Fatah (Fatsah Bouyahmed) é, acima de tudo, um persistente. Ele é um pequeno agricultor que mora no vilarejo de Boulayoune, na Argélia. Por insistir há anos em participar do Salão de Agricultura de Paris, eis que, um dia, chega a correspondência oficial da comissão organizadora do evento. Fatah está convidado a integrar a lista dos expositores.
A alegria é gigantesca, mas casada com uma preocupação: todas as despesas de deslocamento são por conta do participante. Assim, ele tem que vencer os dois mil quilômetros que separam Boulayoune de Paris sem ter carro, pobre que é. Os moradores resolvem ajudar e eis que Fatah lança-se pela estrada com sua amada vaca carinhosamente chamada de Jacqueline.
Aqui está a base sobre a qual se estrutura essa agradável, leve e comovente história sobre perseverança, superação e gratidão chamada A Incrível Jornada de Jacqueline (2016). Até a costa da Argélia, onde pega o navio para atravessar o Mar Mediterrâneo e chegar a Marselha, na França, Fatah conta com o apoio de seus vizinhos, que o conduzem de carro. Quando desembarca em solo francês, no entanto, ele passa a depender do auxílio das pessoas que encontra pelo caminho, aqui e ali.
O filme mostra o quanto o protagonista é capaz de sensibilizar quem entra em contato com ele, graças às suas extremas simplicidade, bondade, espontaneidade e persistência.
O filme, dirigido por Mohamed Hamidi, mostra o quanto o protagonista é capaz de sensibilizar quem entra em contato com ele, graças às suas extremas simplicidade, bondade, espontaneidade e persistência.
Fatah participa de uma festa com direito a uma animadíssima versão em francês de “I Will Survive” interpretada por ele mesmo; encanta uma equipe de televisão após cair completamente por acaso em um protesto político organizado por agricultores franceses; e acaba criando uma bela amizade com um agricultor que, apesar de morar em um castelo, está em apuros financeiros. Esses são apenas alguns exemplos das muitas situações inusitadas pelas quais passa, enquanto sua história ganha os holofotes da mídia e bomba nas redes sociais.
O roteiro abre espaço para uma brincadeira feita pelo diretor usando o seu próprio nome. Quando o carteiro chega para entregar a correspondência que convidará oficialmente Fatah para participar do Salão de Agricultura, ele percebe que a maioria dos habitantes do vilarejo chama-se Mohamed. A Incrível Jornada de Jacqueline está mesmo cheio de piadinhas sutis como essa, mas capazes de entreter, tornando-se uma ótima dica de leveza em tempos difíceis de pandemia que parece não ter fim.
Trata-se, também, de uma clara homenagem ao filme A Vaca e o Prisioneiro, do diretor Henri Verneuil. Essa produção de 1959 conta a história de um preso de guerra francês na Alemanha que decide fugir para seu país de origem na companhia de uma vaca e, assim, atravessa toda a Alemanha.
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