Filmes com Bill Murray já foram certeza de bons momentos passados frente à tela do cinema. Longas como Feitiço do Tempo (1983), Os Excêntricos Tenenbaums (2001) e Encontros e Desencontros (2003) ficaram marcados na memória do público. Entretanto, as últimas empreitadas do ator norte-americano são dignas de esquecimento, entre elas Rock em Cabul, comédia que estreou ontem nos cinemas nacionais.
Em Rock em Cabul, Murray interpreta Richie Vance, um empresário da indústria da música que vive um período decadente. Sua forma de levar a vida é explorar pessoas sem qualquer talento que sonham se tornar astros. Ronnie (uma perdida Zooey Deschanel), sua assistente, é uma das agenciadas, talvez a única que realmente possua chances de fazer sucesso. Durante uma apresentação de Ronnie, Richie recebe uma proposta para levá-la até o Afeganistão, para que possa se apresentar para as tropas do Exército norte-americano.
Ansioso pelo retorno financeiro que pode vir desta aventura, ele aceita o convite sem nem consultar a personagem de Zooey. A confusão já começa no voo até Cabul, quando Ronnie descobre onde será o show e acaba entrando em pânico. Ao chegar no Afeganistão, a situação piora, até que ela pega todo o dinheiro e o passaporte de Richie, deixando-o sem ter o que fazer no meio da guerra no país asiático.
Privilegiando piadas que evidenciam uma representação caricata e estereotipada do mundo islâmico e muçulmano, o filme derrapa a todo momento por caminhar em uma linha tênue entre o humor e o preconceito.
A partir deste momento uma sequência de trapalhadas começa a rolar em cena. Ele precisa arranjar condições para retornar aos Estados Unidos, sendo que não consegue sem os documentos, não conhece ninguém, não tem dinheiro e, ainda por cima, fica responsável por quitar uma dívida que Ronnie contraiu com o mercenário Bombay Brian, interpretado por um Bruce Willis que, com muito esforço, consegue ser o alívio cômico à trama. Nesta jornada, acaba ganhando a ajuda de Riza (o ator iraniano Arian Moayed), um taxista apaixonado pela cultura norte-americana e que fala muitíssimo mal o inglês.
Dirigido por Barry Levinson (de Sleepers – A Vingança Adormecida e O Último Ato), é no roteiro que Rock em Cabul encontra seus maiores problemas. Privilegiando piadas que evidenciam uma representação caricata e estereotipada do mundo islâmico e muçulmano, o filme derrapa a todo momento por caminhar em uma linha tênue entre o humor e o preconceito. É possível apontar ao diretor a incapacidade em retirar o melhor de seu elenco, já que a dupla de astros Bill Murray e Zooey Deschanel parecem preguiçosos, se arrastando nas cenas, um tanto desinteressados. Até Kate Hudson, que parece ter sido escolhida para interpretar uma femme fatale, está blasée em cena.
Para um filme com esse time, Willis ser o ponto alto é um bom sinal de que algo não saiu muito bem. Em tempo: a atuação do iraniano Moayed também é digna de menção. Apesar de estar em um papel excessivamente estereotipado, ele tira leite de pedra e salva muitas das cenas em que está com Murray. Ainda assim, é pouco para Rock em Cabul.
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