O prólogo de Pantera Negra: Wakanda para Sempre é poderoso do ponto de vista emocional e cinematográfico. O país fictício africano sofre com a morte prematura de seu rei – e herói T’Challa-, vivido no longa-metragem original pelo ator norte-americano Chadwick Boseman, que faleceu em 2020, vítima de câncer no intestino. O luto que toma conta do filme é também um pouco nosso.
Quem sobe ao trono é a rainha Ramonda (Angela Bassett), mãe do Pantera Negra, que no início do longa-metragem faz uma visita a um conselho da ONU em Bruxelas, onde profere um discurso contundente contra as nações (Estados Unidos, França, entre outras), que querem colocar as mãos no vibranium, poderoso metal que só Wakanda possui.
A monarca é acompanhada por um exército de mulheres – essa imagem é bastante emblemática, porque, neste segundo episódio da franquia Pantera Negra, são elas as donas do pedaço que comandam a narrativa.
Embora Ryan Coogler, que volta a franquia como diretor, faça um bom trabalho mais uma vez, Pantera Negra: Wakanda para Sempre tem um calcanhar de Aquiles: o roteiro.
Wakanda tornou-se um reino de mulheres, onde a cultura ancestral divide espaço com a tecnologia. Nessa dobra, talvez a personagem mais significativa seja Shuri, irmã mais jovem do rei morto, que domina a ciência, mas também preza suas raízes, honrando a tradição do seu país. Vivida pela atriz Letitia Wright, natural da Guiana Inglesa, ela assume protagonismo na trama, ao lado da mãe.
Quem vai desafiar essa dominação, em um primeiro momento, por força das circunstâncias, é um homem: Namor (o mexicano Tenoch Huerta), personagem que faz sua entrada no MCU, universo da Marvel, não mais como monarca do reino de Atlântida.
Ele agora é o príncipe de um domínio nas profundezas oceânicas, fundado no início no século 16, quando a América Central é invadida pelos europeus – sua narrativas, portanto, também ganha significado geopolítico, ao discutir temas como colonização e povos originais do continente americano.
Com Namor, vem a notícia de que Wakanda não é o único lugar a possuir o vibranium. O metal também pode ser encontrado nas profundezas do oceano. A trama de Pantera Negra: Wakanda para Sempre se desenvolve, dessa forma, em torno da disputa por esse recurso natural, que é insuflada pelas potências ocidentais.
Os Estados Unidos estão, no fundo, por trás da busca pelo domínio do mineral, como forma de garantir a sua hegemonia no planeta. Caberá a Wakanda e a Namor chegarem a um acordo de como utilizar o vibranium, para evitar que o metal seja usado como arma de destruição. Mas não é o que ocorre, e ele e Shuri irão medir forças em boa parte do filme. Para isso, a cientista deverá se tornar uma guerreira e, talvez, algo mais.
Embora Ryan Coogler, que volta a franquia como diretor, faça um bom trabalho mais uma vez, Pantera Negra: Wakanda para Sempre tem um calcanhar de Aquiles: o seu roteiro. O filme, apesar de seus méritos técnicos, é longo demais e traz uma narrativa truncada e, por vezes, confusa até, que é compensada, em parte, pelos belos visuais e pelas competentes sequências de ação, ainda que em número excessivo.
No quesito representatividade, o filme segue marcando muitos pontos e deixa as portas de Wakanda abertas para novos filmes – não deixe de assistir à cena escondida no meio dos créditos, que vai além da habitual brincadeira das produções do MCU.
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