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‘República dos assassinos’: a ruptura da masculinidade em drama novelesco policial dos anos 70

'República de assassinos' subverte a narrativa policialesca comum ao apresentar personagens complexos em trama de violência, corrupção e vingança.

porValsui Júnior
28 de novembro de 2018
em Cinema
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‘República dos assassinos’: a ruptura da masculinidade em drama novelesco policial dos anos 70

Imagem: Reprodução.

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Difícil caracterizar um cinema brasileiro dos anos 1970 sem deixar de lado os dramas policiais. Neste hall, encontra-se o filme de Miguel Faria Júnior, baseado no romance homônimo de Aguinaldo Silva República dos assassinos (1979).

Retrato de sua própria época da produção cinematográfica brasileira, recheado de representações caricaturais e por uma objetificação da mulher pela objetificação em si (um prelúdio de pornochanchada), o longa-metragem de Miguel, no entanto, destaca-se pela hibridez temática e por seus personagens complexos.

Estrelado por Tarcísio Meira no papel do “machão” policial, o famoso Mateus Romeiro, uma de suas amantes, Marlene (Sandra Bréa), e a protagonista Eloína (Anselmo Vasconcelos), uma travesti, uma das marcas do filme é justamente a quebra da ruptura de uma masculinidade normativa em pleno período de ditadura militar.

No longa-metragem, Mateus é um dos líderes de um grupo de elite (os “Homens de Aço”, como a mídia na época os chamariam) de policiais que tem o único objetivo de exterminar bandidos. O grupo é secretamente apoiado por um político dono de um jornal (José Lewgoy), envolvido em um esquema de corrupção com demais criminosos ao longo de uma mafiosa jornada em torno do crime no Rio de Janeiro. A narrativa gira em torno do julgamento de Mateus, uma figura controversa: herói justiceiro ou corrompido pelo sistema?

Dentre as testemunhas, todas apresentadas por um narrador onipresente, está Marlene das Graças, ex-mulher do policial que se manifesta apresentando seu lado da história: o herói que aparecia nas manchetes de jornal era, na verdade, um homem violento que a abandonou no minuto que descobriu que teria um filho dele.

Arrasada, Marlene entra em uma seita religiosa e confessa os feitos do ex-marido. Outra testemunha, a filha do político que apadrinhou Mateus, Regina (Sylvia Bandeira). Apaixonada pelo policial-estrela, acabou se envolvendo nos esquemas de corrupção de Mateus mesmo sob os conselhos do pai de que não deveria se envolver com o esbirro.

‘República dos assassinos’ transcende a narrativa policialesca comum: é também sobre amor e vingança do oprimido

Desiludida com o destino que levaria ao fim do policial, Regina o entrega para os capangas que o procuravam. Longe de toda a corrupção que era tramada em torno dos grandes nomes e das manchetes de jornal estava a travesti e performer Eloína, cuja história era bem diferente das outras mulheres.

Havia vivido um ávido romance com Carlinhos (Tonico Pereira) e, entre um trambique e outro que aplicavam em homens encantados com a beleza da travesti, viveram um relacionamento juntos.

Carlinhos, no entanto, envolveu-se no universo do crime e virou alvo de Mateus, sendo eliminado pelos Homens de Aço logo em seguida. O fato, que se dera anos antes, nunca saiu da mente de Eloína, que teve de conviver com o luto de seu companheiro.

Ao final da narrativa, o elo que une todas as testemunhas é um jornalista Jarbas Teixeira (Camilo Bevilaqua), investigador da história de Mateus e dos demais Homens de Aço. Como todo drama policial que se preze — ou, ao menos, os mais folhetinescos do período — a trama insere muito bem a corrupção de todos os poderes: seja do midiático, do policial ou do político.

Entra nesse tempero, no entanto, um fator preponderante: o da subversão. Ora, se o anti-herói, interpretado pelo novelesco Tarcísio Meira, é representado por um espectro da masculinidade (o homem bruto, carrasco, galante), existe o outro lado (o do oprimido da sarjeta), e nele está a travesti Eloína.

“O senhor não está aqui para ouvir coisas escabrosas?”, diz Eloína em seu testemunho no tribunal. “Mas, doutor, olhe bem para mim… Eu sou uma coisa escabrosa!”, reitera.

República dos assassinos tem um certo populismo folhetinesco e caricatural em sua narrativa, porém a personagem de Eloína subverte completamente o drama policial comum: nela se encontra a verdadeira heroína e justiceira da trama, e não no papel do galã de novela.

Mesmo que de maneira caricata — aqui se tem o desconto do anacronismo, visto que nesse período pautas e discussões sobre gênero e sexualidade ainda eram muito escassas — República dos assassinos subverte e se torna trama complexa sobre amor, corrupção, violência e vingança por luto tardio.

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