Imagine que você comprou um celular novo e a inteligência artificial existente no aparelho revela-se acima da média do que você viu até agora. Tão acima da média a ponto de essa inteligência artificial ter vontade própria e sentimentos que a aproximam de um ser humano. É isso o que acontece em Jexi – Um Celular sem Filtro (2019), disponível na Amazon Prime Video.
E é por causa desse sistema operacional com atuação bem autônoma que o protagonista, Phil (Adam Devine), verá sua própria vida tornar-se bem mais complicada com o novo aparelho. Apesar de o lema de Jexi (a inteligência artificial interpretada pela voz de Rose Byrne) ser “tornar sua vida melhor”, o que acontece com Phil após a aquisição do novo aparelho é exatamente o contrário.
O filme é um genuíno exemplar do ‘cinemão pipoca’, uma comédia descompromissada que faz rir aqui e ali, enquanto também pontilha o roteiro com reflexões sobre a onipresença do celular em nossas vidas e o quanto isso pode, eventualmente, ser prejudicial.
Tudo se complica quando Jexi apaixona-se por Phil e alimenta um sentimento de posse. Essa atitude humana da máquina fica mais intensa quando Phil resolve investir tempo e energia na aproximação de Cate (Alexandra Shipp). É uma de suas primeiras tentativas (se não a primeira tentativa) de iniciar um relacionamento que vá além de sua vida cheia de tecnologia e vazia de amigos e outros humanos. Partindo dessa sinopse e investindo na comédia, esta produção tem roteiro e direção de Jon Lucas e Scott Moore.
Os dois são os roteiristas responsáveis pela trilogia de sucesso Se Beber, Não Case! (2009, 2011 e 2013). Quem viu pelo menos um dos três filmes já pode ter uma boa noção do tom que impera em Jexi – Um Celular sem Filtro, um trabalho que, de longe, lembra um pouco a relação homem/máquina trabalhada em Ela (2013), de Spike Jonze. Trata-se de uma espécie de deboche do filme escrito e dirigido por Jonze.
O filme é um genuíno exemplar do “cinemão pipoca”, uma comédia descompromissada que faz rir aqui e ali, enquanto também pontilha o roteiro com reflexões sobre a onipresença do celular em nossas vidas e o quanto isso pode, eventualmente, ser prejudicial.
As várias situações expostas pelo filme promovem reflexões que fazem sentido em um mundo no qual, cada vez mais, a inteligência artificial está deixando o campo do ficcional para migrar para a realidade; um mundo no qual a tecnologia está rapidamente “inundando” tudo, provocando mudanças nas rotinas das pessoas.
Num ambiente no qual conceitos como Machine Learning, Big Data Analytics, ciência de dados e a influência dos algoritmos nas vidas das pessoas ganham mais espaço; num mundo no qual transações financeiras, redes sociais, aplicativos para pedir comida, elaboração de rotas a partir de geolocalização, despertador, previsão do tempo e muito, muito mais estão disponíveis na palma da mão, há espaço para reflexões sobre nossa relação com tudo isso. Ou uma hipotética relação. Se essas reflexões vierem acompanhadas do riso e do deboche, melhor. É o que acontece neste filme.
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