São Francisco;
Quanto: Entrada gratuita – ingressos disponibilizados meia hora antes das sessões nos locais de exibição.
Informações: https://www.facebook.com/colorscd/.

PROGRAMAÇÃO NO CINE GUARANI

31/10 – Terça-Feira

19h30 – 21h30: SESSÃO DE ABERTURA

KIKI (2016, Estados Unidos/Suécia, 1h36)
Dir: Sara Jordenö
Classificação Indicativa: 14 anos

1°/11 – Quarta-Feira

15h – 17h: COMPETITIVA LONGA – Sessão 1

CORPO ELÉTRICO (2017, Brasil, 1h34)
Dir: Marcelo Caetano
Classificação Indicativa: 16 anos

17h30 – 19h30: COMPETITIVA CURTAS – Sessão 1

Classificação Indicativa: 14 anos

20h – 21h30: COMPETITIVA LONGA – Sessão 2

KELLY (2017, Alemanha/Itália, 59min)
Dir: Uli Decker e Felipe Frozza
Classificação Indicativa: 14 anos

2/11 – Quinta-Feira

15h – 17h: COMPETITIVA CURTAS – Sessão 2

Classificação Indicativa: 14 anos

17h30 – 19h30: COMPETITIVA LONGAS – Sessão 3

THE LADIES ALMANACK (2017, Estados Unidos, 1h26)
Dir: Daviel Shy
Classificação Indicativa: 14 anos

20h – 21h30: COMPETITIVA CURTAS – Sessão 3

Classificação Indicativa: 18 anos

3/11 – Sexta-Feira

15h – 16h30: COMPETITIVA LONGAS – Sessão 4

HOLD ME LIKE BEFORE (2016, Costa Rica, 1h10)
Dir: Jurgen Ureña
Classificação Indicativa: 14 anos

17h – 19h: COMPETITIVA CURTAS – Sessão 4

Classificação Indicativa: 14 anos

19h30 – 21h30: COMPETITIVA LONGAS – Sessão 5

TCHINDAS (2015, Cabo Verde/Espanha, 1h34)
Dir: García Perez de Lara e Marc Serena
Classificação Indicativa: Livre

4/11 – Sábado

18h – 20h: REGIONAL

Classificação Indicativa: 14 anos

PROGRAMAÇÃO NA CINEMATECA

MOSTRA INFANTO-JUVENIL – Sessão 9 a 12 anos

Terça-feira, 31/10 às 9h

Quarta-feira, 1°/11 às 14h

Classificação Indicativa: Livre

MOSTRA INFANTO-JUVENIL – Sessão 13 a 16 anos

Terça-feira, 31/10 às 14h

Quarta-feira, 1°/11 às 9h

Classificação Indicativa: 12 anos