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‘Barton Fink’ e a idealização da simplicidade

'Barton Fink', longa dos irmãos Coen, usa Hollywood para debater a proximidade humana.

porBernardo Vasques
13 de outubro de 2018
em Cinema
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'Barton Fink' e a idealização da simplicidade

Imagem: Reprodução.

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O cinema, quando fala sobre ele mesmo, sempre tem algo a acrescentar. Quando um filme, além de metalinguístico, é um convite à reflexão e avaliação das nossa própria posição no mundo, e faz isso com um incrível sensibilidade, torna-se irresistível. Quando tudo isso é feito pelas mãos de Ethan e Joel Coen, torna-se obrigatório. Estamos falando de Barton Fink, de 1991.

Após cair nas graças dos críticos nova-iorquinos com uma de suas peças, o dramaturgo Barton Fink (John Turturro) recebe uma proposta para trabalhar em Los Angeles e escrever roteiros de cinema para a Capitol Pictures, presidida pelo excêntrico figurão Jack Lipnick (Michael Lerner), admitido outsider do mundo do cinema.

Mesmo contrariado – Fink não é entusiasta da fama e do prestígio, seu compromisso é com a qualidade do que cria -, o roteirista aceita a proposta e se muda para Los Angeles para viver em um insalubre hotel. A nova empreitada de sua vida imediatamente o apequena, como os planos abertos e com vasta profundidade de campo da câmera de Joel Coen fazem questão de pontuar.

Rapidamente, é possível perceber como a decisão de Fink o levará para rumos sombrios. O hotel onde mora é uma espelunca, o local é sujo e composto por cores mortas e nada convidativas. A iluminação é precária e os longos corredores dão a pista do castigo que é andar por eles.

O personagem de Turturro é constantemente mostrado em primeiros planos, com sombras muito bem demarcadas sobre seu rosto, fruto da fotografia sempre excelente de Roger Deakins. A lógica visual do protagonista é o retrato exato de sua angústia e insatisfação.

O dramaturgo se propõe a criar o que chama de “teatro real”. Isto é, peças que contam histórias comuns, de pessoas normais, como trabalhadores e pessoas do cotidiano. Barton Fink quer humanizar a dramaturgia e aproximar pessoas, fugindo de modelos clássicos, que narram sobre condes e monarcas.

Barton Fink é um homem vazio e praticamente letárgico, composto magistralmente por John Turturro, que, com o olhar, é capaz de revelar a falta de alma de seu personagem.

O grande problema disso é que falta humanidade e aproximação das pessoas por parte do próprio Fink. Sem nenhum traquejo social, o roteirista apenas idealiza suas triunfantes e desafiadoras revoluções na forma de escrever peças, mas a convivência com outras pessoas aparece como um desafio ainda maior.

Não é casado, não tem muitos amigos e, para piorar, não conhece ninguém em sua cidade nova. É um homem vazio e praticamente letárgico, composto magistralmente por John Turturro, que, com o olhar, é capaz de revelar a falta de alma de seu personagem.

Tudo isso o coloca em um enorme bloqueio criativo e em situações de enfrentamento de sua falta de humanidade e empatia, ao passo que, além de não conseguir escrever, vê arruinadas todas as relações que tenta estabelecer, sejam elas profissionais, de amizade ou amorosas.

A sensação de vazio e angústia evocada pelo arco dramático do protagonista é devastadora, e ainda é intensificada pelos irmãos Coen, que arrancam o lado humano de Fink ao constantemente dar muito mais importância a objetos – característica marcante dos realizadores -, do que ao próprio Barton Fink.

O diretor Joel (Ethan não é creditado pela direção) utiliza constantes primeiros planos e movimentações de câmera para colar o olho do espectador em seu personagem principal. Entretanto, a montagem de Roderick Jaynes (pseudônimo dos irmãos) impede que exista uma verdadeira imersão na intimidade de Fink, inclusive jogando-a no ralo em um dos planos mais impactantes de todo o longa.

O filme é montado de forma a sempre criar uma contemplação das tormentas de Barton Fink, criando, mas sempre subvertendo a expectativa de um breaking point que finalmente o fará desenvolver o roteiro para qual foi contratado, um filme de baixo orçamento sobre luta livre, apenas para ser absolutamente rechaçado quando este momento finalmente ocorre.

O cinema dos irmãos Coen, além de muito dinâmico, é capaz de, sutilmente, retratar conflitos existenciais, e, muitas vezes, ser psicologicamente desolador. Barton Fink faz tudo isso de maneira metalinguística, provocando também uma reflexão sobre como interpretamos o cinema como um todo. É uma aula de complexidade de protagonista e certamente ocupa uma posição alta na filmografia de Ethan e Joel Coen, tendo recebido, inclusive, a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

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