• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Cinema

Revisitar ‘Os Infiltrados’ é preciso

Filme de 2006, que deu a Martin Scorsese o seu primeiro e único Oscar de melhor direção, 'Os Infiltrados' é um remake, mas traz todos os elementos que fazem do nova-iorquino um dos maiores cineastas vivos e em atividade.

porPaulo Camargo
10 de setembro de 2020
em Cinema
A A
Os Infiltrados, de Martins Scorsese

DiCaprio, Nicholson e Damon: 'Os Infiltrados' brinca os conceitos de herói e vilão. Imagem: Divulgação.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

É difícil acreditar que Martin Scorsese, autor de obras-primas incontestáveis, como Taxi Driver (1976) e Touro Indomável (1980), só venceu seu primeiro e único Oscar de melhor direção (e filme) em 2007, por Os Infiltrados, um trabalho derivativo, ou seja, baseado em outra produção, o policial chinês Infernal Affairs (2002), grande sucesso no mercado asiático, mas considerado um filme de gênero, comercial demais e sem o perfil que se espera de uma produção “oscarizável”.

O ótimo roteiro de Os Infiltrados, assinado por William Monahan, também premiado pela Academia, tratou de dar à história, antes maniqueísta e unidimensional demais, a complexidade que lhe faltava, a aproximando do universo temático-criativo de Scorsese. Catorze anos após seu lançamento, vale a pena revisitá-lo.

Ao contrário de Gangues de Nova York (2002) e O Aviador (2004), seus dois longas-metragens anteriores que haviam sido indicados ao Oscar, Os Infiltrados não tinha, pelo menos quando de seu lançamento, a pretensão de “reconstituir um capítulo importante da América” e ser aceito como cinemão classe A. Queria, sim, contar uma boa história que envolvesse, eletrizasse e instigasse o espectador a se manter na ponta da cadeira, tenso e ansioso por descobrir o desfecho da trama. Esses objetivos, aparentemente modestos mas difíceis de serem alcançados, são plenamente atingidos. E muito mais: Scorsese lembrou a todos como sabe fazer cinema e provou que não é fácil contar uma boa história.

Como em Os Bons Companheiros (1990) e, mais recentemente, O Irlandês (2019), Os Infiltrados também parte da subversão de um jovem que sonha com a ascensão social e o sucesso tão pregados pelo chamado sonho americano. Colin (personagem vivido na idade adulta por Matt Damon) é um garoto de classe média baixa, de ascendência irlandesa, que um dia cai nas graças de um dos maiores gangsteres de Boston, o maquiavélico Costello (Jack Nicholson). O mafioso o prepara, desde a adolescência, para que se torne um policial e, assim, possa atuar como agente infiltrado em nome do crime organizado. Um golpe de mestre, enfim.

A trajetória de Colin coincide, no entanto, com a insólita rota trilhada por outro personagem-chave do enredo. Billy (Leonardo DiCaprio), também descendente de irlandeses, tenta fazer o caminho inverso. Oriundo de uma família de bandidos e malfeitores, alguns ligados ao próprio Costello, o jovem deseja ingressar na polícia para limpar o nome da família, sobretudo de seu pai, um homem que jamais desejou se envolver com negócios escusos, mas foi sempre discriminado por ser honesto.

Scorsese volta a lidar com o universo da crise da masculinidade, dentro do qual os personagens, todos muito frágeis emocionalmente e sempre à beira de uma crise de identidade, fazem uso da violência como forma de resolução de conflitos e de autoafirmação.

Acontece que, enquanto Colin parece ser um tira acima de qualquer suspeita, Billy carrega o estigma de seu clã e desperta a desconfiança de seus superiores, que o submetem a uma prova de fogo: fazer-se passar por criminoso, ficar um tempo na cadeia, para depois tentar um lugar na gangue de Costello, com o objetivo de prendê-lo de uma vez por todas.

Duas faces de um mesmo espelho – no caso, a classe operária e imigrante da região ao sul de Boston – tanto Colin quanto Billy estão a serviço de uma trama que dialoga com a obra complexa de Scorsese.

Scorsese volta a lidar com o universo da crise da masculinidade, dentro do qual os personagens, todos muito frágeis emocionalmente e sempre à beira de uma crise de identidade, fazem uso da violência como forma de resolução de conflitos e de autoafirmação. Elementos como catolicismo (a escolha de enfocar a comunidade irlandesa não é gratuita) e os dilemas morais e éticos enfrentados pelos personagens principais são igualmente reincidentes dentro do conjunto da obra do cineasta nova-iorquino.

Enorme sucesso internacional de bilheteria, rendendo US$ 292,5 milhões ao redor do mundo, Os Infiltrados não tem o rigor estético de Touro Indomável ou a relevância sociocultural de Taxi Driver, mas, como esses dois filmes e Os Bons Companheiros, tem o trunfo de ser um filme com uma marca. A de Scorsese, que, finalmente, quebrou uma maldição de mais de 30 anos, desde que a academia não o indicou (acreditem ou não) pela direção de Taxi Driver.

ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA

Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: Crítica CinematográficaFilm ReviewInfernal AffairsJack NicholsonLeonardo DiCaprioMark WahlbergMartin ScorseseMatt DamonMovie ReviewO Irlandêsos bons companheirosOs InfiltradosOscarResenhaTaxi DriverTouro Indomável

VEJA TAMBÉM

Jeremy Allen White faz um Bruce Springsteen sem procurar imitá-lo, um acerto em meio a um filme problemático. Imagem: Bluegrass Films / Divulgação.
Cinema

‘Springsteen: Salve-me do Desconhecido’ é retrato em tom menor de “The Boss”

7 de novembro de 2025
Amy Madigan encarna a assustadora tia Gladys. Imagem: New Line Cinema / Divulgação.
Cinema

O terror do que não se explica em ‘A Hora do Mal’

4 de novembro de 2025

FIQUE POR DENTRO

A psicanalista Vera Iaconelli. Imagem: Folhapress / Reprodução.

Em ‘Análise’, Vera Iaconelli emociona ao deitar-se no divã para revisitar a própria vida

12 de novembro de 2025
Experiente em cobertura política dos Estados Unidos, David A. Graham detalha as estratégia da extrema direita para esfacelar a democracia. Imagem: PBS / Reprodução.

‘O Projeto’ esmiúça manual da extrema direita americana de desmonte da democracia

10 de novembro de 2025
Jeremy Allen White faz um Bruce Springsteen sem procurar imitá-lo, um acerto em meio a um filme problemático. Imagem: Bluegrass Films / Divulgação.

‘Springsteen: Salve-me do Desconhecido’ é retrato em tom menor de “The Boss”

7 de novembro de 2025
Criador e protagonista, Seth Rogen "desmoraliza" o sonho hollywoodiano. Imagem: Lionsgate / Divulgação.

Entre o riso e o caos, ‘O Estúdio’ desmascara a fábrica de sonhos

6 de novembro de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.