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Com ‘A Baleia’, Aronofsky se reafirma como um cineasta de personagens à beira do abismo

'A Baleia', de Darren Aronofsky, traz um emocionante desempenho de Brendan Fraser, favorito ao Oscar de melhor ator. Ele vive um professor de Literatura cuja dor que carrega em si é tão grande quanto o seu corpo.

porPaulo Camargo
1 de março de 2023
em Cinema
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Com 'A Baleia', Aronofsky se reafirma como um cineasta de personagens à beira do abismo

Brendan Fraser comove e incomoda como o protagonista de 'A Baleia'. Imagem: A24/Divulgação.

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A filmografia do cineasta norte-americano Darren Aronofsky tem um traço quase inescapável. Seja nas tramas mais surrealistas ou simbólicas, como Cisne Negro, Mãe! e Réquiem para um Sonho, ou nas mais realistas, como O Lutador e A Baleia, longa-metragem que acaba estrear nos cinemas brasileiros, o diretor sempre volta a sua câmera para dramas envolvendo personagens limítrofes, à beira do abismo.

Charlie, protagonista de A Baleia, é abissal em sua essência. Professor universitário, ele ministra on-line suas aulas de Literatura sempre com a câmera fechada, alegando problemas técnicos. Mentira. Ele não quer que seus estudantes vejam que ele é obeso mórbido e está morrendo. Mas o filme de Aronofsky não é (apenas) sobre isso.

Baseado na peça teatral homônima de Samuel D. Hunter, que também assina o roteiro, A Baleia faz da obesidade de seu protagonista uma metáfora física para discutir um outro tipo de peso, emocional: o do passado. Charlie (Brendan Fraser) foi casado com Mary (Samantha Morton, de Poucas e Boas) e é pai da adolescente Ellie (Sadie Sink, da série Stranger Things), que ele não viu crescer.

Ao se apaixonar por um estudante, Charlie abandonou a família para viver esse amor, que terminou de forma trágica, devastadora. Como foi impedido pela mulher de continuar tendo contato com a filha, o professor viu-se completamente só. Todas essas perdas tornaram-se gatilhos para a obesidade, que fizeram de seu corpo uma espécie de prisão e o condenaram à imobilidade. Toda a ação de A Baleia se passa, assim, no interior apartamento do protagonista, do qual ele não sai mais.

A narrativa de A Baleia, apesar de preservar em grande parte sua estrutura teatral, sustentada pelos diálogos, todos fortes, quase sempre doloridos, não abre mão do cinematográfico.

É evidente a origem teatral do filme, costurado por longas cenas, nas quais Charlie trava duelos verbais com seus poucos visitantes. A mais presente é a enfermeira e amiga Liz (Hong Chau, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante).

Ela é, para ele, o único contato externo com o mundo, alguém que além de tentar ajudá-lo com assuntos de saúde, serve também de proteção e alerta. Outro visitante, este um tanto aleatório, é o jovem missionário Thomas (Ty Simpkins, de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros), que acredita ser capaz de salvar o professor por meio da palavra divina.

Por fim, Charlie recebe Ellie, que, enfrenta dificuldades em terminar o ensino médio, e guarda pelo pai profundo ressentimento, afinal ele partiu de sua vida quando ela tinha apenas 8 anos. Ele insiste em querer se aproximar da filha, nem que seja em troca de dinheiro e favores – ela espera que o pai reescreva seus trabalhos escolares.

Sadie Sink, da série 'Stranger Things', é Ellie em 'A Baleia'
Sadie Sink, da série ‘Stranger Things’, é Ellie em ‘A Baleia’. Imagem: A24/Divulgação.

A narrativa de A Baleia, apesar de preservar em grande parte sua estrutura teatral, sustentada pelos diálogos, todos fortes, quase sempre doloridos, não abre mão do cinematográfico. A câmera de Aronofsky não é estática e se apropria muito bem do limitado espaço físico do apartamento de Charlie como se fosse extensão do personagem, nos fornecendo pistas tanto sobre a subjetividade do protagonista, de sua vida e seus segredos.

Mas no centro de A Baleia está mesmo a imensidão física e emocional de Charlie, personagem que já mudou a vida e a carreira de Brendan Fraser. Ele já teve picos de popularidade (sobretudo na franquia A Múmia), esteve em alguns filmes interessantes, como Deuses e Monstros (ao lado de Ian McKellen) e Crash – Sem Limites, mas nos últimos anos estava em certo ostracismo.

Favorito ao Oscar de melhor ator, Fraser consegue trazer ao personagem tanto o grotesco (tão caro a Aronofski) quanto o sensível, não de forma compensatória, mas contrastante. É um daqueles personagens que podem mesmo mudar a vida de seu intérprete, e não apenas porque ele teve de ganhar 100 quilos para vivê-lo.

Vale lembrar aqui que A Baleia se refere ao romance Moby Dick, clássico da literatura norte-americana de Herman Melville, com o qual o filme mantém um diálogo intertextual. É um filme pequeno, incômodo, sobre redenção, sobre um homem que, apesar de tudo, deseja sair do abismo.

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Tags: A BaleiaA24Brendan FraserCinemaCrítica CinematográficaDarren AronofskyFilm ReviewHong ChauObesidadeOscarOscar 2023ResenhaSadie SinkSamantha Morton

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