O longa Os Pássaros Estão Distraídos, filme de João Torres e Diogo Oliveira, é uma história sobre o tempo que não passa dentro de uma casa, um tempo anacrônico que será rompido, a mudança será necessária e o morador mais antigo da casa, o pai da família, sofre com a espera da partida.
O filme é uma realização autobiográfica do diretor Diogo Oliveira, que teve sua infância vivida neste espaço que agora se faz cinematográfico. Filmam-se de maneira sutil os conflitos que existem entre o filho e o pai. Diogo já não vive mais nesta casa, mas tem seu retorno no momento da fratura do tempo e do espaço. Ele volta para ajudar na mudança, na mesma casa vivem mundos diferentes, movimentam-se de maneira diversa, enquanto Diogo dança Madonna, José Mauro movimenta-se lentamente, quase não sai da cama.
Esta casa que está prestes a acabar, acolhe uma família que é sustentada pela empregada doméstica. Hilda, que mais parece a mãe da casa, mantém a rotina, cria o elo entre Diogo e José Mauro, é mais dona da casa do que qualquer outro; é a mais necessária e a mais querida por todos.
Apesar dos pressupostos à primeira vista serem instigantes, no filme nada acontece, mesmo que intencionalmente.
Apesar dos pressupostos à primeira vista serem instigantes, no filme nada acontece, mesmo que intencionalmente, o tédio se torna filmável, mas não se torna reflexivo, é o tédio pelo tédio, tornando-se desagradável e, de fato, entediante. O movimento circular da câmera, na intenção de mostrar corpos estáveis, de início pode parecer uma boa escolha estética, mas seu uso exaustivo faz com que se torne cansativo e angustiante.
Os pássaros estão distraídos é um filme sobre barreiras construídas pelas paredes e objetos imóveis da casa, tornando o filme também imóvel, o elo que não existe entre as coisas da casa também não existe entre o olhar da câmera e o espectador. A câmera que parece buscar um olhar reflexivo das coisas, apenas mostra essas coisas.
Os Pássaros Estão Distraídos tem mais uma exibição, hoje, às 21h30, no Espaço Itaú.
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