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‘Martin Eden’ é uma intrigante fábula político-existencial

Uma das principais atrações do 8 ½ Festa do Cinema Italiano Italiano deste ano, o premiado 'Martin Eden', baseado em obra homônima de Jack London, discute os abismos, por vezes intransponíveis, entre o proletariado e a elite.

porPaulo Camargo
3 de setembro de 2020
em Cinema
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Martin Eden, de Pietro Marcello

Por seu desempenho no papel-título de "Martin Eden", Luca Marinelli venceu o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza. Imagem: Divulgação.

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Uma sugestão para quem deseja acompanhar o 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que neste ano tem uma edição completamente online e gratuita para todo o público brasileiro, é começar a maratona pelo ótimo drama Martin Eden, de Pietro Marcello, um dos expoentes da nova geração de diretores do país peninsular europeu. O longa-metragem é uma adaptação livre do romance homônimo do cultuado escritor norte-americano Jack London (de Caninos Brancos) e transpõe a ação de São Francisco, na Califórnia, para Nápoles, sul da Itália.

As diferenças entre a história original e esta versão vão bem além da geografia, a começar pelo contexto histórico. No livro, a trama se desenvolve na virada do século 20, enquanto no filme ela se passa em períodos não muito identificáveis – por vezes, temos a sensação de trama se passar nos anos 1970, mas alguns anacronismos propositais nos levam a concluir do que o foco deve ser mais na jornada de seu protagonista do que no contexto histórico em que ela inserida.

O longa-metragem é uma adaptação livre do romance homônimo do cultuado escritor norte-americano Jack London (de Caninos Brancos) e transpõe a ação de São Francisco, na Califórnia, para Nápoles, sul da Itália.

Martin, vivido pelo excelente Luca Marinelli, vencedor do prêmio de melhor ator no Festival de Veneza, é um marinheiro e trabalhador braçal, que vive com a irmã Giulia (Autilia Ranieri) e o cunhado Bernardo (Marco Leonardi, de Cinema Paradiso). Sua vida começa mudar quando salva de uma briga o jovem Arturo Orsini (Giustiniano Alpi) e, como gesto de gratidão, é convidado pelo rapaz a ir a sua casa.

A família de Arturo vive num palacete, é abastada e culta. Martin sente-se como um peixe fora d’água, mas acaba se rendendo aos fascínios desse mundo estranho. A principal razão é a atenção que lhe é dada por Elena (Jessica Cressy), irmã de Arturo, que o apresenta ao mundo da literatura, da poesia, e o faz pensar que pode ter uma outra vida, se investir na prória educação. Nada será como antes a partir daí.

Martin se vê dividido entre dois sonhos: tornar-se escritor e conquistar de Elena. Ambos parecem utópicos, porque ele sequer completou o ensino primário e a jovem pertence a um outro mundo, muito distante do seu. O operário, no entanto, é determinado e, ao mesmo tempo, idealista. Desistir está fora de cogitação para ele, que não medirá esforços para educar-se, aprender a escrever e encontrar sua voz como autor. Paralelamente, ele, talvez ingenuamente, envolve-se em movimentos sindicais e socialistas, com os quais não consegue se identificar por completo. Como é essencialmente um individualista romântico, ainda que solidário, não consegue jamais pensar no coletivo. Sua jornada é o que lhe importa.

A narrativa do filme é dividida em dois momentos bastante distintos. No primeiro, Martin é um idealista que luta com determinação para escrever, e segue trabalhando como operário para pagar suas contas. Na segunda, após a publicação de um livro, O Apóstata, ele se transforma, inclusive fisicamente. O romântico se torna um cínico, arrogante em certa medida. É sobre essa mudança que trata o filme, a da perda da ingenuidade.

Martin Eden, publicado em 1909, é um dos romances mais densos de Jack London, por discutir questões profundas, existenciais. Talvez por conta disso, tenha permitido o deslocamento de sua trama para o sul da Itália sem qualquer prejuízo. O personagem-título é um sujeito bipartido: desprovido de privilégios de origem social, ele se descola da miséria, por conta de uma força de vontade gigantesca, mas ao alcançar o que tanto deseja, perde suas referências mais fundamentais e entra em rota de autodestruição. O filme, ao recriar essa história de forma criativa, é tão belo quanto perturbador.

SERVIÇO | 8 ½ Festa do Cinema Italiano

Os filmes poderão ser acessados diretamente no site do festival (www.festadocinemaitaliano.com.br) e por meio da plataforma Looke, sendo que para participar é só fazer um cadastro gratuito nos sites. O evento cinematográfico será realizado até 10 de setembro.

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Tags: 8 ½ Festa do Cinema ItalianoCrítica CinematográficaLuca MarinelliMartin EdenPietro Marcello

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