A Escotilha e sua equipe tem tanto apreço pelos filmes de horror, terror e os chamados “Lado B” que até oferece uma coluna específica, comandada pelo jornalista Rodolfo Stancki. Poucos filmes do gênero passaram em branco neste 2015, se é que tenhamos deixado algum deles passar. Contudo, tem sido difícil entender o que acontece com diretores, produtores e roteiristas que insistem em repetir os argumentos apenas trocando o subgênero.
Exorcistas do Vaticano, filme que estreou ontem nos cinemas brasileiros, resgata tudo o que filmes sobre exorcismo “exigem” em seu checklist: uma jovem possuída por forças malignas, um padre exorcista enfrentando o maior mal que já existiu, corpos contorcidos, versos bíblicos, latim (para o lado do bem e para o do mal) e todo o circo que Hollywood vem nos mostrando nas últimas décadas.
O que tem ocorrido nos últimos tempos é a busca por uma reviravolta na trama que torne os longas vivos por mais tempo em nossa memória – “para que uma nova premissa se um plot twist resolveria tudo?”, é o que dizem alguns. Aqui, a tentativa fica por conta da possessão a la Walking Dead (o demônio que toma conta da protagonista a invade através de uma ferida no dedo). E o resto? O de sempre.
O que tem ocorrido nos últimos tempos é a busca por uma reviravolta na trama que torne os longas vivos por mais tempo em nossa memória.
Exorcistas do Vaticano narra a história de Angela Holmes (Olivia Taylor Dudley, de Chernobyl: Sinta a Radiação), que é possuída ao acidentalmente cortar seu dedo e, a partir disto, passa a agir de forma estranha, chegando a causar feridas em si e nos outros. Caberá, então, ao padre Lozano (interpretado por Michael Peña, de Atirador) e aos comandantes do Vaticano tentar exorcizar o demônio que, como de costume, será mais forte do que esperavam.
Mike Neveldine, diretor do longa, vinha em curva ascendente, empregando um estilo visual que chamava a atenção. Seus trabalhos, sempre em conjunto com Brian Taylor, não eram obras-primas, mas serviam como um bom entretenimento. Filmes como Adrenalina (2006) e Gamer (2009) são bons exemplos desta dobradinha.
Este é o primeiro trabalho de Neveldine sem o parceiro e, talvez por isso, a trama tenha ficado tão confusa e desorganizada, repleta de referências e insights já vistos em outros filmes, que aqui aparecem apenas para dar ênfase na brutalidade.
Provavelmente o longa sirva aos fanáticos pelo terror. Há sustos, há espíritos maus e há toda ‘grotesquice’ típica dos filmes do gênero. Há, ainda, a sensualidade assumida pela garota possuída, que manifesta seu desejo carnal quando tomada pelo mal. Um argumento que, além de batido, é machista e banal para um filme esquecível (e sofrível).
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