O fato de ser dirigido por Matthew Weiner, criador da cultuada série Mad Men, fez com que a expectativa em torno da comédia Para o Que Der e Vier fosse imensa antes de seu lançamento. Mas o filme, que mal conseguiu distribuição nos cinemas norte-americanos, decepcionou a crítica e o público, que não entenderam muito bem aonde o longa-metragem pretendia chegar. Essa recepção gélida tem a até sua razão de ser, já que a produção apresenta visíveis problemas de ritmo e não entrega o que aparenta prometer.
Ao reunir no elenco três grandes nomes da comédia na atualidade, Owen Wilson (de Meia-noite em Paris), Zack Galifianakis (da trilogia Se Beber, Não Case) e Amy Poehler (do seriado Parks and Recreation), o filme deveria, em tese, ser muito engraçado. Embora seja, tecnicamente, uma comédia dramática, não é um daqueles filmes que provocam riso fácil. Pelo contrário: o humor é sempre acompanhado de um certo desencanto (marca registrada de Mad Men) , o que pode ter desapontado os fãs mais genéricos dos atores. Mas, dependendo do ponto de vista de quem assiste à produção, essa quebra de expectativas pode até ser interpretada como uma qualidade, como um ato de coragem de Weiner.
Owen Wilson vive o papel de Steve Dallas, o “homem do tempo” de um telejornal popular que chegou a uma espécie de encruzilhada em sua vida. Gasta tudo o que ganha com aventuras amorosas sem consequências, que ele acumula apenas com o propósito de alimentar a sua frágil autoestima. O melhor amigo de Dallas, Ben Baker (Zack Galifianakis) não está em situação muito melhor. É um sujeito à deriva, que abraça causas alternativas e deplora o excesso de materialismo que julga reinar no mundo.
Embora seja, tecnicamente, uma comédia dramática, não é um daqueles filmes que provocam riso fácil.
Tudo começa a mudar na vida de Baker, e indiretamente na de Dallas, quando o pai do primeiro morre e lhe deixa uma inesperada e volumosa herança, que pode transformar a vida dos dois amigos. Há entre eles um pacto de que sempre estarão juntos, para o que der e vier, como diz o título em português do filme. Como antagonista, eles têm a ambiciosa e insatisfeita irmã de Ben, Terry (Amy Poehler, subutilizada), preterida no testamento.
Com uma trama algo frouxa, mais preocupada com os personagens do que com a narrativa propriamente dita, o filme de Weiner é irregular, porém marca pontos ao fugir dos paradigmas mais habituais desse tipo de história, que dificilmente escapa da tentação de desembocar em um desfecho redentor e fechado. Há um visível desejo do roteiro de não cair nessa armadilha, optando por um bem-vindo e inesperado realismo.
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